
O secret�rio de Meio Ambiente de Belo Horizonte, Vasco Ara�jo, poder� ser responsabilizado pessoalmente e at� detido caso a determina��o da Justi�a para a retirada imediata das capivaras da Lagoa da Pampulha n�o seja cumprida. Em car�ter liminar, a decis�o pela remo��o e isolamento dos roedores � do desembargador federal Souza Prudente, da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Regi�o (TRF1), de Bras�lia, proferida em apela��o proposta pela associa��o de moradores do Bairro Bandeirantes, na Regi�o da Pampulha. “Se n�o houver cumprimento vamos fixar multa ao secret�rio de Meio Ambiente, que pode at� ser preso. Esperamos que a autoridade cumpra a determina��o e que n�o sejam necess�rias multa nem pris�o”, disse.
O desembargador informou ainda que se algu�m no entorno da Lagoa da Pampulha vier a se contaminar com a febre maculosa, transmitida pelo carrapato-estrela que se hospeda nas capivaras e em outros animais, a partir de agora poder� buscar indeniza��o junto ao munic�pio. “As capivaras est�o amea�ando n�o s� a sa�de p�blica de Belo Horizonte. � um problema transfronteiri�o”, alertou o magistrado. Souza Prudente afirma que a decis�o tem natureza cautelar, diante de uma situa��o de amea�a � sa�de p�blica. A determina��o de retirada dos animais divide opini�es de moradores e turistas que diariamente visitam o complexo, recentemente destacado com o t�tulo de Patrim�nio Cultural da Humanidade.
O embate judicial em torno das capivaras da Lagoa da Pampulha come�ou na 20ª Vara da Justi�a Federal em Belo Horizonte, no ano passado, em a��o proposta pelo munic�pio contra o Ibama. A Prefeitura de Belo Horizonte defendia o recolhimento dos animais, com indica��o do instituto sobre onde deveriam ser mantidos. J� o �rg�o federal era contra a manuten��o em cativeiro, entendendo que os esp�cimes deveriam ser libertados e manejados de forma sustent�vel. Foi concedida liminar favor�vel ao isolamento. Por�m, quando o m�rito da a��o foi julgado improcedente, a liminar caiu e a prefeitura teve de libertar os roedores. A decis�o do TRF restabelece a liminar.
DESEQUIL�BRIO
Ativistas em defesa dos animais afirmam que a retirada das capivaras da Lagoa da Pampulha causar� desequil�brio ecol�gico, o que pode agravar a infesta��o de carrapatos-estrela, hospedeiros da bact�ria que causa a doen�a. “Essa decis�o coloca a popula��o em risco gravemente. Os carrapatos, que ficam hospedados nas capivaras, migrar�o para outros animais”, defende Adriana Ara�jo, do Movimento Mineiro de Defesa de Animais. Segundo ela, outras cidades brasileiras, como Vi�osa e Campinas, adotaram a retirada dos roedores com resultado negativo.
Quem defende a perman�ncia dos roedores sustenta que eles atuam como barreira de prote��o tanto para seres humanos quanto para outros animais. Adriana lembra que circulam pela orla cachorros e cerca de 300 cavalos. Ela afirma ainda que a remo��o das capivaras abre espa�o para que outros grupos cheguem � lagoa e procriem de forma descontrolada, pela abund�ncia de alimento e aus�ncia de predadores. A Prefeitura de Belo Horizonte informou que s� se pronunciar� sobre o assunto depois de se inteirar da decis�o judicial.
• Quest�o divide frequentadores

A decis�o de isolar as capivaras da Lagoa da Pampulha divide opini�es de moradores e de quem frequenta a regi�o. “Se a presen�a das capivaras p�e em risco a sa�de da popula��o, o mais indicado � retir�-las o mais r�pido poss�vel. Acho que esta regi�o n�o � a mais indicada para abrigar esse tipo de animal”, disse o aposentado Montgomery Martins de Abreu, morador do Bairro Nova Gameleira, na Regi�o Oeste, e que visitava na tarde de ontem o Museu de Arte Moderna (MAP).
As margens da represa no fundo do MAP s�o um dos locais preferidos pelas capivaras. Mesmo assim, muitos visitantes procuram o gramado para curtir bons momentos no fim de semana. Descansando ao lado do marido, R�gis Barros, analista de rede, a professora de artes Eliani Silveira, moradora de Contagem, disse que “o prazer compensa os riscos”, especialmente em uma cidade como BH, que tem poucas op��es de lazer para a popula��o. “N�o sei se essa decis�o vai resolver o problema, os animais precisam ser tratados. Acho que o alarde que se fez � maior do que a situa��o real”, minimizou.
Chegando ao MAP, a bi�loga Anne Gomide, moradora do Bairro Sagrada Fam�lia, na Regi�o Leste, considerou a decis�o do desembargador correta, diante do �bito ocorrido no in�cio do m�s passado – quando um menino de 10 anos morreu v�tima de febre maculosa, ap�s frequentar o Parque Ecol�gico Promotor Francisco Jos� Lins do R�go Santos e ser picado por carrapatos. “Acho perigoso os animais ficarem soltos por a�. Eu, por exemplo, n�o tenho coragem de trazer meus filhos para passear no parque”, afirmou. Com um grupo de amigos, o empres�rio Patrick Carvalho, morador do Bairro Santa Am�lia, na Regi�o da Pampulha, ressaltou que s� � admiss�vel a retirada dos roedores com fins ecol�gicos: “Se for para extermin�-las, sou totalmente contra”.
Na tarde quente de s�bado, com sol forte e c�u sem nuvens, muitos pescadores jogaram a isca na Lagoa da Pampulha – alguns completamente indiferentes �s capivaras, que, aos bandos, procuravam a sombra das �rvores. No interior e nas imedia��es do Parque Ecol�gico, que tem focos de carrapatos e teve parte da �rea isolada desde a morte da crian�a por febre maculosa, o movimento era m�nimo, com a presen�a de poucos corredores, ciclistas ou fam�lias em visita aos pontos tur�sticos.