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Estado de Minas RESTAURO EM MARIANA

Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio dos Pretos passar� pela primeira vez por reformas

Constru�da em 1752, por escravos, a igreja tem sofrido com a infesta��o de cupins, madeira envelhecida, perda de pintura e infiltra��o. Obras devem durar 18 meses


postado em 12/01/2016 06:00 / atualizado em 12/01/2016 07:58

Obras serão feitas em altar e em peças de madeira envelhecidas, entre outras coisas(foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
Obras ser�o feitas em altar e em pe�as de madeira envelhecidas, entre outras coisas (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)

Mariana –
Da janela de casa, na Pra�a do Ros�rio, a professora aposentada Maria Raquel Cardoso Reis pode ver, sem esfor�o, a fachada da Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio dos Pretos, templo erguido pela m�o escrava em 1752. Tem sido assim nos �ltimos 50 anos, desde a adolesc�ncia, mas, agora, a paisagem colonial ganhou um tom diferente que faz os olhos da coordenadora pastoral brilharem de alegria e esperan�a. “Esperamos mais de duas d�cadas”, afirma a moradora de Mariana, na Regi�o Central, sobre o in�cio do restauro da constru��o barroca, na qual se destacam altares esculpidos pelo portugu�s Francisco Vieira Servas (1720-1811) e o forro da capela-mor de autoria de Manuel da Costa Ata�de (1762-1830), o Mestre Ata�de.

Quem entra na igreja, distante cinco minutos do Centro, encontra oper�rios montando andaimes para a interven��o – a primeira, no munic�pio, do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) das Cidades Hist�ricas. De acordo com informa��es da Prefeitura de Mariana, contratadora dos servi�os a partir do repasse de R$ 1,6 milh�o (para os elementos art�sticos) do governo federal, via Minist�rio da Cultura e Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), a obra dever� durar 18 meses, contando ainda com a implanta��o no local do Museu Vieira Servas.

A deteriora��o ao longo do tempo se tornou a principal respons�vel pelo retrato atual da igreja. O chefe do escrit�rio do Iphan em Mariana, arquiteto e engenheiro Felipe Pires, relaciona os piores problemas, entre eles a infesta��o de cupins e outros insetos xil�fagos, madeira envelhecida, perda de pintura, infiltra��o devido � �gua de chuvas e at� a��o humana. Pires acrescenta que o projeto tem tr�s partes interligadas: restaura��o dos bens art�sticos, o que significa todo o conte�do interno do templo – o servi�o estar� a cargo do Instituto Cultural Fl�vio Gutierrez (ICFG); o restauro do pr�dio, cujo projeto se encontra em an�lise pelo Iphan, em Bras�lia (DF); e o projeto luminot�cnico, com elaborada t�cnica de ilumina��o, tamb�m a ser conduzido pelo ICFG. Pires diz que o pr�dio n�o oferece riscos e que a interven��o da estrutura dever� come�ar ainda este ano.

O arcebispo da Arquidiocese de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha, ressalta a import�ncia da iniciativa. “Aguardamos muito essa restaura��o e agora os fi�is poder�o esperar ansiosamente o t�rmino das interven��es”, disse dom Geraldo.

Entusiasmada com o restauro, a presidente do ICFG, Angela Gutierrez, enaltece a excel�ncia dos elementos art�sticos da igreja, em especial do legado de Servas, o qual considera “majestoso”, e a implanta��o do futuro museu com a obra do artista. “� um restauro que demanda m�o de obra muito especializada. Vamos ter a presen�a de jovens formados no programa Valor Social, no Museu de Artes e Of�cios, em Belo Horizonte”, adianta. Profissionais e aprendizes de Mariana tamb�m est�o devidamente recrutados para participar do projeto.

Capela-mor
Um dos pontos mais degradados da Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio dos Pretos � o forro da capela-mor, com a pintura da Assun��o de Nossa Senhora. Ela apresenta desprendimento da policromia, perda de madeira e outros danos que entristecem os fi�is. D� pena ver tudo despencando, mas Maria Raquel, que se mudou para a casa vizinha � igreja quando era adolescente, vindo do distrito de Cachoeira do Brumado, sabe a raz�o. “A gente sempre tem algum receio, por�m a m�o de Deus segura tudo. A pintura est� machucadinha, mas vai ficar boa”, acredita.

A coordenadora pastoral da Par�quia do Sagrado Cora��o de Jesus revela que todos os moradores est�o “felizes demais da conta”. Com tantos anos de trabalho, Maria Raquel est� certa de que a comunidade tem sido fundamental para conservar o seu bem maior. “Nossa igreja � muito din�mica, temos missas, batizados, movimentos pastorais, enfim, h� sempre atividade. O melhor � que n�o precisar� ser fechada nesse per�odo”, afirma.

Conforme a prefeitura, das oito cidades mineiras inscritas no programa do governo federal, Mariana � a que garantiu o maior volume de recursos – R$ 67 milh�es, com 15 a��es aprovadas, entre elas, a restaura��o da Catedral da S�, que come�ar� em janeiro, e da Igreja de S�o Francisco de Assis. Criado para desenvolver e proteger o patrim�nio, o PAC das Cidades Hist�ricas destina recursos � recupera��o e revitaliza��o das cidades, � restaura��o de monumentos e ao desenvolvimento econ�mico e social, bem como ao suporte �s cadeias produtivas locais. Segundo o governo federa, ao todo, ser�o investidos cerca de R$ 1,6 bilh�o em 44 cidades brasileiras, destinados a 425 obras de restaura��o.


Por dentro do templo

A IGREJA


» Localizada na Pra�a do Ros�rio, a Igreja de Nossa Senhora dos Pretos foi constru�da entre 1752 e 1758 por iniciativa das irmandades de S�o Benedito, de Santa Efig�nia e do Ros�rio. Erguida em alvenaria, ela pertence � terceira fase do barroco mineiro, o estilo rococ�. O templo foi constru�do em alvenaria de pedra. Os destaques internos v�o para as obras do pintor Ata�de e do escultor e entalhador Servas.

O ENTALHADOR

» Francisco Vieira Servas (1720-1811) – Nascido em Portugal, trabalhou como entalhador e escultor em madeira nas igrejas de Nossa Senhora da Concei��o, em Catas Altas; no Santu�rio do Senhor Bom Jesus do Matosinhos e de Nossa Senhora da Concei��o, em Congonhas; e de Nossa Senhora do Ros�rio, de Mariana. Criou estilo pr�prio na concep��o dos altares, com destaque para um elemento denominado arbaleta (arremate sinuoso)

O PINTOR

» Manuel da Costa Ata�de (1762-1830), o Mestre Ata�de, nasceu em Mariana. Conforme estudiosos, ele trabalhou muitas vezes nas mesmas obras que Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814), embora n�o necessariamente ao mesmo tempo. Era branco, autodidata, filho de portugu�s e brasileira. Um fato desconhecido para muitos � que Ata�de foi militar, atuando como alferes de cavalaria. Foi na Igreja de S�o Bartolomeu, no distrito de S�o Bartolomeu, em Ouro Preto, que ele come�ou a pintar, nos momentos de folga.


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