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Estado de Minas

Pampulha � a porta do c�u pelas curvas de Niemeyer

Elabora��o da joia que brotou dos croquis do mestre � reverenciada pelo especialista que cresceu admirando a obra, se realizou ensinando e aprendendo com seus tra�os e agora celebra sua proje��o mundial como Patrim�nio Cultural da Humanidade


postado em 18/07/2016 11:00 / atualizado em 18/07/2016 08:37

Flavio de Lemos Carsalade (*)

(foto: Reprodução dos croquis/Fundação Oscar Niemeyer)
(foto: Reprodu��o dos croquis/Funda��o Oscar Niemeyer)
Muito j� escrevi sobre a Pampulha do ponto de vista t�cnico e algumas vezes at� fazendo, com ela, poesia. Mas hoje, sob o impacto alegre de seu reconhecimento como Patrim�nio da Humanidade, quero falar dela de um ponto de vista pessoal. Na inf�ncia, como morador do Centro da Cidade, a Pampulha era o meu outro Belo Horizonte, o lugar do passeio, da amplid�o, dos jogos de futebol, do parque de divers�es, mas tamb�m o lugar do futuro. Um futuro diferente, parte de meu presente, mas constru�do no passado, na inf�ncia de meus pais, mas sempre futuro.

A atemporalidade dos edif�cios projetados por Oscar Niemeyer me encantava. Encantavam-me tamb�m os azuis da Pampulha, azuis que pareciam s� existir ali, em suas �guas com cores t�o diferentes das cores do mar, nos azulejos, azuis que s� ali se viam. Na adolesc�ncia, esquiar na lagoa por entre os pr�dios futuristas era como viajar no c�u. Pampulha era a porta do futuro e era tamb�m a porta do c�u.

Mais tarde, j� como aluno de arquitetura e urbanismo, realizando meu sonho de inf�ncia, projetando meu futuro, Pampulha me dava li��es. Li��es de criatividade, de propor��es, de urbanismo, de Hist�ria, de composi��o. Depois, como professor de Arquitetura, tive muitas vezes o prazer de apresent�-la a meus alunos e de ver o brilho dos olhos deles ao descobrir tanta beleza.

Anos mais tarde, como profissional e administrador p�blico, tive a honra e a oportunidade de cuidar deste meu futuro de inf�ncia consubstanciado nas �guas e nos belos edif�cios que bordejam o lago, nas qualidades de presidente do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha) e de secret�rio de Administra��o Regional da Pampulha, mas tamb�m como t�cnico, atuando na restaura��o de seus principais monumentos.

Participei da desapropria��o da Resid�ncia JK para torn�-la um espa�o de visita��o p�blica ap�s a morte de sua propriet�ria e grande cuidadora, a Dona Juracy, que certamente aprovaria minha atitude.

Associar-me �s a��es de apresenta��o da Pampulha para o mundo e de seu reconhecimento como Patrim�nio da Humanidade se constitui, para mim, n�o em um ep�logo feliz, porque ela sempre vai merecer meu terno cuidado, mas um momento singular de discreto orgulho, quando minha cidade � celebrada por todo o planeta e onde eu posso dizer, como se fora o poeta Fernando Pessoa, que os pr�dios da Pampulha s�o os mais belos do mundo, porque s�o os pr�dios da minha aldeia.

(*) Arquiteto, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenador t�cnico do dossi� de candidatura para a Organiza��o das Na��es Unida para a Educa��o, Ci�ncia e Cultura (Unesco)


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