(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Promessa do BRT de amenizar engarrafamentos em BH ainda n�o foi cumprida

Um ano ap�s a implanta��o do BRT/Move, redu��o em engarrafamentos de BH nos hor�rios de pico foi apenas residual. BHTrans n�o comenta o assunto. Especialista defende pacote de obras


postado em 19/05/2015 06:00 / atualizado em 19/05/2015 07:15

Mesmo com os corredores especiais na Avenida Cristiano Machado, alívio nas pistas mistas praticamente não foi sentido pela maioria dos motoristas: estudioso observa limitação no uso do sistema público(foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS )
Mesmo com os corredores especiais na Avenida Cristiano Machado, al�vio nas pistas mistas praticamente n�o foi sentido pela maioria dos motoristas: estudioso observa limita��o no uso do sistema p�blico (foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS )

Prometida como um dos benef�cios da implanta��o do BRT/Move, a melhora do tr�nsito de Belo Horizonte foi t�mida depois de um ano de funcionamento do sistema na compara��o com os 12 meses anteriores. De acordo com dados do sistema de mapeamento on-line do site Maplink feito a pedido do Estado de Minas, a m�dia de engarrafamentos nos hor�rios de pico, entre 7h e 9h e entre 17h e 19h, caiu apenas 3,4% no per�odo de funcionamento do BRT/Move, baixando de uma m�dia de 89 quil�metros para 86. Um resultado modesto frente ao volume investido, da ordem de R$ 1 bilh�o. Mais ainda, se for considerado que antes do Move muitas vias de BH estavam em obras para implanta��o do sistema e os poucos corredores exclusivos de �nibus tinham sido ocupados pelos canteiros, direcionando os �nibus para as vias de circula��o comum.

V�rias vezes a empresa de transporte e tr�nsito de BH indicou que a simples implanta��o do Move melhoraria o tr�fego. No site da BHTrans sobre o BRT/Move, est� destacada a informa��o de que a “retirada dos �nibus metropolitanos e municipais das pistas mistas” far� com que “a circula��o de ve�culos melhore bastante e possibilite mais fluidez ao tr�fego”. A empresa chegou a declarar que “na �rea central houve uma concentra��o dos �nibus na regi�o da Paran� e Santos Dumont, aliviando, por exemplo, outras �reas do Centro que recebiam um grande volume de linhas”.

A redu��o de fato ocorreu, mas sem o desafogo previsto. De acordo com a BHTrans, no trecho entre a Avenida Portugal e o Anel Rodovi�rio, por exemplo, o n�mero de �nibus que circulam durante o hor�rio de pico pela manh� antes do Move caiu de 290 para 14. Entre o Anel Rodovi�rio e a Lagoinha, de 354 para 78. J� nas pistas mistas da Avenida Cristiano Machado o volume de �nibus municipais era de 293 e agora � de 135.

Na Avenida Ant�nio Carlos, por exemplo, a redu��o de �nibus por hora nos momentos de pico chegou a mais de 90%, e, na Cristiano Machado, a mais de 50%. A organiza��o em corredores exclusivos e a alimenta��o das esta��es teria feito cair o tempo das viagens na Avenida Ant�nio Carlos de 75 minutos para 40 (– 46,7%) e, na Avenida Cristiano Machado, de 35 minutos para 20 (– 42,9%). O Move transporta cerca de 500 mil usu�rios por dia e conta hoje com uma frota de 450 ve�culos, entre �nibus articulados e os do tipo padron.

Para o doutor em Engenharia de Transportes e diretor da consultoria Imtraff, Frederico Rodrigues, o pequeno impacto na redu��o do tr�fego era esperado. “O Move n�o necessariamente melhoraria o tr�nsito, pois sua implanta��o n�o pressup�e que os usu�rios de carros v�o migrar para os �nibus. Isso leva tempo e amadurecimento de uma cultura. Al�m disso, o sistema n�o � t�o capilar. N�o leva a toda cidade”, afirma. Segundo Rodrigues, acabar com engarrafamentos � uma tarefa dific�lima. Para fazer um comparativo, ele cita Belo Horizonte, onde 55% das pessoas utilizam o transporte coletivo, e Nova York, onde o �ndice � de 91%. “Nas duas cidades o que vemos nas vias durante o hor�rio de pico? Engarrafamentos. A diferen�a, ent�o, � que em Nova York voc� tem op��es p�blicas de chegar mais r�pido aos seus destinos, seja pelo metr� ou outros sistemas”, exemplifica. Esse fen�meno se explica pelo equil�brio din�mico da oferta e demanda, de acordo com o especialista. “Se voc� migra em grande quantidade para o sistema p�blico, as ruas ficam mais vazias e se torna mais interessante usar o carro do que um metr� lotado. Com isso, em pouco tempo as vias urbanas voltam a ficar congestionadas. A tend�ncia � sempre ter um equil�brio”.

