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Estado de Minas

Padre investigado por abuso de menores em distrito de Diamantina ser� transferido

Sacerdote de distrito de Diamantina afastado de centro comunit�rio infantil por ordem da Justi�a � comunicado informalmente de que deve deixar a diocese. Defesa nega ass�dio


04/03/2016 06:00 - atualizado 04/03/2016 07:44

A delegada Kiria Orlandi, que investiga as suspeitas, ouvirá mais uma suposta vítima e testemunhas de defesa antes de inquirir o acusado(foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press)
A delegada Kiria Orlandi, que investiga as suspeitas, ouvir� mais uma suposta v�tima e testemunhas de defesa antes de inquirir o acusado (foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press)
Diamantina – Depois de cinco meses sendo investigado por acusa��es de crime sexual contra adolescentes, o p�roco de S�o Jo�o da Chapada, distrito de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, deve ser transferido da diocese. A informa��o partiu da pr�pria defesa do religioso. De acordo com o advogado Fl�vio Ven�cio da Costa, seu cliente recebeu ontem um telefonema, de um integrante da Igreja Cat�lica, informando sobre a remo��o, ainda sem destino definido ou data para ocorrer. “Ele foi informado verbalmente. Ainda n�o foi notificado oficialmente”, afirmou. A defesa nega a culpa do padre nas den�ncias investigadas pela Pol�cia Civil, de abuso de ao menos dois menores no Centro Comunit�rio Infantil Padre Romano Merten, onde o sacerdote morava e de onde foi afastado h� cerca de duas semanas. Obrigado pela Justi�a a manter dist�ncia de no m�nimo 100 metros das supostas v�timas, seus familiares e testemunhas, entre outras imposi��es, o investigado se mudou para a casa paroquial da Matriz de Santo Ant�nio, no mesmo distrito.

Em meio � determina��o judicial, que inclui cinco medidas cautelares determinadas pelo juiz F�bio Henrique Vieira, da 2ª Vara da Comarca de Diamantina, e ao inqu�rito que corre em segredo de Justi�a, uma carta assinada por uma associa��o cultural do distrito pede o afastamento do religioso do povoado de aproximadamente 2,5 mil habitantes. De acordo com o secret�rio da Funda��o Distrital Pr�-desenvolvimento de S�o Jo�o da Chapada, Geraldo Elton Dias, of�cio enviado na ter�a-feira � diocese pede que o padre seja recolhido no semin�rio de Diamantina, para evitar constrangimentos entre ele e a comunidade. “Diante da decis�o judicial que o impede de aproximar das v�timas, seus familiares e testemunhas, bem como de manter coroinhas durante as celebra��es, achamos por bem solicitar que ele n�o ficasse no distrito. � uma forma de evitar desgastes”, afirma Geraldo. Ele afirmou que ainda n�o recebeu retorno sobre o pleito e adiantou que, embora haja simpatia da comunidade cat�lica local com o religioso, as pessoas ficam em d�vida sobre as acusa��es.

Moradora antiga de S�o Jo�o da Chapada, a aposentada Elenita Fernandes, de 65 anos, � ponderada ao comentar o assunto: “N�o sou capaz de opinar sobre se ele deve permanecer ou n�o. Quem deve decidir � o bispo. N�o deixei de participar das missas desde que o caso foi divulgado, mas acho esse assunto muito grave e afeta muito a imagem de um padre. Estou rezando para que tudo se resolva da melhor forma”, disse.

HIST�RICO Documento ao qual o Estado de Minas teve acesso com exclusividade informa que o p�roco j� foi flagrado assediando menores em uma cidade do Sul do pa�s, e que nos lugares por onde passou sempre foi alvo de den�ncias relativas a esse tipo de comportamento. A situa��o foi descrita no of�cio expedido pela coordena��o da pr�pria a institui��o religiosa � qual ele pertence, a Fraternidade, Palavra e Miss�o. O impresso, anexado ao material reunido durante as investiga��es, d� conta de que em 1997, o padre “foi flagrado por assistentes sociais assediando menores em um banheiro de uma obra social em Santa Cruz do Sul”. Segundo o relat�rio, a situa��o n�o foi tratada a fundo, porque um superior exigiu que o sacerdote fosse retirado da diocese. Nenhuma den�ncia foi feita formalmente. Natural de S�o Leopoldo (RS), o religioso envolvido nas den�ncias, de 51 anos, completou 23 anos de ordena��o no �ltimo dia 26 de fevereiro. Depois de atuar no Sul, o p�roco j� trabalhou em S�o Paulo e desde 2013 est� em S�o Jo�o da Chapada.

