
O acidente com o avi�o bimotor King Air prefixo PR-AVG, que matou tr�s ocupantes ao cair na tarde de domingo na Rua S�o Sebasti�o, no Bairro Minasl�ndia, Regi�o Norte de Belo Horizonte, exp�e o perigo constante que sobrevoa os vizinhos do aeroporto da Pampulha e amea�a tamb�m quem voa em pequenas e grandes aeronaves na regi�o. Com 12 desastres a�reos registrados em Minas Gerais apenas no ano passado – m�dia de um por m�s, dois deles com mortes –, a �ltima queda, seguida de explos�o, reacendeu o alerta entre os moradores que vivem perto do terminal, no qual s�o operados 17 voos comerciais por dia, em m�dia, e 125 por semana, segundo a Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac).
“A probabilidade de cair um avi�o perto do aeroporto � muito maior”, afirma o diretor de Meio Ambiente da Associa��o dos Moradores dos Bairros S�o Lu�s e S�o Jos� (Pr�-Civitas), F�bio Souza Melo, ressaltando o fato de os principais problemas serem registrados durante pousos e decolagens. De fato, de acordo com relat�rio elaborado pelo Centro de Investiga��o e Preven��o de Acidentes Aeron�uticos (Cenipa), que avaliou todos os desastres a�reos ocorridos entre 2004 e 2013, a maior parte das ocorr�ncias graves no per�odo foi registrada na fase de chegadas dos avi�es (27,11%), seguida das partidas (15,03%), inclu�das as corridas iniciais, como ocorreu no caso de domingo.
Ainda segundo o estudo do Cenipa, o julgamento precipitado ou errado do piloto � respons�vel por 15,64% dos desastres aeron�uticos. Ontem, integrantes do Cenipa come�aram a investigar o acidente de domingo, para determinar se falha humana, mec�nica ou combina��o de fatores provocou o desastre. Uma das quest�es a serem investigadas � em que condi��es ocorreu a decolagem, j� que se suspeita de que tenha sido adotada uma manobra pouco comum pelo comandante.
RESTRI��O
Minas aparece no relat�rio do Cenipa como o quinto estado com maior n�mero de acidentes do tipo nos 10 anos avaliados. Descrente quanto � possibilidade de eliminar o risco de a vizinhan�a da Pampulha aumentar essa estat�stica, o representante da Pr�-Civitas diz ser necess�rio pelo menos impedir o aumento do n�mero de voos no terminal. Como n�o acredita na desativa��o do aeroporto – medida considerada por ele ideal –, Melo defende tamb�m que se restrinja a possibilidade de opera��o de aeronaves de grande porte. “Trazer mais voos � uma situa��o perigosa. Ainda mais com o adensamento da regi�o nos �ltimos anos”, alerta.
No m�s passado, uma altera��o na configura��o da malha a�rea da companhia Azul j� havia reaquecido as discuss�es sobre os riscos do terminal da Pampulha. A empresa a�rea passou a operar os voos para o interior em Confins, enquanto os voos para outras capitais foram transferidos para o aeroporto da capital. De imediato, a Gol tamb�m tentou retomar seus voos na Pampulha, o que foi vetado. “O aer�dromo n�o disp�e de infraestrutura suficiente para operar o tipo de aeronave solicitada � Anac (Boeing 737). Desta forma, para que a restri��o seja retirada, o operador precisa comprovar infraestrutura compat�vel para os tipos de modelos de aeronaves solicitadas”, disse comunicado da Anac.
Como a Gol diz poder operar aeronaves de grande porte “tranquilamente” a partir da Pampulha, bastaria a apresenta��o de estudos para a libera��o dos voos. Para o coordenador do curso de ci�ncias aeron�uticas da Universidade Fumec, Deusdedit Carlos Reis, dizer que n�o h� risco na opera��o da Pampulha n�o � verdade. Mas ele acrescenta ser um “risco reduzido, principalmente se comparado com os benef�cios trazidos pelos voos”.
PPP
A reestrutura��o da Pampulha � uma proposta da Prefeitura de Belo Horizonte. Para isso, o prefeito Marcio Lacerda negocia com a Infraero uma parceria p�blico-privada, em projeto que prev� tamb�m a desativa��o do aeroporto do Carlos Prates, na Regi�o Noroeste da capital. No lugar, seriam constru�dos empreendimentos imobili�rios. O dinheiro arrecadado com a venda do terreno seria usado em melhorias no terminal da Pampulha. A prefeitura alega que os recentes acidentes colocam em xeque a seguran�a do Carlos Prates. Entre outubro e dezembro do ano passado foram quatro quedas de avi�es que decolaram no aer�dromo. O governo estadual tamb�m defende a retomada de voos para outras capitais na Pampulha. Em ambos os casos, a posi��o � favor�vel somente a aeronaves de m�dio porte.
O diretor da Aircon, empresa voltada para consultoria em avia��o civil, brigadeiro Allemander Pereira – tamb�m ex-diretor da Anac – diz ser preciso observar com “muita aten��o” a situa��o de aeroportos localizados em �reas urbanas adensadas, como Congonhas, Santos Dumont e Pampulha. Ele classifica como “seri�ssima” a situa��o de Congonhas. Mas diz n�o ser t�o preocupante o caso do aeroporto mineiro, devido � restri��o a aeronaves de grande porte. A limita��o, segundo ele, reduz a quantidade de combust�vel usado; limita o n�mero de passageiros e diminui a extens�o da pista necess�ria para pouso e decolagem, o que aumenta a margem de seguran�a. Outra medida poss�vel para ampliar a seguran�a � a ado��o de requisitos m�nimos para o piloto operar no aeroporto, como a exig�ncia de m�nimo de horas de voo para determinadas condi��es.