A BHTrans informou, por meio de nota, que n�o comentaria o estudo da Maplink por n�o ter conhecimento dos detalhes do levantamento, mas tamb�m n�o apresentou informa��es sobre o impacto do Move na fluidez do tr�fego desde a sua implanta��o. A nota diz ainda que a principal miss�o do Move � “incentivar o uso do transporte coletivo. O objetivo � garantir um servi�o de maior qualidade e aumentar a atratividade do sistema para o usu�rio do ve�culo privado e assim melhorar a mobilidade urbana na capital, priorizando o transporte coletivo e garantindo uma cidade melhor e mais sustent�vel”.

Na Avenida Antônio Carlos, o tempo de viagem foi bastante reduzido para os ônibus, mas efeito entre os carros foi mínimo(foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS - 9/12/14 )
Na Avenida Ant�nio Carlos, o tempo de viagem foi bastante reduzido para os �nibus, mas efeito entre os carros foi m�nimo (foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS - 9/12/14 )

Liberar o Centro e o Anel, as prioridades


Guilherme Paranaiba

Enquanto a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e o governo estadual n�o desengavetarem projetos como o Programa de Estrutura Vi�ria de Belo Horizonte (Viurbs), lan�ado em 2008 e apelidado de “Corta caminhos”, e o Contorno Metropolitano Norte, que desafogaria o Anel Rodovi�rio ao implantar um rodoanel ligando Betim a Ravena, a tend�ncia � de que problemas cr�nicos de tr�nsito continuem a atormentar quem circula pelas ruas e avenidas da cidade. Na avalia��o de Frederico Rodrigues, o BRT/Move ainda n�o se mostrou como solu��o para o tr�fego intenso da cidade, principalmente depois de o sistema de transportes ter levado a uma redu��o de apenas 3,5% em um ano de funcionamento. “Em BH temos um grande problema com o tr�fego de passagem. Metade dos ve�culos que chega ao Centro da cidade n�o tem aquela regi�o como destino, mas n�o tem outra op��o de caminho. Isso, nem o Move poderia melhorar”, avalia.

O Viurbs � um conjunto de propostas que prev� 148 interven��es para criar alternativas transversais de tr�nsito de uma regi�o a outra, descongestionando o Hipercentro. Atualmente, a maioria dessas a��es se encontra em fase de elabora��o de projetos. O Contorno metropolitano Norte ser� revisado e por isso n�o come�a ainda neste ano.

Nas ruas de Belo Horizonte, a percep��o de quem transita pelas vias destinadas aos carros, motos e demais ve�culos que n�o podem usar as faixas exclusivas do Move � de que n�o h� motivos para comemorar. O engenheiro civil Luiz Carlos Teixeira, 55 anos, diz que n�o percebeu nenhuma melhoria no �ltimo ano. As ruas e avenidas continuam travadas pelo excesso de carros aliados ao pouco espa�o para circula��o, segundo ele. “Eu penso que Belo Horizonte n�o tem jeito. A impress�o que tenho � de que, para quem anda de carro, a situa��o pode at� ter piorado. Com a implanta��o do Move, a BHTrans aumentou o n�mero de faixas exclusivas e, consequentemente, reduziu o espa�o dos outros ve�culos, que j� era pequeno”, afirma o engenheiro.

Para o tamb�m engenheiro civil Humberto Guimar�es Bernardes, 61, � fato que muitas obras foram viabilizadas, mas o tr�fego continua travado. “N�o vejo melhorias para quem anda de carro. O problema � que o planejamento � pensado de uma forma diferente do que acontece um ano depois, por exemplo, quando j� devem ter entrado em circula��o mais 50 mil ou 60 mil carros em BH”, diz ele. O engenheiro acrescenta que n�o restam d�vidas das melhorias para quem depende dos �nibus que transitam pelos corredores exclusivos e sugere algumas situa��es que poderiam aliviar a vida de quem depende do carro na rotina do tr�nsito. “Na Avenida Ant�nio Carlos, por exemplo, voc� v� que sempre est� muito agarrado pela quantidade de sem�foros. Todo local de esta��o do BRT tem que ter um sinal para o pedestre atravessar. Se tivesse passarela, certamente reduziria a quantidade de paradas”, completa.

Quem precisa dos �nibus municipais do Move em BH elenca as melhorias, mas tamb�m aponta problemas. No grupo das vantagens citadas pelo frentista Joel Rosa Bueno, 34, que trabalha em um posto de gasolina na Ant�nio Carlos, bem perto da Esta��o de Integra��o Pampulha, a principal mudan�a � a maior agilidade. “Antes do Move tinha dia que meu �nibus gastava 40 minutos para conseguir entrar no Centro. Agora, ele vai ligeiro pelas pistas de concreto da Ant�nio Carlos e em pouco mais de dois minutos sai da Lagoinha e chega � Avenida Santos Dumont”, descreve. Por outro lado, o problema da lota��o dos coletivos continua. “Em hor�rio de pico parece que estamos entrando em latas de sardinha”, critica Bueno. (com MP)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)