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Estado de Minas

Samarco acelerou deposi��o de rejeitos na Barragem do Fund�o

Essa pr�tica provoca riscos de acidente, segundo avaliam especialistas. Empresa defende regularidade de opera��o


postado em 04/12/2015 06:00 / atualizado em 04/12/2015 10:05

Um dos diques degradados na Barragem do Fundão: velocidade de descarte aumentou neste ano e Ministério Público apura se houve sobrecarga(foto: Corpo de Bombeiro/Divulgação)
Um dos diques degradados na Barragem do Fund�o: velocidade de descarte aumentou neste ano e Minist�rio P�blico apura se houve sobrecarga (foto: Corpo de Bombeiro/Divulga��o)
Nos 15 meses que antecederam o rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, na Regi�o Central de Minas, a Samarco chegou a impor ao reservat�rio um ritmo de ac�mulo de rejeitos de min�rio de ferro sete vezes superior ao que vinha praticando mensalmente entre 2013 e 2014. Embora n�o haja, at� o momento, comprova��o de que tenha sido esse o caso em Mariana, despejos muito acima do que uma barragem est� preparada para reter trazem diversos riscos, segundo especialistas. Um deles � a sobrecarga dos filtros que absorvem a �gua do material represado e impedem infiltra��es e eros�es de dentro para fora da estrutura. Outro problema � a desestabiliza��o do res�duo j� acumulado. Essa �, inclusive, uma das linhas investigadas pelo Minist�rio P�blico sobre as causas do desastre que liberou milh�es de metros c�bicos de lama, deixando 13 mortos, oito desaparecidos, e um rastro de destrui��o em comunidades, na Bacia Hidrogr�fica do Rio Doce e no mar. A empresa afirma que o volume injetado no reservat�rio condizia com sua linha regular de produ��o.

Entre 2013 e 2014, o ritmo de despejos foi de 250 mil metros c�bicos de rejeitos a cada 30 dias, passando de 27 milh�es acumulados para 30 milh�es. Neste ano, o ac�mulo cresceu 83%, chegando a 55 milh�es, o que dimensiona m�dia de 1,7 milh�o de metros c�bicos por m�s entrando na Barragem do Fund�o. Os dados s�o da pr�pria companhia e da Funda��o Estadual de Meio Ambiente (Feam). Na opera��o da Samarco e de outras empresas brasileiras, especialistas explicam que o procedimento � trazer o rejeito de min�rio misturado � �gua para a cabeceira da barragem, situada em sentido oposto ao barramento e aos vertedouros. Quando volumes depositados seguem os dimensionamentos do projeto de constru��o da represa, as part�culas s�lidas ficam em cima e os l�quidos descem. � nesse momento que os filtros funcionam drenando os fluidos para fora do sistema e permitindo que apenas o material seco permane�a, pois � mais est�vel e compacto, propiciando tamb�m maior acumulo de detritos em menor espa�o.

De acordo com o promotor Mauro Ellovitch, da for�a-tarefa do MP criada para avaliar as causas do rompimento de Fund�o e para defender as v�timas e o meio ambiente, o aumento no ritmo da deposi��o de rejeitos � uma das linhas investigadas. Para o professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Adilson do Lago Leite, que � ge�logo e geot�cnico e tem doutorado em geotecnia, esse pode ser um fator que culminaria na desestabiliza��o da barragem, mas dificilmente seria o causador principal do desastre. “Digamos que isso pode ter sido a gota d’�gua, mas n�o creio que tenha sido o que iniciou o processo que levou � ruptura do reservat�rio”, afirma.

Na avalia��o do especialista, se o alteamento (amplia��o do barramento de conten��o) estiver preparado para reter os volumes, a velocidade de deposi��o pode ser acelerada sem preju�zos para a seguran�a. Antes de se romper, a Barragem do Fund�o passava por obra que a elevaria em mais 20 metros, passando a 160 metros. “A velocidade de deposi��o depende das caracter�sticas do projeto, se os rejeitos s�o ou n�o separados da �gua. Acho dif�cil que tenha havido comprometimento pela desestabiliza��o com a entrada de grande volume de rejeitos, pois isso demandaria uma inje��o de muito material com energia suficiente para comprometer a barragem. Mas pode ter agido na dificuldade de absor��o. Se o rejeito entra r�pido demais, n�o h� tempo de secagem e isso sim compromete”, disse.

A acelera��o do enchimento da Barragem do Fund�o tamb�m est� evidenciada no estudo de Impacto Ambiental e Relat�rio de Impacto Ambiental (EIA/Rima) entregue para aprova��o da Licen�a de Pr�via do empreendimento junto aos �rg�os ambientais. Pelo gr�fico, quando atingisse a altura de 140 metros, a previs�o dos t�cnicos da Samarco era de que a barragem comportasse 39 milh�es de metros c�bicos e n�o 55 milh�es – volume que vazou com o desastre, de acordo com a pr�pria empresa.

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), durante o processo de licenciamento n�o � monitorado o volume do reservat�rio. “O licenciamento se at�m � �rea e � altura do maci�o. As informa��es sobre o volume dos reservat�rios s�o fornecidas pelo empreendedor � Funda��o Estadual do Meio Ambiente (Feam), por meio do Programa Gest�o de Barragens, e informadas ao Banco de Declara��es Ambientais (BDA) e ao Departamento Nacional de Produ��o Mineral (DNPM), no relat�rio de seguran�a”, declarou, em nota.

A Samarco informou que todas as opera��es estavam devidamente licenciadas e regularizadas no momento do acidente, inclusive em rela��o ao volume de material depositado. “O volume licenciado para disposi��o de rejeitos era de 92 milh�es de metros c�bicos at� a eleva��o 920m da crista e a barragem continha 55 milh�es de metros c�bicos com a crista na eleva��o de 898m no momento da ruptura. A Samarco reafirma que, neste momento, ainda n�o � poss�vel confirmar as causas do acidente.”


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