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Estado de Minas

�s v�speras da Paralimp�ada, portadores de defici�ncia d�o exemplo de supera��o

Atletas em tempo integral travam luta para driblar limita��es do corpo, obst�culos nas ruas e preconceito


postado em 04/09/2016 06:00 / atualizado em 04/09/2016 18:33

Moisés treina com o professor Márcio e sonha se tornar profissional de educação física (foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)
Mois�s treina com o professor M�rcio e sonha se tornar profissional de educa��o f�sica (foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)
Na Paralimp�ada 2016, que come�a em 7 de setembro, no Rio de Janeiro, e vai at� o dia 18, entram em campo mais do que o sonho de ultrapassar recordes mundiais ou a necessidade de superar limita��es de ordem f�sica. S� o fato de ter nascido ou se tornado deficiente f�sico, condi��o que afeta 1,3% da popula��o brasileira, como os entrevistados desta reportagem do Estado de Minas, exige ter disposi��o para encarar uma maratona di�ria pela sobreviv�ncia, ultrapassando obst�culos �s vezes impercept�veis para o restante das pessoas, como degraus nos passeios, barreiras no mercado de trabalho e, principalmente, o olhar de superioridade do outro.

Sem precisar de pausa para respirar, Mois�s Jorge, de 15 anos, explica como � a sensa��o de ser visto como algu�m incompleto, por n�o ter o perfeito jogo das pernas. “Detesto essa cara de d�, essa mesma com que todos me olham, como se eu fosse um lixo humano”, diz. Quando se revela por inteiro, o garoto ganha um atestado de capacidade. “� medida que vou conversando, descobrem que jogo basquete em cadeira de rodas, estudo no segundo ano (do ensino m�dio) e sou um cara inteligente, conversado”, emenda Mois�s Jorge. Ele ganha status de tranquil�o, de apelido Moi (redu��o do nome dele) e planos de cursar educa��o f�sica.

Portador de paralisia cerebral, Moi sempre gostou de praticar esportes, com ou sem o objetivo de reabilita��o dos movimentos. Al�m de acompanhar os jogos pela TV, arriscava-se com o irm�o nas peladas de rua, em Justin�polis. “Entrava nas partidas, mesmo tendo pouco equil�brio. N�o estava nem me importando com o resultado. Queria estar feliz jogando”, diz ele que, em outubro, far� a terceira cirurgia nos dois joelhos.

Mesmo n�o sendo cadeirante, Mois�s Jorge treina basquete em cadeira de rodas com a turma do Sesc do Bairro da Gameleira, aos s�bados. Segue de �nibus para o treino, levado pela m�e, a dona de casa Maria Aparecida da Silva Leite. “Tive sorte, pois meus dois filhos gostam de estudar. O mais velho vai para o lado da computa��o e o Mois�s prefere esporte”, afirma.

Na modalidade, a exig�ncia do uso da cadeira de rodas ajuda a igualar os n�veis de limita��o corporal, porque alguns alunos podem ter for�a no torso ou apenas nos bra�os e pesco�o. Por meio de uma faixa, os atletas s�o fixados � estrutura, de rodas largas e adaptada a cada tipo de corpo. Na frente, uma barra de ferro protege as pernas do impacto dos choques. “Experimente jogar sentado. � muito mais dif�cil, pois exige for�a nos bra�os. No in�cio, achava a bola superpesada”, diz o jovem, sorrindo.

Para M�rcio Can�ado, treinador da Associa��o Mineira de Reabilita��o (AMR), que vai promover olimp�ada interna no segundo semestre, a vantagem de ensinar basquete, handebol ou bocha na entidade � tirar o aluno do papel de coadjuvante e elevar a autoestima dele, a ponto de ocupar a fun��o de protagonista. Ao conhecer as pr�prias habilidades motoras, o cadeirante poder� propor brincadeiras de bola e em equipe, em vez de ser isolado da roda de colegas da escola ou do bairro.

Ao contr�rio, o esporterapeuta defende que os para-atletas devem ter respeito maior do p�blico, em dobro: “A luta deles come�a ao sair de casa para treinar, trombando em passeios sofr�veis, encarando �nibus com espa�o adaptado a um cadeirante por vez. Para eles, tudo � mais moroso e cheio de barreiras”. Merecem aplausos, com direito a bis, por serem “meninos que queriam alcan�ar o sol” e “meninas que queriam ser livres como as sereias”, conforme ensinam os grafites de Rog�rio Fernandes, lindamente impressos nas paredes da AMR.


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