
O resultado da barreira da comunica��o estabelecida entre as partes � que, passados cinco meses, Josu� continua sem receber benef�cio nem sal�rio. Al�m disso, n�o tem explica��es claras para oferecer ao patr�o e muito menos � pr�pria filha, que percebe as contas atrasadas se acumulando em casa. “N�o consigo me manter na posi��o �ntegra de pai. Tenho vergonha da minha filha de 7 anos, que v� chegar as contas de �gua, de luz, que n�o tenho como pagar”, desabafou finalmente o almoxarife, com a devida tradu��o do int�rprete de Libras, Edmilson Freitas, que acompanhou o reclamante na nova consulta. O processo continua em andamento.
A ajuda prestada a Josu� veio de uma das tr�s Centrais de Libras instaladas no estado para apoiar os deficientes auditivos, em Belo Horizonte, Juiz de Fora e Uberl�ndia. Os int�rpretes acompanham pessoas surdas em consultas m�dicas, bibliotecas, hospitais, dentista, bancos, Procons, tribunais, INSS e outros servi�os p�blicos. A maior parte da demanda � no sentido de acompanhar o deficiente auditivo em servi�os de assist�ncia � sa�de (60% dos pedidos).
Na �rea de sa�de, h� casos marcantes que ocorrem durante a tradu��o e a interpreta��o simult�nea do quadro cl�nico de pacientes. � o caso de pacientes que recebem diagn�stico de c�ncer, por exemplo, como ocorreu com dois clientes atendidos pela Central de Libras de Juiz de Fora. Em outro, a int�rprete Sandra de Lourdes Ribeiro acompanhou o processo de uma m�e que havia recebido alta depois do parto em uma maternidade, al�m de auxiliar tamb�m o marido a registrar o nome do beb� no cart�rio da cidade.
Sandra Ribeiro considera que h� hist�rias de vida ainda mais delicadas, em que ela se sente honrada de dar suporte como int�rprete entre o mundo do surdo e a realidade dos ouvintes. No �ltimo m�s, ela vem acompanhando o caso de um jovem surdo que se tornou dependente qu�mico de crack e �lcool. A int�rprete vem fazendo a media��o entre o dependente qu�mico e a psic�loga, tomando o cuidado de n�o censurar ou vetar opini�es de nenhuma das partes. “No momento em que estou verbalizando o sentimento dele, dando voz ao surdo, a fala vai fluindo normal. Eu me sinto bem”, conta ela, que j� teve de dar uma palavrinha com a psic�loga ao fim da sess�o, para tentar entender a rejei��o das fam�lias de ouvintes ao surdo e � necessidade de superproteger o deficiente e duvidar do potencial dele.
As pessoas com defici�ncia auditiva representam 1,1% da popula��o brasileira, segundo o �ltimo dado divulgado pelo IBGE em 2015. Cerca de 0,9% dos brasileiros ficaram surdos em decorr�ncia de alguma doen�a ou acidente e 0,2% nasceu surdo. O int�rprete de Libras de BH, Juliano Salomon, de 43 anos, aprendeu a se expressar em Libras para se comunicar com os pais, Edgard �nio Esteves de Oliveira, de 75 anos, que ficou surdo aos 3 meses depois de uma infec��o de ouvido, e a m�e Dayse Pinto Salomon, de 67, que deixou de escutar aos 3 anos, ap�s um surto de meningite. “Aos 4 anos, j� interpretava para meus pais nas consultas m�dicas. Era muito tranquilo, pois eu sentia necessidade de proteger os dois. Aos 20 anos, comecei a frequentar a academia para aperfei�oar a l�ngua de sinais e me profissionalizar como int�rprete.
As Centrais de Interpreta��o de Libras (CIL) t�m gest�o compartilhada pelos governos federal, estadual e municipal. O Governo de Minas, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Participa��o Social e Cidadania (Sedpac), � respons�vel por equipar as instala��es e pela contrata��o dos int�rpretes. O investimento do estado nas tr�s unidades, at� agora, � de cerca de R$ 500 mil. No Brasil, foram criadas 38 centrais em nove estado.Cada unidade recebe um kit do governo federal, ligado a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, com mobili�rio, equipamentos e um ve�culo, tendo entre as contrapartidas do estado ou munic�pio proponente a designa��o do espa�o f�sico, a contrata��o de int�rpretes, motorista e a manuten��o do ve�culo.
“O ideal � que tivesse uma central de Libras em cada munic�pio. Antes de existir esse servi�o p�blico, as pessoas surdas eram atendidas de forma volunt�ria pelas igrejas cat�licas ou evang�licas, associa��es de surdos ou de forma intuitiva pelos familiares”, explica Edm�lson, que ainda acompanha de perto o caso de Josu�. Ele se interessou pela Libras depois de cumprir uma pena em uma escola de surdos, por dirigir sem habilita��o.
COMO ACESSAR
A pessoa com defici�ncia auditiva poder� entrar em contato para agendar atendimento via e-mail, Facebook, SMS, Skype, WhatsApp ou telefone fixo, e presencialmente, nos seguintes endere�os:
Central de Libras de Belo Horizonte
(Casa de Direitos Humanos)
Av. Amazonas, 558,
5º andar, Centro
Telefone: 3270-3625
Central de Libras de Juiz de Fora
Rua S�o Sebasti�o,
nº 750, Centro
Telefone: (32) 3214 3258)
Central de Libras Uberl�ndia
Pra�a Tubal Vilela,
nº 60, Centro
Telefone: (34) 3235-4174
Idioma visual
A L�ngua Brasileira de Sinais (Libras) pode ser definida como um idioma natural usado pela maioria dos surdos do Brasil. Reconhecida oficialmente pela Lei Federal 10.436/2002, a Libras � visual e gestual, diferentemente de todos os idiomas j� conhecidos, que s�o orais e auditivos. Trata-se de uma l�ngua pronunciada pelo corpo e percebida pela vis�o. O uso de Libras requer aten��o visual, discrimina��o visual, mem�ria visual, express�o facial e corporal, assim como agilidade manual.
A L�ngua Brasileira de Sinais (Libras) pode ser definida como um idioma natural usado pela maioria dos surdos do Brasil. Reconhecida oficialmente pela Lei Federal 10.436/2002, a Libras � visual e gestual, diferentemente de todos os idiomas j� conhecidos, que s�o orais e auditivos. Trata-se de uma l�ngua pronunciada pelo corpo e percebida pela vis�o. O uso de Libras requer aten��o visual, discrimina��o visual, mem�ria visual, express�o facial e corporal, assim como agilidade manual.