
O assassinato da travesti Mirella de Carlo, de 39 anos, no Bairro Carlos Prates, Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, vai completar um m�s no pr�ximo domingo. Para cobrar rigor na investiga��o do crime e de outras 27 mortes de pessoas trans, ativistas das causas LGBT+ e familiares da v�tima v�o fazer uma manifesta��o na Pra�a Sete. O ato est� marcado para as 14h. A Pol�cia Civil afirma que j� colheu depoimentos de testemunhas e faz dilig�ncias para chegar at� o autor do homic�dio contra Mirella. Parentes dela cobram por mais informa��es das apura��es.
O crime ocorreu em 19 de fevereiro. No boletim de ocorr�ncia da Pol�cia Militar, consta que Mirella, garota de programa e defensora dos direitos de pessoas trans, foi sufocada com uma toalha de banho dentro do quarto, no apartamento onde morava, no Bairro Carlos Prates. Al�m do esganamento, o corpo da v�tima apresentava marcas de agress�o f�sica. Uma amiga que dividia o apartamento com ela, relatou � PM que na noite anterior ao crime saiu para uma festa por volta de 1h e achou Mirella com um semblante triste.
Segundo a PM, em resposta � amiga, ela assegurou que estava tudo bem, disse apenas que estava cansada e que iria dormir e descansar. No dia seguinte, a mulher chegou em casa pela manh� e viu a porta do quarto fechada. Quando entrou no c�modo, achou que Mirella ainda estava dormindo. Depois de sete horas que a colega estava fechada no quarto, sem fazer barulhos, a testemunha estranhou e resolveu checar se a companheira de apartamento estava bem. Ao abrir a porta, viu a travesti morta com uma toalha enrolada no pesco�o.
O namorado de longa data da v�tima disse aos policiais que momentos antes da morte ele conversou com ela durante uma hora por telefone. A liga��o foi interrompida quando o interfone tocou e Mirella disse que atenderia um cliente. No BO, consta que n�o h� sinais de arrombamento na porta do apartamento e na portaria do pr�dio.
Investiga��o
A irm� de Mirella, Cici, de 43, cobra informa��es sobre a apura��o do caso. “Parece que n�o est� andando nada. N�o temos condi��es de ir at� Belo Horizonte. Gra�as a Deus que Mirella � bem conhecida no Brasil e no exterior. E isso ajuda muito, pois muitas pessoas est�o ajudando. Mas estamos ligando na delegacia e falam para ter paci�ncia e calma. Dizem que est�o trabalhando, mas estamos com o cora��o apertado”, desabafou. A fam�lia da v�tima mora em Aracaju.
Segundo Cici, a irm� estava sendo amea�ada por um companheiro dela. “Ela chegava a falar que iria embora para Aracaju. Tanto que iria viajar para c�, mas dias antes foi amea�ada por ele. Ela me contou que o homem a amea�ou de morte se ela viajasse”, comentou.
Por meio da assessoria de imprensa da Pol�cia Civil, a delegada Adriana Rosa, respons�vel pelo caso, afirmou que j� ouviu v�rias testemunhas e que equipes da Delegacia de Homic�dios est�o trabalhando no caso. Algumas dilig�ncias est�o em andamento, mas detalhes ainda n�o podem ser adiantados para n�o atrapalhar nas investiga��es, disse.
Protesto
O ato para cobrar mais rigor nas investiga��es est� previsto para o pr�ximo domingo na Pra�a Sete. “Vai ser uma manifesta��o pac�fiica para que as autoridades vejam que estamos de olho e cobrando que matam travestis e transsexuais e o criminoso nunca aparece. � muito f�cil quando prende travesti e transexuais com facas e drogas, mas com as pessoas que matam n�o acontece nada”, afirma Anyky Lima, vice-presidente do Centro de Luta pela Livre Orienta��o Sexual de Minas Gerais (Cellos).
Segundo Anyky, somente neste ano, 28 pessoas trans foram assassinadas. “Vamos levar cartazes para mostrar n�o apenas os crimes, mas outro tipo de viol�ncia que podem chegar at� o crime. Ent�o, vamos falar sobre tudo isso e expor para a sociedade”, completou.