O promotor Francisco Assis Santiago, que provavelmente ser� o representante do Minist�rio P�blico respons�vel pela avalia��o do caso, antecipou que deve manter a linha do inqu�rito policial e denunciar por homic�dio com dolo eventual parte dos envolvidos. Em caso de aceita��o, os acusados v�o a j�ri popular. “Houve imper�cia na constru��o do viaduto, resultando na morte de duas pessoas.” Os representantes dos �rg�os p�blicos e empresas que tiveram seus funcion�rios indiciados se manifestaram por nota, informando que n�o v�o comentar a conclus�o do inqu�rito policial, por desconhecerem o teor das investiga��es.
A construtora Cowan, respons�vel pela obra, alegou que n�o teve acesso ao relat�rio, mas destacou que “tem total confian�a em seus empregados, incluindo aqueles mencionados no relat�rio”. O engenheiro Maur�cio Lana, propriet�rio da Consol, empresa projetista, indiciado com seus funcion�rios, n�o comentou as investiga��es. “Eu n�o vou comentar, pois me reservo ao direito de tomar conhecimento do inqu�rito como um todo. Fui indiciado porque sou o respons�vel t�cnico da Consol. � claro que eu vou me defender com advogado.”
Filipe de Ara�jo Lima e Ferreira, advogado da fam�lia de um dos mortos, Charlys Frederico Moreira do Nascimento, disse que vai cuidar das quest�es relativas � a��o c�vel. “Agora, o passo l�gico � a gente entrar com a��o pedindo ressarcimento pelos danos causados pelo munic�pio e pelas empresas Cowan e Consol. Eles t�m responsabilidade solid�ria”, afirmou. “A fam�lia fica aliviada que o trabalho da pol�cia tenha sido feito e agora cabe ao Minist�rio P�blico dar andamento”, completou.
Marcela Ara�jo, advogada da fam�lia de Hanna Cristina Santos, tamb�m morta no desastre, diz que o resultado preliminar � satisfat�rio e que prepara uma a��o c�vel. “A fam�lia est� revoltada com a informa��o de que a prefeitura tinha informa��es de falha no projeto. As pessoas sabiam e nada foi feito.”
A m�e de Hanna, Analina Soares Santos, criticou os engenheiros indiciados. “Foram avisados e mandaram tocar a obra por causa da Copa do Mundo. Tinham data para entregar. Espero em Deus que sejam condenados e paguem pelo que fizeram. Acabaram com minha fam�lia e com a do outro rapaz”, desabafou. “Mas s� vou ter al�vio se receber a not�cia de que est� todo mundo na cadeia.”
Segundo o delegado Hugo e Silva, nos depoimentos os indiciados foram un�nimes em afirmar que n�o tinham capacidade t�cnica para fazer revis�o do memorial de c�lculos. No entanto, ele sustenta que, ainda que n�o tivessem tal capacidade, “poderiam e deveriam ter agido diante da not�cia de erros graves. “Eram erros f�ceis de ser detectados”, concluiu.

Inqu�rito � al�vio para moradores
Moradores dos Condom�nios Antares e Savana, vizinhos ao Viaduto Batalha dos Guararapes, veem o resultado do inqu�rito policial como al�vio para uma ang�stia que j� dura 10 meses. De acordo com a advogada que os representa, Ana Cristina Campos Drumond, a apura��o � um passo importante para a puni��o dos respons�veis pela queda e pela repara��o da s�rie de transtornos que os cond�minos sofreram com o desabamento. “A classifica��o de dolo eventual � o que a gente esperava. O inqu�rito foi muito bem elaborado e n�o vai permitir brechas para deixar os culpados impunes”, afirmou a defensora.
Segundo Ana Cristina, o relat�rio vai compor as pe�as com pedido de indeniza��o que devem passar de 100 processos individuais. “A queda do viaduto foi um processo de aprisionamento de vidas. Esses moradores passaram mais de tr�s meses convivendo com transtornos. Sem contar o per�odo de obras e o inc�modo de ter uma estrutura daquela natureza bem ao lado de suas janelas”, diz a advogada. Ela afirma ainda esperar que a experi�ncia seja capaz de mostrar � Prefeitura de Belo Horizonte que a popula��o precisa ser ouvida no processo de realiza��o de obras na cidade. E lembra: “N�o queremos mais ouvir a triste frase dita pelo prefeito, de que acidentes acontecem. Isso n�o foi um acidente”, conclui. (VL)