
O problema teve in�cio ainda em 2011, quando donos de lotes em uma �rea sem infraestrutura urbana nos limites da Pra�a JK, da Vila Acaba Mundo e tamb�m da Serra do Curral, no Bairro Comiteco, com entrada pelas ruas Aldebaram e Monte Azul, come�aram a desconfiar de cercas e telas instaladas na regi�o em �reas particulares das quadras 182 e 183. Desde aquela �poca, o advogado Gustavo Tavares, que representa 14 propriet�rios na regi�o, entrou na Justi�a denunciando o problema, o que, segundo ele, motivou v�rias amea�as de Jo�o Batista e seus funcion�rios ao pr�prio advogado e a seus clientes.
De l� para c� foram duas a��es de reintegra��o de posse, um processo administrativo na prefeitura, um inqu�rito policial e o inqu�rito civil que virou a��o na Justi�a do Minist�rio P�blico, segundo o advogado. “Estamos h� cinco anos tentando provid�ncias para a regi�o, mas at� hoje nada foi feito. Inclusive, os propriet�rios pagam normalmente os tributos como IPTU e taxa de ilumina��o, sendo que n�o existe infraestrutura”, diz Tavares. Ontem, depois de mostrar a �rea � reportagem, Gustavo foi parar na delegacia, pois diz ter sido amea�ado de morte por telefone por Fabr�cio Bruno Braz, que seria funcion�rio do respons�vel pelo loteamento.
Em 2012, equipe do Estado de Minas esteve no local e j� havia presenciado uma tentativa de intimida��o feita pela mesma pessoa ao advogado, que tamb�m acabou na delegacia. Apesar de a Prefeitura de BH alegar que fazia estudos para identificar a extens�o das ocupa��es e garantir que a obra estava embargada, o que se v� no local � a expans�o das constru��es. � poss�vel observar materiais para constru��o, casas j� prontas e trabalhadores iniciando a obra de mais um im�vel, bem perto da Serra do Curral. Um deles disse que trabalha para um coronel aposentado da Pol�cia Militar e que est� acostumado a fazer pequenos servi�os na regi�o. O homem atendeu � liga��o do EM, mas desligou em seguida, ao ouvir que se tratava de um ve�culo de imprensa.

“� incontest�vel que o loteamento clandestino realizado pelo primeiro requerido (Jo�o Batista) causou danos ambientais, uma vez que ele realizou a supress�o de vegeta��o em �rea de transi��o entre a mata atl�ntica e o cerrado, al�m de ter instalado fossas negras e edifica��es no local”, segundo a a��o civil p�blica, que tamb�m traz cr�ticas � PBH. “Essa demora em atender � necessidade p�blica � imperdo�vel, pois o munic�pio est� obrigado a efetivar os direitos fundamentais da dignidade da pessoa humana e do meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo respons�vel por garantir qualidade de vida � popula��o, n�o podendo se omitir por conta de promessas distantes”, acrescentam.
DEMOLI��ES O MP quer que a Justi�a condene o Executivo municipal a fazer a demoli��o de tudo o que foi constru�do na �rea e a remover as fam�lias envolvidas, com inser��o em programas de habita��o. Outra pedido diz respeito � recomposi��o da �rea degrada. As promotoras tamb�m querem uma varredura nos bens de Jo�o Batista, com o objetivo de p�r em indisponibilidade itens que possam garantir indeniza��es aos donos de lotes lesados. O EM tentou entrar em contato com Jo�o Batista e seus advogados, mas eles n�o foram localizados. Por telefone, Fabr�cio Braz negou que tivesse amea�ado o advogado Gustavo Tavares e disse que o Minist�rio P�blico est� agindo por interesse de uma empresa que atua na regi�o. “Essa situa��o da propriedade dos lotes ser� resolvida na Justi�a”, afirma. O �nico documento do processo dispon�vel para consulta traz um pedido do juiz Rinaldo Kennedy Silva solicitando a manifesta��o da Prefeitura de BH antes que o magistrado avalie os pedidos em car�ter liminar.
Nas m�os da Justi�a
Pedidos do Minist�rio P�blico em car�ter liminar
Para o respons�vel pelo loteamento considerado clandestino
1) Apresentar contratos de compra e venda dos lotes
2) Interromper as atividades nas quadras 182, 183 e 184, com entrada pelas ruas Aldebaran e Monte Azul, no Bairro Comiteco, incluindo a retirada de an�ncios de promessa de venda e recebimento de mensalidades relativas a poss�vel comercializa��o de terrenos
3) Coloca��o de placa identificando que o loteamento foi paralisado por estar irregular
4) Identifica��o e indisponibilidade de bens, para garantir indeniza��es a consumidores lesados
Para a Prefeitura de Belo Horizonte
1) Cadastramento das interven��es feitas nos lotes e cadastramento social dos moradores
Pedidos da A��o Civil P�blica *
1) Retirada das pessoas que estiverem morando na �rea irregular, com inser��o das que preencherem os requisitos em programas habitacionais da PBH, em prazo de 60 dias
2) Demoli��o das constru��es clandestinas nas quadras 182, 183 e 184, com a correta destina��o do entulho
3) Regulariza��o fundi�ria dos lotes, caso a prefeitura conclua por essa medida, em prazo de 180 dias
4) Reabilita��o da �rea afetada ou compensa��o ambiental caso os danos tenham sido irrecuper�veis, em prazo de 30 dias
5) Pagamento de indeniza��o aos donos de lotes lesados
6) Pagamento de indeniza��o por danos coletivos ao meio ambiente, de no m�nimo R$ 1 milh�o, assumidos solidariamente entre a prefeitura e o respons�vel pelo loteamento
7) Cancelamento do parcelamento do solo previsto h� mais de 60 anos para a �rea em disputa
* Os prazos s�o pedidos pelo MP. Assim como os demais requerimentos, dependem de posicionamento da Justi�a
Prefeitura de BH diz que far� vistoria
Consultada, a Prefeitura de Belo Horizonte informou j� ter se manifestado no processo e informou que a �rea que � objeto da a��o do MP � particular. Ainda de acordo com o munic�pio, a defini��o sobre o fato de os terrenos se situarem ou n�o em �rea tombada depende de vistoria ainda a ser realizada por �rg�o municipal. A administra��o sustenta que todas as medidas administrativas necess�rias est�o sendo adotadas e que a eventual demoli��o de constru��es irregulares � a �ltima provid�ncia e, que depende de determina��o judicial.
