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Estado de Minas

Samarco acelerou amplia��o da capacidade da barragem que estourou

Documentos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente indicam que aumento de capacidade da represa que se rompeu ocorreu anos antes do previsto inicialmente. Efeito da disparada da produ��o � uma das linhas de apura��o do MP


postado em 02/12/2015 06:00 / atualizado em 02/12/2015 12:10

O rastro dos rejeitos: Fundão já tinha obras para atingir seu máximo, o que antes havia sido projetado só para 2020/22(foto: CBMMG/Divulgação)
O rastro dos rejeitos: Fund�o j� tinha obras para atingir seu m�ximo, o que antes havia sido projetado s� para 2020/22 (foto: CBMMG/Divulga��o)

A produ��o acelerada da mineradora Samarco em Mariana, na Regi�o Central do estado, levou a empresa a apressar o planejamento para aumentar a capacidade de armazenar rejeitos na Barragem do Fund�o – que se rompeu em 5 de novembro, liberando cerca de 60 milh�es de metros c�bicos de lama e causando o maior desastre ambiental da hist�ria do pa�s. A previs�o da mineradora, estipulada na primeira licen�a de opera��o, aprovada pelo Conselho de Pol�tica Ambiental (Copam) em 2008, dava conta de que a barragem chegaria a 940 metros (em rela��o ao n�vel do mar) apenas em 2022 . Por�m, documentos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad) demonstram que em junho de 2017 a estrutura j� teria essa condi��o. Em junho deste ano foi expedida licen�a para obra de alteamento da barragem, com previs�o de dois anos de dura��o. O aumento da produ��o nos �ltimos anos, confirmado pela pr�pria Samarco, � uma das linhas de investiga��o que o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) e o Minist�rio P�blico Federal (MPF) seguem para entender a causa da trag�dia.


O andamento da obra para atingir a cota de 940 metros foi confirmado pela Samarco e tamb�m pela Semad, que forneceu parecer �nico emitido por seus t�cnicos sugerindo o deferimento das licen�as pr�via e de instala��o para a obra de alteamento entre as cotas 920 e 940, que duraria dois anos a partir de junho de 2015, data das licen�as. Essa era apenas uma das obras que ocorriam no momento do desastre em Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana. A segunda era uma amplia��o da capacidade sem alteamento, j� na cota 920, que foi autorizada em dezembro de 2013 e tamb�m tinha cronograma de dois anos, conforme a Semad. Esse � outro ind�cio dos efeitos do aumento de produ��o da Samarco, j� que a previs�o inicial era de que a altura de 920 metros fosse atingida apenas dentro de cinco anos, em 2020. Por�m, esse patamar j� aparecia como implantado em documentos de 2013 – e � a informa��o com que o MPMG conta sobre a opera��o antes da trag�dia, conforme o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto.

A Samarco se limita a informar que operava uma cota de 898 metros antes do desastre com a estrutura, apesar da autoriza��o para chegar a 920, confirmada pela Semad. T�cnicos da pasta j� haviam emitido dois pareceres sugerindo o deferimento da opera��o de Fund�o, que foram confirmados pelo Copam, respons�vel por aprovar as licen�as em Minas Gerais. Um foi em 2008, a primeira licen�a de opera��o para a barragem. O outro, em 2013, � a revalida��o da mesma licen�a, que tem validade de seis anos. Depois do acidente, a Semad embargou as opera��es na Mina do Germano, onde fica a Barragem do Fund�o.

Investiga��o

Entender a evolu��o do armazenamento da barragem que se rompeu � considerada tarefa fundamental pelo Minist�rio P�blico de Minas para descobrir o que causou a trag�dia. “O aumento da produ��o, e consequentemente, da deposi��o de rejeitos na barragem, � uma das linhas de investiga��o das causas que estamos seguindo”, diz o promotor Mauro Ellovitch, um dos integrantes da for�a-tarefa criada para investigar as causas e os desdobramentos dos danos ambientais, ao patrim�nio e tamb�m as condi��es das duas barragens remanescentes no complexo. O Minist�rio P�blico Federal (MPF) tamb�m tem aten��o especial sobre o hist�rico de produ��o da Samarco, especialmente nos �ltimos anos. “De cinco anos para c�, mais ou menos, o volume de rejeitos na barragem aumentou bastante”, disse o procurador federal Jos� Ad�rcio ao Estado de Minas.

O professor Roberto Galery, do Departamento de Engenharia de Minas da UFMG, lembra que duas situa��es diferentes verificadas no setor de minera��o podem combinar com o aumento de produ��o das empresas. “Entre 2011 e 2013, tivemos um momento favor�vel para a produ��o do min�rio de ferro, com a tonelada custando US$ 140, chegando at� a US$ 190. Isso causou uma mobiliza��o maior do mercado para aumento de capacidade”, afirma o especialista. A partir de 2014, em virtude da crise econ�mica mundial, o pre�o caiu bastante, chegando a US$ 44 na semana passada. Por�m, mesmo assim o aumento de produ��o foi mantido, segundo o professor. “Se a margem de lucro cai, � preciso produzir mais para pagar o investimento que foi feito”, completa.

(foto: CBMMG/Divulgação)
(foto: CBMMG/Divulga��o)

Em 2008, quando a Samarco formalizou o pedido de licen�a de opera��o para a Barragem do Fund�o na Semad, uma previs�o de alcance do reservat�rio foi anexada ao parecer da secretaria, conforme o processo 15/1984/066/2008. Nessa estimativa, a empresa esperava chegar em 2022 a uma cota altim�trica de 940 metros. Em dezembro de 2012, a Samarco procurou novamente a Semad, desta vez para solicitar licen�as pr�via e de instala��o (anteriores � opera��o) de uma amplia��o da represa, por�m, sem alteamento.

Chamada de otimiza��o, a amplia��o se daria em uma cota j� atingida pela barragem em 920 metros, segundo o parecer �nico da Semad n�mero 262/2013. As duas licen�as s� foram concedidas um ano depois, em dezembro de 2013, permitindo a obra estimada para durar at� dezembro deste ano. Dois meses antes, em outubro, a Samarco tamb�m conseguiu a revalida��o da licen�a de opera��o do Fund�o, que garantia o funcionamento normal da barragem por mais seis anos. A concess�o dessa licen�a ocorreu em 29 de outubro. Apenas dois dias depois, a empresa pediu novamente licen�as pr�via e de instala��o, dessa vez para unificar as barragens de Fund�o e Germano, com um alteamento que come�aria em 920 metros e chegaria at� os 940. A autoriza��o se deu somente um ano e oito meses depois, em 30 de junho deste ano, mais uma vez com estimativa de obras que durariam dois anos.

Em nota, a Samarco confirmou que estava mobilizada para chegar � cota de 940 metros de alteamento, por meio de obra autorizada pela obten��o das licen�as pr�via e de instala��o, aprovadas por unanimidade pelo Copam. A empresa confirmou o aumento de produ��o e esclareceu que entre 2008 e 2014 passou por dois per�odos de expans�o. Em 2009, inaugurou a terceira pelotiza��o, que subiu a capacidade produtiva para 23,5 milh�es de toneladas de pelotas de min�rio de ferro por ano. Em 2014, foi inaugurada a quarta pelotiza��o, que incrementou a produ��o em 37%, chegando a 30,5 milh�es de toneladas.
(foto: CBMMG/Divulgação)
(foto: CBMMG/Divulga��o)

 

 


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