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Estado de Minas

Distritos devastados por rompimento de barragem viram ponto tur�stico

Desastre ambiental tem chamado a aten��o de curiosos que viajam para ver de perto o que sobrou da trag�dia


postado em 04/12/2015 06:00 / atualizado em 04/12/2015 09:57

Pessoas como a professora aposentada Eliane de Souza têm visitado os povoados para ver de perto dimensões da catástrofe(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
Pessoas como a professora aposentada Eliane de Souza t�m visitado os povoados para ver de perto dimens�es da cat�strofe (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
N�o chega a ser uma esp�cie de "dark tourism", como diz a express�o em ingl�s, mas o fato � que muita gente est� viajando quil�metros para visitar os escombros dos dois povoados de Mariana, na Regi�o Central de Minas, destru�dos pelo rompimento da barragem de rejeitos de min�rio, em 5 de novembro. Uma dessas pessoas � a professora aposentada de hist�ria Eliane de Souza, de 60 anos, que mora no Bairro Sagrada Fam�lia, na Regi�o Leste de Belo Horizonte. Ontem ela pegou a estrada pela segunda vez em uma semana, rumo a Mariana, para olhar de perto o que restou de Paracatu de Baixo.

Eliane conta que tamb�m viajou no domingo passado, mas, como saiu de casa depois do almo�o e tinha que voltar no mesmo dia, s� deu tempo para conhecer Bento Rodrigues, o lugarejo que simplesmente sumiu do mapa depois da passagem do mar de lama. Ontem ela estava acompanhada de dois amigos, entre eles a francesa Sylviane Raganaud, de 38. Eles fotografaram e filmaram toda a destrui��o que encontraram pela frente.

“Estou escandalizada. Se perder tudo j� � dif�cil, perder a refer�ncia da sua vida � pior ainda. Vim especialmente para olhar de perto a dimens�o da trag�dia. Foi uma neglig�ncia geral, n�o apenas da mineradora”, reagiu a professora, que se emocionou ao encontrar uma carteira escolar que foi arrastada pela lama. “Olha l�, um varal ainda com roupas”, apontou ela.

Para o amigo que a acompanhava, que preferiu n�o ser identificado, a realidade � muito mais triste vista de perto. “Olhar o que aconteceu pela televis�o � uma coisa, vivenciar a realidade pessoalmente � outra. Eu n�o diria que estou chocado. A palavra certa � decepcionado”, comentou. A francesa tamb�m se emocionou. “As pessoas perderam tudo, perderam quem elas amavam, perderam as suas lembran�as, o passado. A �nica coisa que vai se manter viva na mem�ria delas pelo resto da vida � a trag�dia”, disse Sylviane.

A lama que chegou a encobrir algumas casas est� secando e j� � poss�vel caminhar pelos escombros e imaginar como deveria ser a vida das pessoas que ali viviam. Em praticamente todas as casas havia algum quadro ou pe�a religiosa nas paredes, um p�ster do Atl�tico ou do Cruzeiro, um quadro de formatura. No quarto de uma crian�a, a boneca Barbie permaneceu pendurada na parede, junto de duas medalhas de competi��o. Em um antigo banheiro somente restou uma escova no arm�rio da pia, emoldurado pela lama. Em muitas paredes que resistiram � trag�dia, a imagem de Nossa Senhora Aparecida se manteve firme.

Nos escombros ao lado da igreja h� uma esp�cie de altar improvisado sobre um arm�rio. S�o v�rios livros em meio � lama. Um deles, Regra da Sociedade S�o Vicente de Paulo, est� junto a uma pe�a de metal dourado, possivelmente sacra. Dentro da igreja, tudo est� revirado. A for�a da lama amontou os bancos de madeira em um canto. As vestimentas do padre est�o ao lado da ilumina��o de Natal, que nem chegou a ser instalada. Pe�as que ainda devem permanecer no lugar por um bom tempo, pois n�o � poss�vel entrar na igreja. Como o telhado resistiu, a lama no interior do templo, protegida do sol, mais parece areia movedi�a.


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