
Sandra conversou com a reportagem do Estado de Minas enquanto preparava unidades em s�rie da sua coxinha de frango com catupiry, entremeada de tabuleiros de p�s de moleque, na cozinha emprestada a ela pela ger�ncia do Hotel Provid�ncia, no centro hist�rico de Mariana. J� os clientes da cocada v�o ter de esperar mais tempo. A m�quina de fatiar o doce perdeu-se na lama. � o que a ajuda a se distrair das lembran�as da trag�dia, dia do rompimento da barragem do Fund�o: “Meu bar era o centro das aten��es. O pessoal procurava o Bar da Sandra, que ficava ao lado da igreja, das duas mangueiras”.
Depois de interromper as atividades culin�rias por minutos, para abra�ar a filha, Ana Am�lia, de 2 anos, Sandra volta ao fog�o e conta em detalhes como o povoado foi avisado do rompimento da barragem gra�as a uma faxineira, indicada por ela pr�pria para trabalhar na empresa terceirizada que cuidava do viveiro de mudas da Samarco: “Ela escutou que a barragem tinha estourado na r�dio da caminhonete e saiu correndo para avisar. Eles ainda tentaram convenc�-la a n�o ir, porque ela teria de atravessar a ponte do Rio de Santar�m. Mas ela saiu na moto dela buzinando. Gra�as a Deus, eu estava na porta da minha casa, vi e acreditei no que ela disse”.
SEM ACREDITAR J� a irm� de Sandra, Terezinha, respons�vel pelo tempero do frango ao molho pardo, confirma que, inicialmente, desconfiou da veracidade da informa��o. “Minha irm� n�o acreditou, achou que era poeira. Sempre havia muita poeira l�, mas daquele jeito n�o era normal. Eu me preocupei em pegar a chave do carro, tirar da garagem e colocar dentro minha filha e uma senhora que tinha operado o f�mur, com dificuldade para andar. Estava passando um menino que sabia dirigir e falei com ele: ‘Some com esse carro e vai para o alto do morro. Salva essa gente!’” Chorando nesta parte do depoimento, Sandra emendou que correu atr�s da irm� e do irm�o, foi a p� em dire��o � mata e, quando a lama chegava perto, pulou dentro da caminhonete de um amigo, a tempo de ver a pr�pria casa, centen�ria, do tempo dos tropeiros, boiando na lama: “Foi quest�o de 10 minutos”.
Assista ao v�deo com depoimento de moradora de Bento Rodrigues