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Estado de Minas

Rigor do inverno amea�a vida de quem dorme ao relento e mesmo em abrigos

Reportagem passa noite em albergue onde 360 homens buscaram ref�gio contra o frio


postado em 03/07/2016 11:00 / atualizado em 03/07/2016 11:15

Em cabanas improvisadas, moradores de rua enfrentam frio e desamparo em BH(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
Em cabanas improvisadas, moradores de rua enfrentam frio e desamparo em BH (foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
Mais do que cobertores grossos, fogueiras e alimentos quentes, resistir ao frio rigoroso, que chegou a 10,5°C na semana que passou em Belo Horizonte, exigiu coragem das pessoas que n�o t�m um teto. Nas ruas e pra�as, o vento g�lido que entra nas casinhas de caixas de papel�o se soma �s preocupa��es de quem sofre viol�ncia di�ria, amea�as e reclama da perda de seus pertences para os guardas municipais.

A alternativa ao pernoite nas ruas n�o � menos perigosa. A noite nos albergues municipais sujeita quem n�o tem abrigo � transmiss�o de doen�as infectocontagiosas, como a tuberculose, a infesta��es de insetos sanguessugas, a maus-tratos dos funcion�rios e � viol�ncia de grupos que ditam as regras quando as luzes se apagam.

Essa situa��o considerada “grav�ssima” por especialistas em sa�de p�blica e assistentes sociais foi constatada pela reportagem do Estado de Minas, que na �ltima semana passou uma noite no Albergue Tia Branca, na Floresta, Regi�o Leste de BH, entre os 360 homens que buscaram ref�gio na constru��o. Pernoitou tamb�m entre as pessoas que transformam os bancos e gramados da Pra�a Raul Soares, no Centro, em leitos para sobreviver ao frio, contando com a solidariedade de doadores an�nimos ou institucionalizados e a colabora��o entre os pr�prios moradores de rua.

De acordo com o �ltimo censo realizado em Belo Horizonte pela prefeitura (PBH), em 2014, o n�mero de pessoas em situa��o de rua chegou a 1.827, sendo 813 (44,5%) na Regi�o Centro-Sul da capital mineira. Percorrendo essa regi�o, foram encontradas v�rias col�nias formadas em parede-meia com as fachadas de edifica��es, usando barreiras de caixas de papel�o, camadas de cobertores e um labirinto de carrinhos de supermercados.

S�o grandes aglomera��es de pessoas, em pelo menos 17 pontos encontrados pela reportagem, com destaque para a Rua dos Tamoios, entre ruas Araguari e Rio Grande do Sul, no Centro, onde se enfileiram nas fachadas de lojas mais de 70 pessoas enroladas em cobertores, e as ruas Itamb�, Conselheiro Rocha e Aquiles Lobo, onde mais de 60 se aquecem em fogueiras rodeando o Abrigo Tia Branca, sem contudo entrar nas instala��es.

Os relatos de viol�ncia s�o comuns e aparecem tamb�m no estudo municipal, que destaca que 65% j� foram roubados ou furtados, 55% foram v�timas de preconceito, 50% sofreram amea�as, 50% foram agredidos, 44% foram alvo de maus-tratos, 35% acabaram removidos � for�a de onde estavam e 37,5% das mulheres relataram viol�ncia sexual. Um ambiente assim sugeriria serem os abrigos uma salva��o para quem est� t�o exposto.

Mas n�o � bem assim. O pr�prio censo das pessoas em situa��o de rua mostra que mais de um quarto de quem est� nessa situa��o (27,6%) n�o ingressa no servi�o por causa da inseguran�a no interior das acomoda��es. Outros 33,5% n�o se adaptam ao hor�rio e regras, enquanto 15% disseram ter sofrido maus-tratos no ambiente que deveria ser de acolhimento. “As pol�ticas p�blicas para a popula��o de rua infelizmente n�o podem se resumir � constru��o de abrigos.

Essas s�o estruturas emergenciais onde quem est� na rua deveria encontrar condi��es para se reerguer com seguran�a, sa�de e ter encaminhamento para emprego, renda, moradia, sa�de e educa��o”, considera a educadora social da Pastoral de Rua de Belo Horizonte Claudenice Rodrigues Lopes.


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