
“Ontem foi a Mirella, mas amanh� poder� ser eu a v�tima de um crime b�rbaro como este. O Brasil � o pa�s que mais mata travestis e transexuais de todo o mundo e estamos aqui para mostrar que lutamos. Todo mundo tem o direito de viver e as pessoas precisam entender que n�s somos seres humanos como qualquer outro”, afirmou Anyky Lima, de 61, vice-presidente do Centro de Luta pela Livre Orienta��o Sexual de Minas Gerais (Cellos).
Ela pontua que os crimes de car�ter transf�bico s�o cru�is e a investiga��o da pol�cia � lenta: “S�o assassinatos b�rbaros. Assim como ocorreu com a Dandara, que, inclusive, foi filmada durante a agress�o, os casos se tornam banais para a sociedade. Ningu�m se mexe... Al�m do mais, se o crime tivesse sido cometido por uma travesti, ela estaria presa. N�s (travestis e transexuais) somos uma carne barata para o mundo”, disse.

Segundo a corpora��o, em resposta � amiga, ela assegurou que estava tudo bem, disse apenas que se sentia cansada e que iria dormir e descansar. No dia seguinte, a mulher chegou em casa pela manh� e viu a porta do quarto fechada. Quando entrou no c�modo, achou que Mirella ainda estava dormindo. Depois de sete horas fechada no quarto, sem fazer barulhos, a testemunha estranhou e resolveu checar se a companheira de apartamento estava bem. Ao abrir a porta, viu a travesti morta com uma toalha enrolada no pesco�o.
Dados divulgados pela ONG Transgender Europe (2016) apontam que o Brasil ocupa o 1º lugar em crimes por transfobia no mundo. Em Belo Horizonte, 96,4% dessa popula��o j� sofreu algum tipo de viol�ncia f�sica, 74,5% suportou amea�as e 46,8% foi estuprada. S�o os n�meros mais recentes da pesquisa “Direitos e viol�ncia na experi�ncia de travestis e transexuais na cidade de Belo Horizonte: Constru��o de um perfil social em di�logo com a popula��o”, do N�cleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT (NUH), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os dados foram tabulados em 2015.
Protesto em Fortaleza
Ato cultural em Fortaleza relembrou o caso Dandara e pediu o fim da transfobia no fim de semana. M�sica, cinema, dan�a e performances marcaram a programa��o do Centro Cultural Bom Jardim no s�bado em homenagem a Dandara dos Santos, travesti que foi torturada e morta em Fortaleza. Intitulado Dandaras Vivem, o evento chamou a aten��o para a brutalidade do caso, ocorrido em 15 de fevereiro e reivindicou o fim da LGBTfobia.
O assassinato de Dandara ganhou repercuss�o internacional depois que o v�deo com a sequ�ncia da tortura a que foi submetida circulou nas redes sociais. Ela foi espancada, colocada em um carrinho de m�o e morta com disparos de arma de fogo. Oito pessoas foram detidas acusadas de participar do crime, sendo quatro adultos e quatro adolescentes.