
Na cidade, distante 100 quil�metros da Mina do Germano, onde ocorreu o desastre socioambiental, o medo � duplo. O primeiro temor se relaciona com o preju�zo causado pela interrup��o do funcionamento da usina. O segundo diz respeito � amea�a de um novo acidente em Bento Rodrigues, onde as barragens do Germano e Santar�m apresentam instabilidade e, de acordo com o Minist�rio P�blico de Minas Gerais, com “risco iminente de rompimento,” o que tamb�m traria mais preju�zos para a popula��o.
Como a represa da Usina Hidrel�trica Risoleta Neves est� assoreada e tomada pelo barro, ela n�o teria condi��es de comportar uma nova avalanche de lama, com consequ�ncias n�o previstas para a Bacia do Rio Doce, j� devastada pela trag�dia no come�o do m�s.
Por causa disso, a Justi�a acolheu a��o civil p�blica encaminhada pelo MP e pelo governo do estado, determinando que a Samarco, a Vale e a Cemig, s�cias na opera��o da usina, a esvaziem at� esta segunda-feira, o que n�o foi cumprido. A multa pelo descumprimento desta ordem judicial � de R$ 1 milh�o por dia.
N�o h� perigo f�sico para os moradores de Santa Cruz, distante sete quil�metros da usina, mas um novo rompimento de barragem em Mariana faria com que a usina demorasse ainda mais a voltar a operar, aumentando os preju�zos para o munic�pio, que tem na hidrel�trica a sua principal fonte de arrecada��o.
PERDA DE ROYALTIES “Ela est� esvaziando e com isso vamos perder os royalties.Vai parar tudo” diz, desolado, o prefeito Gilmar de Paula Lima (PMM). Ele informa que os prefeitos dos munic�pios atingidos pela trag�dia em Mariana est�o se reunindo para buscar solu��es. “Perder receita � o pior para as cidades que recebem royalties”, afirmou.
Os moradores tamb�m est�o preocupados. “Com a usina parada, l� se v�o os recursos,” diz Walter Palhares. Na tarde de ontem, muitas pessoas foram ver a usina e as turbinas inoperantes pelas quais passa o barro. “A gente fica preocupada, pois a �gua era limpa,” observou Nat�lia da Silva Cruz ao lado da prima Cristiane de Souza Silva, moradoras do distrito de Pedra do Escalvado.
Para o lavrador Geraldo Celestino de Oliveira, o mais grave � a destrui��o do Rio Doce. Ele tamb�m lamenta as perdas pessoais, lembrando que a lama que passou pelas turbinas da hidrel�trica e chegou ao rio abalou a estrutura de sua casa, na �rea rural, e ele foi obrigado a deixar o local. “N�o posso mais ficar l�”, desabafa.
Os moradores temem que todas as atividades na regi�o fiquem inviabilizadas com o assoreamento do Rio Doce, que se tornou um caldo grosso e escuro que corre em dire��o ao mar.A cidade tem seu esteio na agricultura e na pecu�ria.
Entenda o caso
Na madrugada de 6 de novembro, horas depois da trag�dia em Bento Rodrigues, a lama proveniente da Barragem do Fund�o chegou � Hidrel�trica Risoleta Neves, trazida pelas �guas dos rios Gualaxo do Norte e Do Carmo.
Para evitar o rompimento da represa, a Cemig abriu as comportas, deixando que a lama se dirigisse diretamente para o Rio Doce.
Como as barragens de rejeito remanescentes em Bento Rodrigues est�o com as estruturas abaladas e podem se romper, o Minist�rio P�blico e o governo de Minas recorreram � Justi�a para que ela obrigue a Samarco a elaborar um plano de emerg�ncia para evitar uma nova trag�dia socioambiental.
Uma das exig�ncias desse plano � o esvaziamento total da Hidrel�trica Risoleta Neves, para que ela possa conter uma nova avalanche de lama e evite que os rejeitos voltem a cair no Rio Doce. O prazo para que essa orienta��o seja cumprida termina hoje.
Entretanto, a Cemig alegou que a represa da hidrel�trica est� completamente assoreada e n�o h� como esvazi�-la em 48 horas.