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Estado de Minas

Parques de Belo Horizonte viram retratos de abandono e vandalismo

�reas verdes de BH que deveriam se destinar � preserva��o do meio ambiente e ao uso da popula��o se transformaram em retratos do abandono, vandalismo e ocupa��o irregular


postado em 06/03/2017 06:00 / atualizado em 06/03/2017 07:41

Em espaços como o Parque Jardim Belmonte, depredação é tamanha que até telhas das construções foram roubadas(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Em espa�os como o Parque Jardim Belmonte, depreda��o � tamanha que at� telhas das constru��es foram roubadas (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
O desleixo do poder p�blico transformou parques municipais de Belo Horizonte, estruturados para a preserva��o do meio ambiente e lazer dos moradores, em territ�rios de assaltantes, usu�rios de drogas e at� pontos de prostitui��o. Lugares que j� foram considerados cart�es-postais da cidade est�o esquecidos pelos governantes, em mais um exemplo de como parte dos impostos dos contribuintes n�o � bem administrada.

A Funda��o de Parques Municipais (FMP) iniciou um diagn�stico das 75 unidades sob sua gest�o e, por enquanto, constatou que “apenas 15% dos equipamentos e infraestrutura est�o em boas condi��es para uso da popula��o”. Por tr�s do sucateamento impera o risco da viol�ncia.

H� casos que beiram o inacredit�vel, como o do Jardim Belmonte, no bairro hom�nimo da Regi�o Nordeste. O parque foi inaugurado em 1996, em uma �rea de 57,6 mil metros quadrados, � margem direita do C�rrego Maria Goreth. Moradores contam que dava gosto ver a garotada observando a fauna, composta de p�ssaros como trinca-ferro, sabi�-do-barranco, juriti, saracura, bem-te-vi, rolinha, sanha�o, pica-pau, maritaca, martim-pescador e gavi�o.

Os amigos Victor e Sávio e o que restou do espaço utilizado por grupo de escoteiros, obrigado a se mudar para lugar distante(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Os amigos Victor e S�vio e o que restou do espa�o utilizado por grupo de escoteiros, obrigado a se mudar para lugar distante (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
No espa�o havia uma lagoa artificial, uma escola infantil integrada, uma academia gratuita de gin�stica, um grupo de escoteiros e outro com aprendizes de m�sicos. Era o principal ponto de encontro de uma comunidade carente de outros espa�os com �rea verde. Adultos e crian�as gostavam de descansar nas sombras das mangueiras e de jogar peteca na quadra de areia. O tempo passou e o que era belo e eficaz acabou.

Por falta de manuten��o, o espelho d’�gua secou. A escolinha n�o p�de continuar l�. E o im�vel, vazio, teve todas as telhas surrupiadas. As aulas de m�sica e de gin�stica tamb�m precisaram ser encerradas, pois janelas e portas da constru��o foram arrancadas. As paredes, pichadas. O grupo de escoteiros se mandou do parque, porque a casa em que eles se reuniam teve paredes jogadas no ch�o.

O fim das atividades no Jardim Belmonte abriu a cancela para outro p�blico: os usu�rios de drogas. Hoje, eles acendem cigarros de maconha no interior das constru��es abandonadas ou debaixo das mangueiras, espa�os antes ocupados pela comunidade. Tamb�m desfrutam sem ser incomodados das margens do que j� foi um espelho d’�gua com peixes.

Jhonatan Magalhães, ao lado de Beatriz, em um dos esqueletos do lugar no qual já trabalhou como voluntário: 'Tudo acabou'(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Jhonatan Magalh�es, ao lado de Beatriz, em um dos esqueletos do lugar no qual j� trabalhou como volunt�rio: 'Tudo acabou' (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
“� triste ver no que o parque se transformou. Ver o nosso imposto ser jogado fora � lament�vel. Algo tem de ser feito”, indigna-se Valdinei de Souza, de 30 anos. “Fui um dos v�rios volunt�rios aqui. Havia professores de m�sica, de gin�stica... Tudo acabou. Veja como o lugar est�: decadente. A prefeitura precisa tomar provid�ncias”, cobrou Jhonatan Magalh�es, de 19.

A reivindica��o dos dois � refor�ada por garotos que frequentavam o grupo de escoteiros local. “Como o parque ficou assim, o grupo passou a se reunir em outro lugar. � longe, por isso tive de parar de ir. Gostaria que o parque voltasse a ser como antes, para eu poder voltar ao escotismo”, conta S�vio Rodrigues, de 13. “�ramos uns 100 escoteiros”, completa Victor F�lix, enquanto observa brinquedos de madeira erguidos no gramado. Eram usados pelas crian�as da escolinha. Alguns foram quebrados por v�ndalos.
Estruturas se degradam também no Professor Guilherme Lage, onde abandono abriu as portas para tráfico e uso de drogas(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Estruturas se degradam tamb�m no Professor Guilherme Lage, onde abandono abriu as portas para tr�fico e uso de drogas (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)

P�blico expulso


Situa��o parecida ocorre no Parque Professor Guilherme Lage, inaugurado em 1982, em uma �rea de quase 120 mil metros quadrados no Bairro S�o Paulo, na Regi�o Nordeste de BH. Maria Dias, que conhece bem o lugar, faz um alerta aos desavisados: “O fundo do parque � perigoso. Sempre h� um pessoal usando drogas. E l� dentro h� at� meninas de programa”.

Grupos de viciados se embrenham na mata do lugar para usar drogas durante o dia. Para sustentar o v�cio, alguns cometem furtos e assaltos. O aposentado Jos� Cristiano, de 65, conta que, “vira e mexe”, h� relatos de crimes: “Muitos ‘noiados’ ficam no fundo do Guilherme Lage. Tamb�m tem prostitui��o”, refor�a.

Not�cias de crimes no parque j� n�o s�o novidade. Em fevereiro de 2014, por exemplo, o corpo de um travesti foi encontrado entre as �rvores. Em setembro do mesmo ano, dois homens foram presos no estacionamento com um carro que havia sido roubado. De l� para c�, relatos de assaltos e vandalismo v�m se acumulando.

Um dos banheiros precisou ser fechado, por exemplo, pois v�ndalos arrancaram torneiras, destru�ram o espelho e danificaram outros objetos. Picha��es est�o presentes em v�rias constru��es, em um contraste � rica flora e fauna do lugar, criado com o objetivo de proteger fauna, flora e as diversas nascentes catalogadas naquele peda�o de terra.

Na unidade h� mais de 150 esp�cies de �rvores, como ac�cias, sapucaias, paus-ferro, ip�s, quaresmeiras, palmeiras, ciprestes, mangueiras, jatob�s, barrigudas e exemplares de pau-brasil. A fauna tamb�m � variada, composta de anf�bios, r�pteis, roedores, primatas e aves. Mas, com o abandono, tamb�m h� lixo e preservativos usados descartados no estacionamento, em um exemplo de que o lugar precisa de aten��o do poder p�blico.
Sem vigilância, construções como banheiros se tornaram alvo de pichadores e ladrões, que arrancam torneiras e espelhos(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Sem vigil�ncia, constru��es como banheiros se tornaram alvo de pichadores e ladr�es, que arrancam torneiras e espelhos (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


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