
A mineradora Samarco atribui eventuais falhas em seu Plano de A��o Emergencial de Barragens (Paemb) � consultoria que ela mesmo contratou para elabor�-lo. “Todo e qualquer crit�rio t�cnico para elabora��o do plano de emerg�ncia ou estudos dessa natureza constitui prerrogativa da empresa contratada, cuja qualidade e expertise era at� ent�o reconhecida no mercado”, afirma nota da Samarco enviada ao Estado de Minas sobre as falhas apontadas pelo relat�rio da Pol�cia Federal. De acordo com o texto da mineradora, o plano e o estudo de dam break foram feitos pela Pimenta de �vila Consultoria Ltda.
Sobre a acusa��o da Pol�cia Federal de que o coordenador do plano emergencial, Germano Silva, n�o tinha conhecimento adequado para a fun��o que exercia a Samarco rebateu: “Foi treinado para coloc�-lo (o plano) em pr�tica, assim como outros funcion�rios da companhia, sendo certo que o �ltimo treinamento ocorreu em 5 de outubro de 2015 e que a apresenta��o do dam break pela equipe Pimenta de �vila ocorreu na manh� do mesmo dia dos sismos e rompimento da Barragem do Fund�o”.
A Samarco sustenta que, como projetista e consultor, Joaquim �vila n�o apresentou nenhum relat�rio t�cnico decorrente de inspe��o que registrasse risco de ruptura iminente. “Houve apenas recomenda��es ordin�rias, absolutamente normais �s atividades de opera��o da barragem, devidamente observadas cada uma a seu tempo”, garante a nota.
De acordo com a mineradora, os “alertas ordin�rios” durante a opera��o da barragem n�o eram advert�ncia do risco iminente. “Sobretudo porque acompanhados de recomenda��es para adequa��o que n�o envolviam a ado��o de medidas excepcionais”, complementa o texto.
A empresa considera sem sentido as contradi��es apontadas pela Pol�cia Federal nos depoimentos do presidente afastado Ricardo Vescovi e do diretor de opera��es, tamb�m afastado, Kleber Terra. “A indaga��o sobre o conhecimento de relat�rios por um ou outro diretor n�o tem sentido, na medida em que o conte�do dos relat�rios n�o fazia advert�ncia de risco iminente de ruptura, bastando leitura completa dos relat�rios para constatar que jamais houve advert�ncia dessa natureza por Joaquim Pimenta de �vila ou qualquer outro consultor da empresa”, garante a nota enviada pela empresa. A Samarco que os fatos relatados no inqu�rito da Pol�cia Federal indicam “verdadeira confus�o que precisa ser corrigida, sob pena de se cometer grav�ssima injusti�a contra pessoas”.
Contradi��es entre executivos
Os dois principais executivos da Samarco, o presidente afastado Ricardo Vescovi e o diretor de Opera��es, Kleber Terra, se contradizem nos depoimentos prestados � Pol�cia Federal (PF). Os dois – que j� estavam afastados de seus cargos para se defenderem no inqu�rito que apura as responsabidades pela trag�dia de Mariana – foram indiciados por dolo eventual em crime ambiental, com outros quatro funcion�rios da empresa.
Terra afirmou nos depoimentos que os relat�rios sobre problemas relativos � Barragem do Fund�o eram analisados e depois apresentados nas reuni�es da diretoria, algumas com a presen�a de Vescovi. O presidente, entretanto, negou, em seu depoimento, ter chegado at� ele informa��o de que havia qualquer problema na Barragem do Fund�o.
A PF destaca, no relat�rio do inqu�rito, que Vescovi entendeu que o plano de a��es emergenciais aplicado era adequado e, por isso, a empresa o cumpriu. O presidente afastado justificou a n�o instala��o de sirenes argumentando que n�o estava previsto no plano. A afirma��o, entretanto, � rebatida pela PF, com base no depoimento de Joaquim Pimenta �vila, consultor em barragens. “O plano indica os locais de autossalvamento e cabe � empresa escolher os meios eficazes de comunica��o para avisar as comunidades sujeitas a autossalvamento”, destaca o documento da PF.