Na tarde de ontem, subiu para 10 o n�mero de v�timas mortas na trag�dia: oito crian�as e Helley. O autor da agress�o tamb�m morreu. O corpo de Helley foi enterrado na tarde de sexta-feira, em Jana�ba, com o vel�rio sendo acompanhado por centenas de pessoas. O corpo foi traslado at� o cemit�rio em um carro aberto do Corpo de Bombeiros e enterrado sob aplausos. Ela deixou tr�s filhos: Breno, de 15, L�via, de 12; e o beb� Olavo, de um ano e tr�s meses.
Uma profissional dedicada, cujo empenho transcendia o sal�rio de cerca de R$ 1,5 mil como professora municipal em Jana�ba. Esse � o perfil de Helley Abreu, que, devido � sua bravura e coragem, ganhou o notici�rio do Brasil inteiro pelo esfor�o que desempenhou na tentativa de salvar as crian�as do inc�ndio na creche, o que acabou levando � perda de sua vida.
Helley foi uma pessoa marcada pela supera��o. Integrante de uma fam�lia de tr�s irm�os, ela nasceu em Montes Claros (cidade polo do Norte de Minas) e, ainda na juventude, mudou-se para Jana�ba, onde o pai, Jo�o Rodrigues da Silva (j� falecido), arrumou um emprego numa loja de m�veis. Com pouco mais de 20 anos, casou-se com Luiz Carlos Batista. Ainda na juventude, experimentou uma grande trag�dia pessoal. Durante uma festa de carnaval, foi com a fam�lia para um clube no balne�rio Bico da Pedra, onde o primeiro filho dela, Pablo, de 5, morreu afogado na piscina do clube. “Foi muito dif�cil. Todo mundo da fam�lia ficou muito chocado. O meu cunhado at� pensou em fazer uma besteira. Mas a Helly superou”, relembra o serralheiro Paulo Rog�rio Abreu, irm�o da professora hero�na.
Com a perda da irm�, Paulo Rog�rio ficou desconsolado. “N�o tem o que falar. N�o tenho palavras para dizer, (a morte de Helley) � uma coisa muito tr�gica. Ningu�m esperava que pudesse acontecer. Ela tamb�m n�o merecia uma coisa dessa. Ela era realmente muito dedicada � fam�lia e ao trabalho”, disse.

DEDICA��O Formada em pedagogia, Helley come�ou a trabalhar h� alguns anos como professora municipal em Nova Porteirinha, separada de Jana�ba pelo Rio Gorutuba. Inicialmente, trabalhou na zona rural, numa comunidade chamada Dengoso. Depois, trabalhou na Escola Estadual Luzia Mendes, no Bairro Dente Grande, �rea de baixa renda de Jana�ba. No ano passado, come�ou o servi�o na creche Gente Inocente, no Bairro Rio Novo, em Jana�ba, fazendo aquilo de que mais gostava: dedicar-se �s crian�as. Morava em Nova Porteirinha e todos os dias atravessava a ponte sobre o Rio Gorutuba para cuidar de “suas crian�as”, como as considerava. N�o gostava de faltar ao trabalho. Tamb�m fez curso de especializa��o na �rea educacional, buscando conhecimento na �rea da inclus�o de pessoas com defici�ncias.

Luiz Carlos tamb�m contou que, na v�spera da trag�dia, uma amiga de Helley disse que ela n�o deveria ir na creche no dia seguinte, porque estava muito rouca. “Mas ela respondeu: ‘Eu tenho que ir para cuidar dos meus (as crian�as). N�o posso faltar”, completou o marido de Helley. Nos �ltimos dias, a professora tamb�m estava muito emotiva por causa das comemora��es da Semana da Crian�a.

Reconhecimento de amigos e colegas
“Ela era uma pessoa muito dedicada. Adorava o que fazia, Nasceu para ser professora. Nem parecia que tinha enfrentado algum sofrimento na vida”, afirma Elizabeth Fernandes, colega de trabalho e muito amiga de Helley, referindo-se ao epis�dio vivido por ela com a perda do filho Pablo. “A Helley sempre andava com um sorriso no rosto”, completa Elizabeth. Segundo ela, ultimamente, a professora estava muito feliz com a proximidade da realiza��o de um sonho: a formatura do marido no curso de odontologia.
A professora Eunice Batista Borges � outra que enaltece as qualidades da colega morta na trag�dia em Jana�ba. “Ela era uma pessoa muito prestativa. Era uma pessoa excelente, muito companheira mesmo”, diz. “A Helley era uma pessoa exemplar, amiga de todos os momentos, das horas boas e das horas dif�ceis tamb�m”, destaca Silvinha Ferreira, tamb�m professora na cidade.
A auxiliar Mirelle Brito, tamb�m funcion�ria da creche, enche Helley de elogios. Mirelle conta que, na quinta-feira, Helley estava muito alegre. “Ela disse que iria brincar com as crian�as e ensinar zumba para elas”. Infelizmente, a dan�a n�o ocorreu. Mirelle trabalhava na creche no dia da trag�dia e escapou porque estava com um grupo de crian�as, “que tomavam banho de mangueira” ap�s brincadeira em cama el�stica, no p�tio do centro de educa��o infantil.,