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Estado de Minas

Seguran�a � o maior desafio do momento para a Savassi

Ponto de encontro da cidade, com alta concentra��o de bares e casas noturnas, sendo palco recorrente de eventos, regi�o enfrenta problemas com viol�ncia e vandalismo


postado em 28/02/2016 06:00 / atualizado em 28/02/2016 07:57

Superlotação durante o último carnaval deixou marcas no mobiliário urbano e evidenciou a dificuldade da polícia para lidar com grandes aglomerações na região (foto: Túlio Santos/EM/D.A.Press)
Superlota��o durante o �ltimo carnaval deixou marcas no mobili�rio urbano e evidenciou a dificuldade da pol�cia para lidar com grandes aglomera��es na regi�o (foto: T�lio Santos/EM/D.A.Press)

Os arrast�es testemunhados durante o carnaval foram as cenas mais extremas da inseguran�a que ronda a Savassi. Situa��es que levaram o comandante do policiamento da regi�o a declarar que a Pra�a Diogo de Vasconcelos n�o � local adequado para grandes eventos, com aglomera��o de milhares pessoas. A mesma posi��o foi expressada pelo diretor do Conselho Savassi da C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Alessandro Runcini. “A viol�ncia na Savassi fica em evid�ncia por causa da import�ncia que o bairro tem para Belo Horizonte. A Pol�cia Militar faz um excelente trabalho, somos parceiros com a rede de comerciantes protegidos por aplicativo de celular, o que lhes permite ter 250 olhos e ouvidos, mas cobramos mais efetivo e a instala��o de c�meras de vigil�ncia”, afirma Runcini.

De acordo com ele, est� prevista ainda para este ano a instala��o de 10 c�meras para opera��o da pol�cia. “Com isso, podemos chegar a 18 c�meras que v�o ajudar a prevenir crimes que assustam a comunidade, como roubos e arrombamentos”, acrescentou. Para ele, a viol�ncia est� em toda a cidade, mas se destaca mais na Savassi. “Para come�o de conversa, precisamos ter em mente que n�o estamos nem na Su�cia nem no Canad�. Considerando isso, a Savassi ainda est� entre os bairros com menor �ndice de viol�ncia, apesar da grande movimenta��o de pessoas. Tirando os grandes eventos, no dia a dia � bem tranquila”, considera Runcini.



A farmac�utica Ruth Marins Cereda Melo, de 35 anos, mora na Savassi h� cinco e gosta de sair pelo bairro para passear com a filha Lara Cereda Melo, de 1 ano e 2 meses. Mas n�o o faz sem preocupa��o, pois considera que a viol�ncia ocorre tamb�m em dias comuns. “Aqui tem um clima aconchegante, apesar dos riscos sobre os quais a gente fica sabendo, como a a��o de trombadinhas. J� vi gente sendo roubada �s 9h, bem na minha frente. Falta um pouco mais de seguran�a. Flanelinhas importunam muito a gente. Nisso, os shoppings s�o mais tranquilos”, considera.

O compositor Pacífico Mascarenhas e a escultura que representa a Turma da Savassi(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
O compositor Pac�fico Mascarenhas e a escultura que representa a Turma da Savassi (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)


Um �cone esquecido

Sem perspectiva de requalifica��o de mais quarteir�es da Savassi, uma das op��es para retomar atividades culturais na regi�o seria reativar o Cine Path�. Em 2013, a Funda��o Municipal de Cultura (FMC) prop�s ao propriet�rio da edifica��o usar um maior potencial construtivo para erguer um edif�cio no local, tendo como contrapartida a recupera��o do cinema e seu uso como espa�o para atividades art�sticas. Estava previsto o funcionamento da sala de exibi��o de filmes, um centro cultural e um caf�, a serem abertos at� o ano passado. Contudo, segundo a FMC “o propriet�rio voltou atr�s e as negocia��es atualmente se encontram estagnadas”.