A Diocese de Diamantina, que tem � frente o arcebispo Dom Jo�o Bosco Oliver de Faria, ainda n�o se posicionou sobre o assunto nem confirma que o aviso de transfer�ncia tenha partido de l�. De acordo com uma funcion�ria, o arcebispo vai se reunir com outros integrantes da diocese e deve se manifestar nos pr�ximos dias.

Ao negar as den�ncias contra o p�roco, a defesa ressaltou que apenas testemunhas de acusa��o foram ouvidas at� o momento e que nenhuma trabalho pericial foi conclu�do. De acordo com o advogado Fl�vio Ven�cio, quatro testemunhas de defesa foram arroladas para prestar depoimento a favor do religioso. “S�o pessoas ligadas � Igreja – uma delas prestava servi�o no CCI – e uma funcion�ria p�blica. Est�o � espera da intima��o da delegada para serem ouvidas”, disse. “Conversei com ele hoje (ontem) e ele est� bem tranquilo com a situa��o, porque n�o tem culpa nenhuma em rela��o �s den�ncias”, acrescentou. O padre foi procurado pelo Estado de Minas, por telefone, e-mail e pessoalmente, mas, de acordo com seus advogados, informou n�o ter interesse em se manifestar diretamente.

Apura��o tamb�m no mundo virtual

O padre do distrito de S�o Jo�o da Chapada tamb�m � investigado pela suspeita de ass�dio a crian�as e adolescentes via internet. De acordo com a delegada Kiria Orlandi, respons�vel pelas investiga��es, ainda em outubro do ano passado, ap�s as primeiras den�ncias envolvendo o religioso, foram feitas buscas com autoriza��o judicial na casa do padre e recolhido farto material, incluindo computador, notebook, HDs, CDs, pen-drives, fitas VHS e at� antigos disquetes.

O sacerdote alegou que tudo era “material de trabalho”. A delegada Kiria Orlandi disse que, de fato, na ocasi�o, n�o chegaram a ser verificadas provas que pudessem incriminar o investigado. Por�m, todo o acervo foi encaminhado para per�cia t�cnica no Instituto de Criminal�stica, em Belo Horizonte. “Aqui, n�o tivemos como fazer uma avalia��o mais criteriosa. Com a per�cia t�cnica, poder� ser uma investiga��o mais completa, inclusive, para saber se houve arquivos apagados, por exemplo”, afirma a delegada.

A policial salientou que, como as investiga��es correm em sigilo, n�o pode revelar detalhes. Mas n�o negou j� ter ouvido 18 testemunhas, e que pelo menos cinco delas relataram o “comportamento inadequado” do religioso. Tamb�m informou que, ap�s identificar duas v�timas e ouvir o “depoimento contundente” de uma delas, um rapaz de 18 anos que teria sofrido abusos desde os 16, vai intensificar a apura��o, com o objetivo de identificar e ouvir os depoimentos de outras v�timas.

Sobre a acusa��o de crimes na internet, o advogado afirma que estas informa��es a respeito da conduta do padre tamb�m s�o inver�dicas e diz que tamb�m n�o consta no inqu�rito dado referente a um menor de 13 anos, citado pela delegada como uma das v�timas. Ao Estado de Minas, a policial informou que o adolescente ainda n�o foi ouvido. O investigado tampouco prestou depoimento sobre as den�ncias. A delegada Kiria Orlandi informou que somente vai ouvi-lo depois de escutar todas as testemunhas. (VL e LR)


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