
Para chegar a essa conclus�o, a professora disse ter pesquisado e conversado com representantes de movimentos negros, estudantes de a��es afirmativas e mulheres negras at� entender que ela n�o se enquadra nos crit�rios da lei. Isso porque, segundo Ana Carolina, as cotas buscam aumentar a representatividade dos negros declarados nas universidades e, para preencher esse requisito, ela teria que ser reconhecida como negra.
“Isso n�o significa que basta eu n�o ser branca para poder utiliz�-las. � necess�rio que eu represente os negros, � necess�rio que eu seja negra. � uma quest�o simb�lica, de representa��o. Se eu n�o sou identificada como negra, n�o serei uma acad�mica negra, nunca serei reconhecida como uma professora negra, porque as pessoas olham para mim e n�o me veem como negra”, disse a professora. E refor�a: “A quest�o da imagem � fundamental, porque vai muito al�m do ‘pagamento de uma d�vida’ ou de ‘uma compensa��o’ pelos crimes de racismo praticados hist�rica e cotidianamente por brasileiros”, sustentou.
O caso veio a p�blico em 24 de novembro, depois de uma postagem de Ana Carolina no Facebook comemorando a aprova��o no mestrado. De imediato vieram as cr�ticas nas redes sociais e a professora foi denunciada por integrantes do movimento negro e estudantes da UFMG por suposta fraude. Como resposta, a jovem se defendeu e citou a sua heran�a familiar como fator decisivo para ingressar no processo seletivo do sistema de cotas como parda. “A minha tatarav� era escrava. Ela morava na casa dos patr�es. N�o precisava pagar comida nem contas. Depois que saiu de l�, passou a ter que arcar com esses gastos, mesmo n�o estando preparada e inserida no mercado de trabalho. Acredito que o passado da minha fam�lia influencia a minha gera��o”, disse.
Mesmo reconhecendo o erro, a professora mant�m a expectativa de poder se matricular no curso, previsto para come�ar em mar�o. “Gostaria que este erro pudesse ser corrigido da melhor forma poss�vel, sem implicar minha exclus�o do processo seletivo”, disse, refor�ando ainda que espera levar o tema para o debate p�blico de forma que possa contribuir para futuros esclarecimentos, consolida��o e legitima��o das cotas raciais na universidade. Ela ainda fez um desabafo, dizendo que o todo o processo de xingamentos na internet e de entendimento sobre as lei de cotas foi muito complexo, dif�cil. “N�o garanto que ser� compreens�vel a todos, mas j� � o suficiente para pensarmos em sempre desconstruir as certezas e nos abrir �s discuss�es de todos os lados”.
APURA��O A UFMG informou que apura a den�ncia do suposto uso irregular de sua pol�tica de cotas. Sobre o novo posicionamento da estudante, a universidade afirmou que ela precisa formaliz�-lo junto ao colegiado da p�s-gradua��o da Faculdade de Filosofia e Ci�ncias Humanas (Fafich). O Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) recebeu a den�ncia sobre o caso e ficou de repass�-la ao Minist�rio P�blico Federal (MPF), o que ainda n�o havia ocorrido at� o in�cio da tarde de ontem.