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Estado de Minas

Nascente de �guas l�mpidas do Gualaxo contrasta com a devasta��o

No total, 48 de seus 60 quil�metros foram destru�dos pelos rejeitos de minera��o que vazaram de barragem em Mariana. Mata ciliar foi destru�da. Peixes desapareceram


postado em 20/11/2015 06:00 / atualizado em 20/11/2015 07:54

Da vida ao cenário de morte: ponto em que nasce o Gualaxo do Norte não foi afetado(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Da vida ao cen�rio de morte: ponto em que nasce o Gualaxo do Norte n�o foi afetado (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Ouro Preto –
A 1.380 metros acima do n�vel do mar, na Serra do Espinha�o, nascem as �guas l�mpidas, sem um turvo de barro ou lodo, que formam o Rio Gualaxo do Norte, em Ouro Preto, Regi�o Central de Minas. Cercado pela Mata Atl�ntica, que serve de reserva aos carcar�s, esse trecho preservado contrasta com o manancial de calha devastada por 62 milh�es de metros c�bicos de lama, equivalentes a 20 mil piscinas ol�mpicas, que vazaram da Barragem do Fund�o, no complexo miner�rio da Samarco, em Mariana, no dia 5. O desastre dizimou a mata ciliar do rio, arrebatou peixes que ningu�m sabe onde foram parar e transformou 48 dos 60 quil�metros de extens�o do manancial num canal de lama vermelha em meio a um deserto de barro e min�rio de ferro. A reportagem do Estado de Minas foi ontem � nascente do Rio Gualaxo do Norte para mostrar a vitalidade do primeiro curso d’�gua soterrado nessa que � a pior trag�dia ambiental do Brasil.

A saga do Gualaxo do Norte come�a pouco depois de as primeiras cascatas serem formadas num maci�o rochoso com inclina��o de quase 90 graus. Bastam 500 metros para as quedas d’�gua entrarem no complexo miner�rio de Timbopeba, pertencente � mineradora Vale, que � controladora da Samarco juntamente com a australiana BHP Billiton. Do cen�rio � sombra das �rvores, samambaias e da presen�a das aves de rapina, a �gua come�a a se enveredar entre estradas de terra por onde passam caminh�es pesados de min�rio de ferro, dutos, esteiras e duas barragens. S�o seis quil�metros permeando a atividade que � incessante e diuturna, at� atravessar a rodovia MG-129, j� no munic�pio de Mariana. S�o mais seis quil�metros at� o ponto em que a lama da barragem rompida atingiu rio acima. Assim, restou aos peixes, artr�podes e � flora aqu�tica um espa�o de apenas 12 quil�metros para sobreviver.

Nas �guas do Gualaxo do Norte nadavam tra�ras, bagres e til�pias. A intensa atividade mineradora na regi�o e os garimpos de ouro clandestino j� vinham degradando aos poucos esse manancial, como atesta a tese de doutorado de Aline Sueli de Lima Rodrigues para a Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), que avaliou as condi��es do rio antes da trag�dia ambiental. Pelos levantamentos, o Rio Gualaxo do Norte tinha sofrido eros�o e desmatamento que o deixavam numa condi��o “regular” na por��o inicial, de 20 quil�metros, at� o subdistrito de Bento Rodrigues, o mais devastado pela lama. E era justamente nas por��es adiante, at� o encontro do manancial com o Rio do Carmo, em Barra Longa, que o Gualaxo do Norte apresentava o melhor estado de conserva��o, com matas ciliares e margens praticamente intactas, de acordo com o estudo.

Mas maior parte do canal foi tomada pelos rejeitos de minério na região de Mariana (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Mas maior parte do canal foi tomada pelos rejeitos de min�rio na regi�o de Mariana (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


POLUENTES Nessa pesquisa, poluentes qu�micos prejudiciais tanto aos peixes quanto aos homens, como merc�rio e ars�nio, foram encontrados em quantidades nocivas nas amostragens de sedimentos coletadas ao longo de todo o Gualaxo do Norte. A conclus�o do trabalho � que a garimpagem de ouro vinha envenenando o curso d’�gua e que poderia degradar ainda mais o manancial. Agora, a lama que chegou a se elevar por mais de 20 metros de altura e a atingir quase um quil�metro de largura, arrasou o rio e o maquin�rio dos garimpeiros.

A import�ncia do Gualaxo do Norte � tamb�m hist�rica. Foi desbravando seu vale que os bandeirantes abriram caminho para a Regi�o Central de Minas Gerais, chegando a fundar o arraial que originou Alvin�polis, no s�culo 17. O primeiro que ali passou foi Caetano Leonel de Abreu Lima e sua esposa, Dona Joaquina Correia Taveira, em 1676, procurando terras produtivas e fugindo dos combates com �ndios da regi�o.


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