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Estado de Minas

Homossexuais contam como enfrentam rejei��o e viol�ncia no Norte de Minas

Relatos revelam esfor�o para superar preconceitos encontrar a felicidade na sociedade


postado em 13/03/2016 06:00 / atualizado em 14/03/2016 13:52

O locutor Renato foi espancado na porta de casa e só escapou porque os vizinhos o ajudaram. Hoje, ele tem receio de sair de casa e ser morto(foto: Luz Ribeiro/EM/D.A Press)
O locutor Renato foi espancado na porta de casa e s� escapou porque os vizinhos o ajudaram. Hoje, ele tem receio de sair de casa e ser morto (foto: Luz Ribeiro/EM/D.A Press)
Montes Claros/Francisco S�/Ja�ba – Ap�s ser atacado com chutes e pancadas na cabe�a e quase ser morto, Renato est� amedrontado, temendo um novo ataque. Igor foi rejeitado pela fam�lia e se viu obrigado a mudar de cidade. Adilson se sente impedido de frequentar festas. Ele conta que j� escapou da morte numa tentativa de agress�o.

Os relatos acima s�o de v�timas de viol�ncia e retalia��o simplesmente por conta da orienta��o sexual. Essa realidade do sert�o espelha o cen�rio brasileiro, onde, a cada 18 horas, um homossexual � assassinado, de acordo com dados do Grupo Gay da Bahia. Um dos crimes contra homossexuais de grande repercuss�o no pa�s foi a morte do bailarino Igor Xavier, em Montes Claros, principal cidade do Norte de Minas, em 2002. Passado todo esse tempo, o autor continua livre, mesmo depois de ter ido a julgamento e condenado a 14 anos de pris�o.

Era fim de tarde de 14 de fevereiro, um domingo, e o locutor Renato R�mulo Kali Koury Silva estava sozinho em casa, no Bairro S�o Jorge, em Francisco S�. Renato conta que ouviu o grito de algu�m dizendo que “viado tem que morrer.” Na sequ�ncia, jogaram uma pedra no port�o da resid�ncia.

O locutor decidiu sair � rua. Nesse momento, apareceram dois rapazes. “Eles disseram que eu tinha que morrer. Depois, come�aram a me agredir com pancadas na cabe�a e chutes nas costelas. “ Renato relata que somente n�o foi morto por ter sido socorrido pelos vizinhos. Os agressores fugiram antes da chegada da Pol�cia Militar.

De acordo com o locutor, o caso est� sendo investigado pela Pol�cia Civil, mas at� hoje ningu�m foi preso. Renato disse que, depois do ocorrido, passou a adotar uma s�rie de precau��es, temendo pela sua vida, e s� sai � rua para ir � r�dio comunit�ria da cidade (situada a 200 metros de sua casa), onde apresenta um programa todas as manh�s. “Fui v�tima de homofobia. Tenho medo de sair de casa. Evito andar sozinho e n�o saio mais � noite”, diz.

Renato conta que descobriu sua homossexualidade ainda crian�a, mas somente se assumiu aos 18 anos. “Na adolesc�ncia, fui v�tima de brincadeirinhas maldosas e chacotas. O problema � que, numa cidade pequena como Francisco S�, por causa da limita��o cultural, � mais dif�cil as pessoas aceitarem e respeitarem a condi��o de cada um. Muita gente ainda acha que ser homossexual n�o � normal. Por isso, muitos preferem esconder sua verdadeira orienta��o sexual”, afirma o locutor.

Adilson evita ir a festas, para não ser discriminado, e quase foi assassinado por quatro rapazes(foto: Solon Queiroz/Esp. EM/D.A Press )
Adilson evita ir a festas, para n�o ser discriminado, e quase foi assassinado por quatro rapazes (foto: Solon Queiroz/Esp. EM/D.A Press )
Ele salienta que o preconceito tamb�m impede a demonstra��o de afeto em p�blico nesses lugares. “N�o podemos manifestar carinho em p�blico porque, no lugar pequeno, muita gente ainda n�o aceita o amor entre pessoas do mesmo sexo.” Renato viveu com um companheiro durante 13 anos e, atualmente, n�o tem relacionamento fixo.

SEM FESTAS “N�o vou a festas de anivers�rio e casamentos. O sentimento que tenho � da falta de liberdade”, revela Adilson Dutra de Carvalho, de 51, morador de Ja�ba. Ele justifica que evita ir �s festinhas para n�o ter que ouvir coisas desagrad�veis por ser homossexual assumido e ser chamado de “Loura Louca.”

O apelido surgiu pelo fato de Adilson se vestir e se comportar como mulher: deixou o cabelo crescer, usa batom, brincos, maquiagem e shorts curtos. “Tamb�m uso roupas �ntimas femininas”, completa o transformista, que, durante 26 anos, trabalhou como servi�al de uma escola da cidade e recentemente se aposentou.


"Gosto de homem e ningu�m tem nada com isso", diz Adilson sobre op��o sexual


Adilson considera seu estilo um pouco avan�ado para um lugar como Ja�ba. “Mas acho que cada pessoa tem o direito de andar do jeito que gosta. Nasci assim e assim vou permanecer”, diz. Ele conta que s� passou a se vestir como mulher h� quatro anos, ap�s a morte de sua m�e. “Antes, n�o poderia assumir minha condi��o diante da minha m�e por respeito a ela”, explica. Conta, por fim, que, al�m do preconceito, j� sofreu uma tentativa de agress�o em Ja�ba e, por pouco, n�o perdeu a vida. “Certa vez, eu estava em companhia de quatro rapazes, que queriam que eu ficasse com todos eles. Como n�o aceitei, vi um deles pegar uma machadinha para me matar. Gritei por socorro e eles sa�ram correndo”, relata.

O ex-funcion�rio p�blico conta que, quando crian�a, descobriu que gostava de brincar com bonecas. Ele teve uma inf�ncia dif�cil. Aos 13 anos, perdeu o pai e ajudou a m�e a criar tr�s irm�os e tr�s sobrinhos. Eracledes de Jesus, de 22, mora com Adilson at� hoje e chama o tio de pai, aceitando plenamente a sua condi��o sexual. Em harmonia, na mesma casa, vive Vilma de Jesus Santos, companheira do rapaz, tratada por Adilson como nora.

Enquanto isso...Assassino em liberdade

Um dos crimes contra homossexuais de maior repercuss�o no Brasil foi o assassinato do bailarino Igor Xavier, em Montes Claros, em 1º de mar�o de 2002. Desde o homic�dio, a m�e do bailarino, a aposentada Marlene Xavier, luta por justi�a. No entanto, at� hoje, o autor, o fazendeiro Ricardo Vasconcelos Athayde, continua solto. Integrante de uma fam�lia conhecida de Montes Claros, Ricardo Vasconcelos matou Igor a tiros, em seu apartamento, logo depois de os dois terem sa�do de um bar da cidade. Em 28 agosto de 2013, o assassino foi condenado a 14 anos de pris�o, pena depois reduzida para 12 anos de deten��o. Por�m, a defesa recorreu e o r�u ganhou o direito de aguardar o julgamento do recurso em liberdade.

 

V�deo: "Se n�o fossem meus vizinhos, estaria morto" diz gay espancado


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