Papai Noel estava apressado, certamente cheio de cartinhas de crian�as da cidade inteira para atender. Quais seriam aqueles sonhos de crian�a escritos no papel? Uma bicicleta para o adolescente, um celular para a menina, um computador para toda a fam�lia ou uma cesta com muito afeto e alimentos para os que t�m fome de aten��o, delicadeza e comida?
A tarde quente da antev�spera da comemora��o do nascimento de Jesus, com o sol a pino, n�o intimidou o bom velhinho. Roupa vermelha, gorro, barba, botas, e l� ia ele pela Rua Professor Morais, no Bairro Funcion�rios, feliz da vida. Tinha o rosto jovem, dava para ver, e uns olhos de confian�a na miss�o de fazer um monte de crian�a alegre.
Papai Noel n�o estava em seu costumeiro tren� puxado pelas renas de porte altivo, muito menos num carro moderno, desses que parecem cruzar as estrelas. Vindo do Polo Norte ou sabe-se l� de onde, pedalava todo empinado pela ciclovia, que, por volta das 13h de s�bado, era um deserto.
As pessoas no ponto de �nibus olharam meio sem acreditar naquela figura veloz e n�o emitiram nenhum coment�rio ou sons caracter�sticos, tipo “ho-ho-ho”. Apenas contemplaram, meio sem acreditar e sem piscar, admirando aquele homem passando pela rua na corrida contra o rel�gio. Ser� que enfrentou tamb�m as filas dos shoppings ou a canseira no Centro de Belo Horizonte? Sabe Deus...
Mas Papai Noel revelava outras surpresas nesses tempos tecnol�gicos – todo mundo viu. Carregava uma outra bicicleta nas costas e ainda gravava um v�deo com seu celular. Um olho na tela e outro na pista. Num �timo de segundo, foi poss�vel ouvi-lo dizendo: “Estou passando aqui, tudo tranquilo...”. E o som sumiu na velocidade das pedaladas, assim como a ilus�o despareceu entre os carros. Cena de Natal.