O desastre provocado pelo rompimento de barragem da mineradora Samarco em Mariana, classificado como a maior trag�dia ambiental do pa�s, atingiu 15 quil�metros quadrados de terras, incluindo �reas de preserva��o permanente, e afetou diretamente pelo menos 663 quil�metros de rios, segundo laudo preliminar do Ibama. O estudo baliza a a��o civil p�blica de R$ 20 bilh�es que o governo federal e os estados de Minas e do Esp�rito Santo movem contra a empresa.
O colapso da barragem deu origem a uma onda de lama que percorreu 55 quil�metros do Rio Gualaxo do Norte at� atingir o Rio do Carmo, onde escorreu por mais 22 quil�metros at� o Rio Doce, no qual viajou outras centenas de quil�metros at� atingir o mar, 16 dias depois, no Esp�rito Santo. “� indiscut�vel que o rompimento da barragem trouxe consequ�ncias ambientais e sociais graves e onerosas, em escala regional”, diz o laudo.
O estudo n�o menciona os impactos sobre o ambiente marinho. O foco da an�lise se concentra nos rios e seus ecossistemas marginais, considerados �reas de preserva��o permanente (APPs). Em rela��o aos 1.469 hectares diretamente atingidos pela lama, cerca de 15 quil�metros quadrados, o documento n�o estima quanto era de vegeta��o nativa. Ainda assim, por se tratarem de APPs, esses locais dever�o ser obrigatoriamente recuperados. “Considerando o porcentual de reserva legal de 20%, h� um passivo de cobertura florestal (na Bacia do Rio Doce) da ordem de 760 mil hectares”, informa o relat�rio.
Com rela��o � diversidade de peixes, os t�cnicos do Ibama estimam haver mais de 80 esp�cies nativas, das quais 11 s�o classificadas como amea�adas de extin��o e 12 s�o end�micas do Rio Doce – ou seja, n�o existem em nenhum outro lugar do mundo. “Muito mais do que os organismos em si, os processos ecol�gicos respons�veis por produzir e sustentar a riqueza e a diversidade do Rio Doce foram afetados”, diz o laudo.
Conforme mostrou o Estado de Minas em sua edi��o de domingo, a cat�strofe ocorreu em pleno per�odo da piracema, quando os peixes sobem os cursos d’�gua para desovar. Assim, n�o s� a vida j� existente foi dizimada, mas o repovoamento do rio tamb�m foi comprometido. “O fato de estarmos na piracema n�o aumentou o n�mero de peixes mortos, mas vai afetar o recrutamento das popula��es, j� que as esp�cies estavam prontas para a reprodu��o”, afirmou o bi�logo da UFMG Ricardo Motta Pinto Coelho.
“Cabe ressaltar que os impactos ambientais n�o se limitam aos danos diretos, devendo ser considerado que o meio ambiente � um sistema complexo, no qual diversas vari�veis se inter-relacionam”, diz o relat�rio do Ibama. “As medidas de repara��o dos danos, tang�veis e intang�veis, quando vi�veis, ter�o execu��o a m�dio e longo prazo, compreendendo pelo menos 10 anos”, segundo o estudo.