
A capta��o de �gua do Rio das Velhas para a capital mineira e a Grande BH pode ter de ser paralisada por tempo indeterminado caso o pior aconte�a e as barragens B2 e B2 Auxiliar se rompam liberando quase 9 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro no manancial. O alerta � do presidente do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio das Velhas (CBH-Rio das Velhas), Marcus Vin�cius Polignano, que classifica essa amea�a como inadmiss�vel. “� inaceit�vel que um rio da import�ncia do Velhas esteja sob uma amea�a t�o grave quanto essa. Dependendo do total de sedimentos que um vazamento dessa magnitude ocasionar pode-se ter de implementar uma grande quantidade de qu�micos para purificar a �gua e at� paralisar totalmente a capta��o da Copasa”, afirma. As duas barragens se encontram no Complexo Miner�rio de Fernandinho, entre Itabirito (Regi�o Central) e Rio Acima (Grande BH), pertencente a uma empresa do grupo da Companhia Sider�rgica Nacional (CSN), a Min�rios Nacional. Na �ltima quarta-feira a Justi�a determinou, em liminar, a interdi��o das estruturas, como noticiou o Estado de Minas.
A Copasa foi procurada pela reportagem, mas n�o informou se disp�e de alguma forma de manter o suprimento de �gua caso ocorra um desastre dessa envergadura com o Rio das Velhas. A empresa tamb�m n�o informou se tem alguma forma de prevenir que a �gua com uma turbidez extremamente elevada chegue � sua esta��o de capta��o e possa, de alguma forma, comprometer suas instala��es. O Sistema Rio das Velhas representa 48% da capta��o do Sistema Integrado da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RNBH) e 74% de Belo Horizonte.
A interdi��o das duas barragens se deu por decis�o judicial e foi motivada por uma a��o civil p�blica movida pelo Minist�rio P�blico (MP) estadual da comarca de Nova Lima, baseada em laudos que apontavam a estabilidade geol�gica e h�drica das estruturas como sob risco “iminente de rompimento”. Al�m de determinar a imediata paralisa��o do descarte de rejeitos nos dois reservat�rios, a Justi�a deu tamb�m 10 dias para que a mineradora elabore e submeta � aprova��o dos �rg�os competentes (DNPM, Feam, Supram) um plano de a��o que garanta total estabilidade aos barramentos. Por um ano, a empresa dever� manter uma auditoria t�cnica de acompanhamento e fiscaliza��o das estruturas. No prazo m�ximo de 15 dias, um Plano de A��es Emergenciais do empreendimento e tamb�m o Plano de Seguran�a de Barragens dever� ser entregue. Nos pr�ximos 30 dias, dever� entrar em curso um plano de fechamento das barragens. O n�o cumprimento das medidas sujeita a empresa a multa di�ria R$ 30 mil, at� o limite de R$ 1 milh�o.
Para o presidente do CBH-Rio das Velhas, mesmo que o rio respons�vel pelo abastecimento de cerca de 50% da capital e de sua regi�o metropolitana n�o seja diretamente atingido num primeiro momento, esse tipo de desastre traria o carreamento cont�nuo de �gua com grande turbidez para o Velhas, resultando tamb�m em intensa polui��o. “O Ribeir�o Fazenda Velha tem �guas muito puras e � um important�ssimo tribut�rio para manter a boa qualidade do Rio das Velhas. O Alto Rio das Velhas � o local onde o manancial tem a melhor qualidade, atualmente e isso precisa ser preservado”, salienta. Polignano destaca que nos �ltimos 30 dias, amea�as ambientais colocaram em xeque a capacidade do poder p�blico de impedir trag�dias. “N�o aprendemos nada com Mariana. Num espa�o de 30 dias tivemos um rompimento no Par�, um vazamento do mineroduto da Anglo American em Santo Ant�nio do Grama e agora essa corrida para impedir que o Rio das Velhas seja afetado. Isso, na semana do Dia Mundial da �gua (22 de mar�o)”, destaca o presidente do comit�, referindo-se ao rompimento da Barragem do Fund�o, operada pela Samarco em Mariana e que ocasionou a morte de 19 pessoas e a devasta��o ambiental e social da Bacia do Rio Doce de de parte da costa do Sudeste.
Por meio de nota, a Min�rios Nacional informou que executa a primeira etapa do projeto para as barragens B2 e B2 Auxiliar. “A atual fase consiste em drenagem das barragens com o desvio do curso d’�gua que abastece a estrutura, atrav�s de um canal perif�rico. Finalizada essa parte, a empresa iniciar� o processo de estabiliza��o, com as estruturas sendo removidas e reintegradas � paisagem natural”, afirma a nota. Nos pr�ximos dias, a mineradora afirma que vai instalar mais uma sirene e est� finalizando o planejamento do treinamento que ser� realizado para o p�blico externo. “A empresa volta a refor�ar que n�o h� risco, j� que todas as medidas para garantir a estabilidade da estrutura est�o sendo executadas”.
Protestos contra privatiza��o
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) denunciou ontem viol�ncia policial em um ato em Itatiaiu�u, Regi�o Central de Minas, a favor da ocupa��o feita por mulheres na f�brica da Nestl�, no Sul do estado. A Pol�cia Militar da cidade afirma ter reagido �s amea�as dos manifestantes de pararem o tr�nsito na BR-381. A corpora��o estimou que havia cerca de 200 manifestantes concentrados na via para o protesto. Mais cedo, em S�o Louren�o, no Sul do estado, 600 mulheres, tamb�m integrantes do MST, ocuparam a f�brica da Nestl�, que tem opera��o no setor de �gua mineral na regi�o, para denunciar “a entrega das �guas �s corpora��es internacionais, conduzida a passos largos pelo governo golpista de Michel Temer”. A manifesta��o ocorre no momento que Bras�lia sedia o 8º F�rum Mundial da �gua.