Cenipa investiga se piloto de bimotor que caiu em BH realizou manobra arriscada

Uma manobra arriscada de decolagem est� na mira da investiga��o da trag�dia com o avi�o que caiu e matou tr�s pessoas no domingo. T�cnicos do Servi�o Regional de Investiga��o e Preven��o de Acidentes (Seripa III), �rg�o que integra o Centro de Investiga��o e Preven��o de Acidentes Aeron�uticos (Cenipa), analisar�o imagens e outros dados sobre os �ltimos momentos em que o avi�o bimotor King Air – prefixo PR-AVG – esteve no ar, para apurar se o piloto Emerson Thomazini executou uma decolagem diferente da habitual.

A hip�tese de que ele tenha feito uma sa�da do solo no estilo “manobra americana” foi levantada depois que testemunhas e pilotos ligados � torre de comando do aeroporto da Pampulha, de onde ele decolou, confirmaram a subida quase vertical em rela��o � pista. A t�cnica, considerada arriscada por especialistas, consiste em retirar a aeronave do solo, recolher o trem de pouso, mas ganhar velocidade com o avi�o sobrevoando em baixa altitude, entre 2 e 4 metros, at� quase o fim da pista, onde o piloto puxa o manche de forma mais acentuada do que o habitual para decolar. Assim permanece at� alcan�ar altitude entre 1 mil e 2 mil metros, quando estabiliza o avi�o.

Segundo a For�a A�rea Brasileira (FAB), o bimotor permaneceu no ar apenas um minuto dos 50 minutos de tempo previsto no plano de v�o, entre BH e Setubinha, no Vale do Jequitinhonha. Decolou �s 15h23 e caiu �s 15h24. A informa��o de que o comandante teria feito a manobra arriscada circulou ontem nos hangares do aeroporto. “O piloto manteve a aeronave voando baixo at� terminar a pista e depois subiu na vertical”, detalhou um experiente comandante.

Segundo ele, a torre de comando do aeroporto tem os registros da manobra, que, conforme an�lise da testemunha, teria sido ainda mais ousada do que a “decolagem americana”. “O que ele fez se chama estol de badalo, feito pelos pilotos da Esquadrilha da Fuma�a em performances a�reas”, afirmou o comandante.

Amigo de Emerson Thomazini, o tamb�m piloto Augusto de Lima entende que a decolagem americana � “uma manobra perfeitamente normal”. J� para o diretor de seguran�a operacional da Associa��o de Pilotos e Propriet�rios de Aeronaves (Appa), Miguel Rodeguero, a decolagem americana foge da opera��o padr�o e deve ser evitada. “Toda vez que foge do padr�o, se exp�e ao risco”, afirma o especialista em seguran�a de voo.

Peritos do Seripa III recolheram a caixa-preta com as �ltimas conversas das v�timas. Imagens da torre de controle do aeroporto de onde a aeronave havia decolado tamb�m ser�o analisadas. O di�logo da torre com o piloto tamb�m foi solicitado. “O CVR, popularmente conhecido como caixa -preta, grava dados de voz e n�o de voo. Ele ser� encaminhado para Bras�lia para ser analisado. Os t�cnicos ter�o que abrir o CVR com muito cuidado, pois est� bastante queimado”, informou o chefe de investiga��o do Seripa III, Raphael Vargas Vilar. Ele e a sua equipe coletaram dados, destro�os e entrevistaram testemunhas para tentar chegar �s causas da queda.

Depois de acompanhar a retirada dos destro�os do avi�o, o capit�o Leonardo Neves Carneiro, do Cenipa, afirmou que, somente depois de uma an�lise em laborat�rio, ser� poss�vel saber se a grava��o na aeronave foi preservada. “Ainda n�o tem como falar que houve a pol�mica decolagem americana. Precisamos analisar as grava��es de voz e os v�deos das c�meras de seguran�a, do hangar e da Infraero”, disse.



Retirada O recolhimento dos destro�os de dentro do im�vel come�ou pela manh� e at� o fim da tarde n�o havia terminado. Bombeiros precisaram cortar algumas pe�as para passar pelo port�o da casa. O material foi empilhado na cal�ada e recolhido por um guincho.  O material ser� guardado em uma empresa de manuten��o no aeroporto da Pampulha.

Segundo o major-aviador Raphael Vargas Vilar, chefe da Sess�o de Investiga��o do Seripa III, a divis�o coletar� evid�ncias e analisar� os dados para, em uma terceira fase, divulgar o relat�rio. Ele ainda afirma que n�o � poss�vel precisar com exatid�o quando a investiga��o ser� conclu�da. Um dos fatores que pode levar � demora se deve � aeronave ter sido fabricada nos EUA e contar com motor canadense, o que pode demandar a ajuda de �rg�os internacionais na apura��o.



At� ent�o, o major-aviador apenas tinha visto as imagens do avi�o caindo em parafuso, gravadas por populares. “Tudo indica que o piloto perdeu o controle da aeronave e n�o teve como escolher o local do pouso. Segundo o �rg�o, o comandante Emerson Thomazini, de 43 anos, era piloto  desde novembro de 1998, tinha licen�a de linha �erea desde 2011 e estava com habilita��o v�lida. Ele trabalhava havia 10 anos para o grupo Atlantica Exporta��es e Importa��es, dona do avi�o. J� o copiloto Gustavo de Toledo Guimar�es tinha licen�a desde 2000 e tamb�m estava com habilita��o em dia. Ainda de acordo com a Anac, a situa��o de navegabilidade do bimotor era normal e a data de validade da licen�a estava regular.

O chefe do N�cleo de Opera��es A�reas da Pol�cia Civil, delegado Ramon Sandoli, esteve no local do acidente para acompanhar os trabalhos. O policial que morreu atuava no N�cleo. Sandoli informou que a Pol�cia Civil acompanhar� as investiga��es da Cenipa e abrir� inqu�rito paralelo para apurar as mortes violentas. “As causas do acidente ficam por conta da Cenipa, que analisar� todos os dados, desde antes da decolagem at� o acidente”, afirmou. “A Pol�cia Civil vai apurar se houve acidente danoso ou culposo. Vamos aguardar as investiga��es da Cenipa”, afirmou o policial.

ASSIST�NCIA Representantes da Atlantica Exporta��o e Importa��o, respons�vel pela aeronave, tamb�m estiveram no local. A empresa � especializada em gr�os de caf� cru e faz parte da MonteSanto Tavares, uma holding mineira que j� foi dona das marcas Caf� Tr�s Cora��es e Sucos Mais, e atualmente comanda a marca de caf� Fino Gr�o.

 Por meio de nota, a empresa informou que est� prestando toda a assist�ncia aos familiares das v�timas. Tamb�m afirmou estar acompanhando as investiga��es e que o piloto Emerson Thomazini era considerado um “profissional exemplar”.