O cinema � um dos remanescentes do bairro original e um ponto de encontro da vizinhan�a. “As pessoas se encontravam na Padaria Savassi, de manh� e no fim da tarde, quando sa�a o p�o quentinho, e depois iam ao Cine Path�”, lembra a soci�loga e ex-secret�ria municipal de Cultura, Maria Celina Pinto Albano, que escreveu um livro sobre o cinema. “A Savassi era o bairro de BH com o com�rcio mais sofisticado. Hoje, passo por l� e vejo a crise atacando, um bom n�mero de lojas fechadas ou para alugar e o pr�prio cinema abandonado e desativado. Poderia ser um ator de revers�o dessa decad�ncia. Para reverter um cen�rio em ru�na, pois temos de criar um polo de atra��es”, disse. Para a ela, trazer atra��es como o carnaval n�o ser� suficiente para reerguer o bairro. “O carnaval � muito ef�mero, n�o reverte a ocupa��o de um espa�o urbano. Os pr�prios comerciantes teriam de se juntar ao poder p�blico para trazer propostas de um cotidiano mais envolvente”, disse.

Decad�ncia ate �s portas

Em praticamente todos os quarteir�es da Savassi h� lojas de portas fechadas ou com placas para aluguel. O fen�meno, que muitos associam ao desinteresse pelo local, para representantes do setor comercial e imobili�rio tem mais a ver com as obras de requalifica��o. “Os comerciantes da Pra�a Diogo de Vasconcelos ficaram um ano com as portas praticamente fechadas, e isso trouxe muitos preju�zos. Minha recomenda��o era de fechar cada um dos quatro quarteir�es a cada seis meses, mas a prefeitura preferiu atacar tudo de uma s� vez”, disse Edwiges Leal, autora do projeto.

Ap�s a inaugura��o, os comerciantes sofreram outro baque. “Os pre�os dos alugu�is subiram demais, acima da realidade. Os propriet�rios dos im�veis acharam que seus edif�cios se valorizaram, mas im�veis comerciais s� se valorizam se aumenta o p�blico comprador, n�o s�o como as resid�ncias”, pondera o diretor do Conselho Savassi da C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Alessandro Runcini.

"Mudou muito quando fecharam as ruas Pernambuco e Ant�nio de Albuquerque. Isso reduziu as vagas de estacionamento e tamb�m um pouco o movimento em alguns quarteir�es. A gente acreditou que isso seria bom, que faria da Savassi um shopping ao ar livre, mas s� trouxe alugu�is mais caros”, conta Jos� Gon�alves Lopes, de 69 anos, do Sal�o do Lopes, que funciona h� 38 anos na Savassi.

Os dourados

Muitos dos clientes se lembram das �pocas douradas do bairro, como o empres�rio Ernesto Lolato, de 64. “O com�rcio na Savassi era diferente do encontrado no Centro. Voc� sempre sabia em que loja procurar exatamente o que estava precisando e se tornava cliente, como sou do Sal�o do Lopes h� 20 anos.” O engenheiro Marcos Oroncio Dutra, de 58, frequenta o bairro desde a inf�ncia, pois a casa da av� era l�. “� muito interessante ver que ocorreram mudan�as radicais. A Savassi era um dos poucos points dos jovens, assim como a Pizzarella, na Avenida Oleg�rio Maciel, a Brunela e a Pizzaria Mangabeiras, no alto da Afonso Pena. Hoje, todos os bairros t�m restaurantes e bares para as pessoas se encontrarem.”

Propriet�rio de um dos bares mais antigos em atividade na Savassi, Jo�o Pimenta diz que tem uma f�rmula simples de manter seus neg�cios e, na dire��o contr�ria da onda de decad�ncia, est� ampliando o estabelecimento. “A Savassi � o charme da cidade. Nestes 30 anos, muitos dos clientes costumeiros t�m sido os mesmos, enquanto outros v�o se renovando, entre estudantes de faculdades, principalmente. Aqui � muito frequentado por metaleiros, intelectuais e jornalistas”, conta. “Daqui, vi muitas fases: dos metaleiros, dos hippies, dos pagodeiros... Agora tem at� ponto de Uber aqui na porta. Na d�cada de 1990, a Bartucada de Diamantina come�ava aqui os encontros, sempre duas semanas antes do carnaval”, lembra. “Fizemos at� um �lbum de figurinhas com os clientes. Meu bar � como a Savassi: acolhe bem as pessoas, recebe gente de todo tipo, que, por isso, se sente bem e volta.”


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