Em novembro, o EM revelou que a situa��o do Dique de Sela era t�o grave que a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), a prefeitura de Congonhas e o Corpo de Bombeiros tra�avam plano de evacua��o de emerg�ncia em paralelo �s a��es da CSN para evitar risco de trag�dia.
A barragem Casa de Pedra � a estrutura de conten��o de rejeitos mais pr�xima de uma comunidade em Minas, a 250 metros das primeiras casas (popula��o de 4.800 pessoas). Os cursos d’�gua a sua frente levam ao Rio Paraopeba e ao reservat�rio de Tr�s Marias, no Rio S�o Francisco.
As sirenes que podem dar o alarme acabaram distribu�das em �reas pouco povoadas, segundo lideran�as comunit�rias. Apenas uma estrutura fica dentro de uma das comunidades, no Bairro Lucas Monteiro, e que serviria para alertar tamb�m a moradores do mais exposto dos bairros, o Residencial. Foi justamente esse equipamento que falhou no primeiro teste p�blico, em novembro. “Nem eu, que estava na minha casa, consegui ouvir. N�o parecia um alarme, mas uma cigarra”, compara o auxiliar de servi�os gerais e morador do Lucas Monteiro, Helv�cio Ribeiro de Assis, de 53 anos, vizinho do ponto onde a sirene foi colocada.
As demais foram instaladas sobre a Barragem Casa de Pedra. Duas na �rea de s�tios conhecida como Bairro Plataforma e outra no terreno da mineradora vizinha, a Ferrous. “Somente uma sirene tem a fun��o de dar o alerta � maioria esmagadora das pessoas que correm perigo. As demais ficam longe, e uma delas seria levada se a barragem rompesse, porque est� justamente em cima da estrutura”, afirma o diretor da Uni�o das Associa��es Comunit�rias de Congonhas (Unaccon), Sandoval de Souza.
Para ele, a atividade que a CSN classifica como simulado, feita h� mais de tr�s meses, n�o pode ser assim classificada. “Foi um teste malsucedido de acionamento de sirene. Os moradores foram instru�dos a ficar dentro de suas casas e n�o receberam qualquer instru��o de como proceder”, afirma Souza. O promotor Vin�cius Alc�ntara Galv�o, autor dos inqu�ritos civis p�blicos contra a CSN, disse que s� vai se pronunciar ap�s receber o laudo definitivo sobre as a��es acordadas entre a empresa e o MP, previsto para mar�o. Amanh�, est� programada reuni�o entre comunidade, CSN, Cedec, Bombeiros e prefeitura.
MAIS TESTES A CSN n�o informou � reportagem as coordenadas exatas das sirenes. De acordo com a mineradora, a instala��o segue o plano definido com o MP. “O simulado de teste realizado ocorreu justamente para verificar o funcionamento e eventuais ajustes que devem ser feitos, como o volume das sirenes, clareza das mensagens de voz, tempo de deslocamento para pontos de encontro. Todos os ajustes foram feitos e testados e todos os equipamentos est�o funcionando. Em breve, novos testes ser�o realizados”, afirma a CSN, por meio de nota.

No limite, mas produ��o normal
Enquanto o licenciamento para alteamento em mais 11 metros da Barragem de Casa de Pedra n�o � definido pela Semad, a mineradora investe em outras t�cnicas de processamento para seguir produzindo sem restri��es. A empresa e a Semad informam que o limite de estocagem de rejeitos ainda n�o foi atingido, mas est� muito pr�ximo – apenas tr�s metros para alcan�ar o volume m�ximo. A CSN possui duas outras duas barragens com licenciamento no complexo de Casa de Pedra.
“Segundo a �ltima fiscaliza��o realizada pela Feam, em agosto de 2017, os volumes de rejeitos dispostos na barragem e n�vel de l�mina d’�gua estavam abaixo da borda livre, que � o limite operacional recomendado pelo auditor”, informou a secretaria.
De acordo com a CSN, a empresa possui alternativas tecnol�gicas para processar parte do rejeito presente em suas barragens, “dando mais f�lego para operar at� a obten��o de suas licen�as ambientais que garantir�o aumento da produ��o, gera��o de emprego e fomento da economia de Congonhas”, afirma a mineradora por meio de nota. “A CSN hoje reprocessa o rejeito proveniente da planta central, reduzindo o volume final em 25%, e estoca o rejeito retirado das barragens em pilhas”, informou.
A Semad informou que a avalia��o sobre o alteamento segue em curso. J� o promotor de Justi�a Vin�cius Alc�ntara Galv�o disse que assim que a Semad se pronunciar sobre o caso vai se munir de informa��es t�cnicas para avaliar se o MP endossa ou se ser� contra o projeto de alteamento, bem como avaliar� a efetividade do plano de salvamento em caso de rompimento.
Sobre esse plano, a reportagem do EM mostrou ontem que os chamados pontos de encontro designados para receber centenas de pessoas est�o completamente abandonados, em terrenos baldios usados como bota-foras de lixo e entulho. S�o espa�os despreparados para acolher refugiados, entre eles idosos, crian�as e pessoas com necessidades especiais durante uma poss�vel fuga ap�s um rompimento.
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