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Estado de Minas

Alunos de ex-escola de Bento Rodrigues encenam pe�a para homenagear povoado

Ato fez parte de eventos para resgatar a mem�ria do subdistrito de Mariana, devastado h� um ano pelo rompimento de barragem da Samarco


postado em 06/11/2016 06:00 / atualizado em 06/11/2016 08:36

Alunos da Escola Estadual Bento Rodrigues usaram o teatro para relembrar a vida no povoado de Mariana (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Alunos da Escola Estadual Bento Rodrigues usaram o teatro para relembrar a vida no povoado de Mariana (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Da lama, a hist�ria. Alunos da Escola Municipal Bento Rodrigues, em Mariana, na Regi�o Central de Minas, abriram ontem a exposi��o Bento Rodrigues: Nossa hist�ria, nossa vida, no Centro de Conven��es da cidade, resgatando a mem�ria do subdistrito devastado pela lama da Samarco na trag�dia que completou um ano.

Professores e equipes pedag�gicas da institui��o de ensino participaram do trabalho, que tamb�m contou com apresenta��o de teatro, m�sica e de v�deos. O rompimento da Barragem do Fund�o, em 5 de novembro de 2015, deixou 19 mortos e um rastro de destrui��o por toda a Bacia do Rio Doce, se tornando o maior desastre ambiental do pa�s.


Em outro sal�o do Centro de Conven��es, um palco de teatro foi montado com terra, onde as crian�as, durante o espet�culo, resgataram da lama a sua hist�ria. Recortes de jornais e revistas serviram de pano de fundo para uma hist�ria tr�gica que jamais ser� esquecida, n�o apenas pelas crian�as e outros moradores do antigo subdistrito, mas do mundo inteiro, que compartilhou e compartilha de uma dor que jamais ser� esquecida, talvez superada.

De acordo com a diretora da escola, Eliene Geralda dos Santos, a unidade de ensino destru�da foi transferida para o Bairro Ros�rio, em Mariana. “� um resgate da hist�ria dos alunos no Bento. S�o fotos deles mais novos, registros em pinturas em telas, tudo que eles t�m saudade da antiga escola, do subdistrito e do time de futebol S�o Bento”, conta a diretora. Na exposi��o, s�o muitos desenhos. “Eles treinaram primeiro nos desenhos e depois foram para a tela a �leo”, disse Eliene.

A pintura, inclusive, foi uma das atividades que mais empolgaram. Os trabalhos foram orientados pelo artista pl�stico Roberto de Lima, presidente da Associa��o Marianense dos Artistas Pl�sticos (Amap). “A pintura � uma forma muito interessante de guardar as mem�rias. Os s�mbolos campe�es de reprodu��o nas telas foram a igreja e a pr�pria escola de Bento”, conta Roberto, ressaltando que ficou surpreso com o resultado das oficinas.

Na tela pintada por Ana Fl�via Felipe, de 10 anos, os s�mbolos escolhidos foram as flores e o beija-flor. O pai de Ana, Francisco de Paula Felipe, 47, ficou impressionado com o trabalho da filha. “Cada um guarda sua mem�ria de um jeito. Ela escolheu duas coisas que tinham muito no nosso Bento. Quem sabe ela n�o vira uma pintora?”, torce o pai.

Um dos símbolos mais pintados pelos alunos foi a própria escola de Bento, principal referência para a maioria das crianças e adolescentes(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Um dos s�mbolos mais pintados pelos alunos foi a pr�pria escola de Bento, principal refer�ncia para a maioria das crian�as e adolescentes (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)

A hist�ria da geleia de pimenta, produzida por uma cooperativa de mulheres no antigo Bento, e que � famosa em todo o Brasil, tamb�m � contada na exposi��o. As crian�as confeccionaram um livro de receitas usando o produto. Quem quiser levar a geleia para casa, o pote custa R$ 8.

O terceiro ano da escola fez um ba� de mem�rias. � a mesma turma de Thiago, de 7 anos, que morreu sufocado pela lama e foi homenageado na exposi��o. Cada aluno relembrou sua hist�ria no Bento guardando suas lembran�as em pequenas caixas personalizadas. “Os estudantes reclamavam que a hist�ria deles tinha acabado. O trabalho mostra o contr�rio”, explica a diretora. Nas caixas, objetos que as crian�as conseguiram salvar da lama. Muitas n�o tiveram tempo de pegar nada quando fugiam do mar de lama, e as recorda��es foram retratadas em desenhos.

Uma cama de solteira foi exposta no Centro de Conven��es. Ele recebeu uma colcha de retalhos e em cada retalho uma crian�a fez um desenho simbolizando a sua parte na hist�ria do antigo povoado. A professora de ingl�s organizou um �lbum de figurinhas com as crian�as, mostrando fotos do antigo Bento, hist�ria contada em portugu�s e em ingl�s. S�o fotos da Igreja de S�o Bento, que ficava na pra�a principal e que foi destru�da, casas e o antigo Restaurante da Sandra, famoso pela sua coxinha de frango.

Um painel com o sobrenome de todas as fam�lias de Bento Rodrigues tamb�m foi exposto. Em volta, marcas de m�os feitas com as crian�as simbolizando a lama. Em outro canto, um varal com fotos que foram resgatadas depois da trag�dia mostrando como era a vida das crian�as na escola. No cantinho “Cantar Bento � o nosso talento”, a crian�ada relembrou m�sicas que cantavam na escola. O s�bado foi especial para elas, pois o CD que gravaram ficou pronto e cada uma recebeu o seu.

As m�sicas escritas em cartazes ganharam ilustra��es, bordados e outros adere�os confeccionados pelos alunos. Casinhas feitas com palitos de picol� ilustraram o cartaz com a m�sica A casinha da vov�, que � “cercadinha de cip�”.

Ver galeria . 8 Fotos Estudantes produziram desenhos, pinturas, tiraram fotos, construíram poesias, encenaram um teatro e mais uma série de atividades para resgatar memórias do vilarejo que foi soterrado pela lama da SamarcoGladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS
Estudantes produziram desenhos, pinturas, tiraram fotos, constru�ram poesias, encenaram um teatro e mais uma s�rie de atividades para resgatar mem�rias do vilarejo que foi soterrado pela lama da Samarco (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS )

CARTAS
V�rias mudas de plantas mostram como era a flora em Bento Rodrigues. Por l�, abacate-manteiga e a sibipiruna. Na entrada do evento, um mosaico com palavras que remetem ao Bento, como saudade e uni�o. Um livro feito pela crian�ada contando a hist�ria do projeto, todo artesanal, tamb�m est� exposto e busca parceria para ser publicado. Nos quadros, a escola foi a mais retratada pelas crian�as. O artesanato de Bento tamb�m foi exposto. Trabalho de fam�lias inteiras que continuou sendo feito mesmo depois da destrui��o do lugar.

Cartas de crian�as de v�rios estados brasileiros, enviadas em solidariedade aos alunos da escola, tamb�m s�o expostas. O time de futebol Uni�o S�o Bento n�o foi esquecido pela crian�ada. A camisa mais antiga do time resgatada da lama est� exposta. Na barraquinha da hist�ria do Bento, textos e desenhos sobre a origem do lugarejo, com seus mais de 300 anos, mais antigo at� que Mariana, quando os bandeirantes chegaram � regi�o em busca do ouro.

As crian�as fizeram ainda um calend�rio de 2017 com fotos do lugarejo, que agora s� existe em suas lembran�as, mas de um ano que ainda est� para nascer. Vida que segue. (Colaborou Guilherme Paranaiba)


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