
Era por uma escadinha de pedra, entre flores do cerrado, que Juscelino Kubitschek (1902-1976) subia em dire��o � piscina. Ali, nas folgas, o ent�o prefeito de Belo Horizonte (de 1940 a 1945) descansava das atribui��es do cargo, embora muitas vezes despachasse, e contemplava a Lagoa da Pampulha. Passados mais de 70 anos, os degraus est�o no mesmo lugar – e muito bem cuidados –, o jardim de canga de min�rio enche os olhos pela harmonia e a piscina aguarda o fim das chuvas para virar espelho d’�gua. Todos esses elementos, e tantos outros, comp�em a Casa Kubitschek e emolduram o anexo agora constru�do no fundo da resid�ncia de fim de semana de JK. O local ser� inaugurado depois do carnaval e j� atrai os olhares dos turistas, embora ainda fechado para visita��o.
“Estamos mais do que confiantes na conquista do t�tulo”, assegura Le�nidas. Caminhando pelo jardim, ele mostra os p�s de jabuticaba, fruta preferida do ex-prefeito, conferiu o trabalho dos oper�rios envolvidos na conclus�o do piso e contou que o entorno do anexo segue o tra�ado paisag�stico de Burle Marx. A gestora da Casa Kubitschek, Jana�na Fran�a Costa, explica que na fachada de parte da constru��o, antigo c�modo de apoio � piscina, foi mantido o telhado em forma de asa de borboleta. J� na �rea nova, na frente, optou-se por um imenso muxarabi ou treli�as em a�o, obedecendo �s linhas originais da casa-museu, localizada na Avenida Otac�lio Negr�o de Lima, 4.188, na orla da Lagoa da Pampulha.
COBOG� Jana�na disse ainda que a piscina, futuro jardim aqu�tico, teve o fundo elevado um pouco, embora a situa��o seja revers�vel, pois o im�vel e o terreno de 3 mil metros quadrados s�o tombados pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha) e pelo Conselho Deliberativo Municipal do Patrim�nio Cultural. Quem sobe a escada por onde JK, saindo do seu quarto, seguia em dire��o � piscina avista a parede de cobog�s amarelos, cer�mica vitrificada que d� mais vida ao ambiente e ilumina a paisagem. “S�o os originais e acompanham o tom dos azulejos da cozinha da casa. O banco do jardim tamb�m � da �poca e vai ser recoberto de pastilhas.”
Para concretizar projeto, Niemeyer se inspirou nas edifica��es coloniais de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, onde nasceu JK. Jana�na cita as treli�as reproduzidas no anexo e pintadas de azul, as paredes brancas, o p�tio interno das casas dos s�culos 18 e 19, e a canga do min�rio no piso da escada e cercando as plantas. Goiabeiras carregadas de frutos, quaresmeiras em flor, a sombra de uma paineira e as jabuticabeiras t�m o poder m�gico de transportar o visitante para outros tempos. Viagem de calma, cultura e sossego. Para evitar a prolifera��o do onipresente mosquitinho da dengue, a piscina receber� peixes ornamentais – e alguns j� est�o l�.
VISITANTES “Trata-se de um equipamento p�blico recente e, mesmo com as chuvas, temos muitos visitantes neste m�s de f�rias. Depois de retirados os tapumes, que ficaram dois anos, os turistas pedem para ir at� o anexo, por isso pusemos uma faixa de seguran�a”, mostra a gestora. A Casa JK, acrescenta, conta a hist�ria da Pampulha velha, povoada de s�tios e fazendas, e da modernista sa�da da prancheta de Niemeyer. As obras especificamente do anexo custaram R$ 1,3 milh�o e foram executadas dentro do programa Adote um bem cultural, da PBH, ficando o projeto a cargo da Diretoria de Patrim�nio da FMC.

MEM�RIA
Modernismo preservado
Resid�ncia particular de JK, a Casa Kubitschek, na Pampulha, foi constru�da quando o filho ilustre de Diamantina era prefeito de Belo Horizonte. Na �poca, encontrava-se em implanta��o o bairro residencial. Vendida em 1956, o im�vel com caracter�sticas modernistas foi bem conservado, sofreu poucas modifica��es e recebeu alguns acr�scimos nos fundos. Desapropriada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em 2005, a resid�ncia de fins de semana – tamb�m considerada casa de campo, num tempo em que s�tios e fazendas dominavam a regi�o da Pampulha – teve projeto estrutural de Joaquim Cardozo, mural de Alfredo Volpi na varanda frontal, e painel de Paulo Werneck no p�tio interno.
Sa�das para o iate
O presidente da Funda��o Municipal de Cultura, Le�nidas Oliveira, informa que est�o adiantadas as negocia��es com o Iate T�nis Clube para demoli��o de um anexo da d�cada de 1970, que descaracteriza o projeto original do arquiteto Oscar Niemeyer. “Estamos em busca de alternativas e a diretoria do clube est� muito receptiva, mostrando-se favor�vel � futura interven��o e cronograma de requalifica��o do pr�dio, inaugurado em 1943”, afirmou. Le�nidas est� tranquilo quanto � situa��o e lembrou que a dire��o do clube, ano passado, firmou termo com a prefeitura, o Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) e o Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha).