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Estado de Minas

Moradores questionam rotas de fuga em caso de desastre na Barragem Casa de Pedra

Tr�s meses ap�s afixa��o de placas, popula��o desconfia de plano de escape caso algum problema seja registrado na represa de rejeitos da empresa CSN em Congonhas


postado em 01/03/2018 06:00 / atualizado em 01/03/2018 07:59

Placa sinaliza ponto de encontro em estrada que segue o traçado do rio, o que é considerado uma armadilha por representante da comunidade(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Placa sinaliza ponto de encontro em estrada que segue o tra�ado do rio, o que � considerado uma armadilha por representante da comunidade (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)

Congonhas –
Para a primeira e �nica a��o p�blica at� hoje realizada segundo o Plano de A��o Emergencial (PAE) de Barragens de Rejeito de Minera��o da Barragem Casa de Pedra, da mineradora Companhia Sider�rgica Nacional (CSN), cerca de 400 placas foram instaladas nas �reas de inunda��o compreendidas por tr�s bairros de 4,8 mil habitantes. Tr�s meses depois de as placas verdes terem sido fixadas em postes, indicando o caminho que deve ser tomado para escapar caso ocorra um rompimento, ningu�m ainda sabe como proceder e a desconfian�a � grande sobre o destino para onde tais sinaliza��es dirigem os refugiados. Os pontos de encontro s�o questionados, bem como as �reas de abrigo. Uma situa��o que traz ainda mais apreens�o para a popula��o, que n�o sabe como proceder, principalmente depois de o �nico teste com as duas sirenes de alerta ocorrer sem nenhuma instru��o para os moradores, que ficaram em casa. Para piorar, uma das sirenes falhou. A mineradora chegou a informar que as pessoas tinham sido orientadas ap�s o cadastramento das �reas amea�adas, feito pela CSN e a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) de Congonhas. Mas, nas ruas dos bairros Residencial, Cristo Rei e Lucas Monteiro, as atitudes em caso de acidente est�o mais para o “salve-se quem puder”.

A situa��o da Barragem Casa de Pedra preocupa desde 2013 e j� acumula tr�s inqu�ritos no Minist�rio P�blico (MP). Dois procedimentos ainda est�o ativos e s�o sobre o alteamento da estrutura e o mais grave, a respeito da estabilidade do chamado Dique de Sela. Em 2016, essa estrutura de conten��o de 84 metros e que comporta 10 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro apresentou infiltra��es e sua estabilidade preocupava. Em novembro do ano passado, o Estado de Minas revelou que a situa��o era t�o grave que a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) e o Corpo de Bombeiros tra�avam plano de evacua��o de emerg�ncia em paralelo �s a��es da CSN para evitar risco de trag�dia. Em dezembro, a empresa entregou documentos com mais de 2 mil p�ginas para o MP, atestando a estabilidade do empreendimento e detalhando as a��es de evacua��o de emerg�ncia. Nesta ter�a-feira, a reportagem do EM mostrou que o laudo inicial emitido pelo MP levava em considera��o essencialmente as declara��es da empresa e que um laudo cr�tico, com avalia��es e confer�ncias t�cnicas deve ser finalizado somente neste m�s, ap�s o per�odo chuvoso, que � o mais cr�tico para esse tipo de estrutura.

Em 9 de novembro, a reportagem mostrou que a popula��o dos bairros suscet�veis a um alagamento em caso de rompimento da barragem estava perdida e n�o recebeu nenhum treinamento. A CSN reagiu, por meio de uma nota: “Isso n�o � verdade. Durante a atividade de recadastramento os moradores foram treinados com no��es b�sicas de abandono de �rea”, sem detalhar o que seriam, exatamente, “no��es b�sicas de abandono de �rea”. A �rea mais baixa e vulner�vel em caso de um rompimento fica no Bairro Residencial, exatamente onde est�o a Escola Municipal Concei��o Lima Guimar�es e a Creche Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, edifica��es onde estudam cerca de 300 crian�as. “Fui recadastrada e ningu�m me ensinou a fazer nada. Estou vendo as placas para os tais dos pontos de encontro, mas n�o sei de nada e tamb�m n�o vou seguir a cabe�a de ningu�m n�o. Quando chove, j� fico esperta. E eu vou � correr para o alto, n�o vou ficar ca�ando placa nem ningu�m”, disse a dona de casa Maria de Lourdes Correia Ferreira, de 61 anos, que � vizinha da escola municipal.

Ap�s ter declarado que as pessoas receberam “no��es b�sicas de abandono de �rea”, a CSN recuou e na �ltima segunda-feira declarou apenas que a Condec � respons�vel por realizar este tipo de instru��o. “A CSN apoia no que for necess�rio, em parceria com demais �rg�os e autoridades. Novos testes e simulados ser�o feitos com os moradores, j� que � uma a��o permanente e constante. Novas a��es ser�o realizadas no decorrer do ano, como orienta��es e treinamentos em escolas. O pr�ximo simulado est� em fase de programa��o e ainda dependemos dos demais �rg�os envolvidos para agendar uma data”, informou a mineradora, por e-mail.

(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)

Fui recadastrada e ningu�m me ensinou a fazer nada

Maria de Lourdes Correia Ferreira, 61 anos, dona de casa, vizinha de uma das sinaliza��es



Hoje, autoridades da Prefeitura de Congonhas, Cedec, Corpo de Bombeiros e representantes da comunidade e da CSN v�o se reunir no Bairro Residencial para apresentar a��es que se comprometeram a realizar ap�s um workshop feito sobre o plano de seguran�a.

‘ARMADILHA’ Uma das rotas de salvamento dispon�veis para as pessoas do Bairro Residencial, o mais vulner�vel de Congonhas, � a estrada para o Bairro Plataforma, uma regi�o com muitos sitiantes que n�o � densamente povoada. Esse caminho, com 350 metros de asfalto e outros 5 quil�metros n�o pavimentados, tem sido alvo de muitas cr�ticas e de desconfian�a pelos moradores e ativistas ambientais por ser muito pr�ximo ao Rio Maranh�o e estar, teoricamente, no caminho de uma avalanche de rejeitos. O n�cleo mais baixo da comunidade, onde ficam a escola e a creche do Residencial, tem uma diferen�a de 22 metros de altura para a base do Dique de Sela, a estrutura de estabilidade ainda n�o garantida pelo Minist�rio P�blico (MP).

As placas verdes instaladas pela CSN e pela Comdec de Congonhas, indicam seguir por aquela estrada para se salvar atingindo um ponto de encontro. Contudo, praticamente toda a estrada segue o tra�ado natural do Rio Maranh�o, se elevando por vezes a apenas um metro acima do leito e a 10 metros das margens. Uma situa��o temer�ria, principalmente por ser o rio um dos primeiros acidentes geogr�ficos que os rejeitos encontrariam em caso de um rompimento. Se ocorrer a mesma din�mica do que aconteceu em Mariana, em 2015, quando o Rio Gualaxo do Norte serviu de guia para o tsunami de restos de lama e min�rio de ferro, o Maranh�o poder� acabar sendo a estrada que vai levar a lama adiante, inundando em pouco tempo essa rota de fuga.

“Essa rota � uma armadilha. Se a pessoa estiver de carro, tentando fugir, vai ser engolida. Se estiver de carro, pode ter alguma chance, mas pode ser engolida tamb�m na curva ao dar de cara com a lama descendo. N�o h� a menor condi��o de essa estrada ser usada como uma rota de fuga”, critica o diretor de meio ambiente da Uni�o das Associa��es Comunit�rias de Congonhas (Unaccon), Sandoval de Souza. A CSN informou que a rota realmente precisa ser reformulada e esse tipo de adapta��o est� em discuss�o e ser� feito.


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