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Estado de Minas

SOS Mata Atl�ntica revela que mananciais de Minas est�o cada vez mais degradados

Nenhuma das amostras apresentou qualidade da �gua entre �tima e boa


postado em 22/03/2018 06:00 / atualizado em 22/03/2018 09:42

No Rio das Velhas, a bacia hidrográfica responsável por quase 50% do abastecimento na Região Metropolitana de Belo Horizonte, oito pontos monitorados apresentaram problemas (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
No Rio das Velhas, a bacia hidrogr�fica respons�vel por quase 50% do abastecimento na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, oito pontos monitorados apresentaram problemas (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

Donos de territ�rios privilegiados quando o assunto s�o recursos h�dricos, tanto o Brasil quanto Minas Gerais chegam a mais um Dia Mundial da �gua em condi��o de alerta em rela��o a essa riqueza. Abrigando, segundo dados do governo federal, 12% dos recursos h�dricos de todo o planeta, o pa�s vem degradando esse patrim�nio l�quido a uma velocidade bem superior � capacidade de recupera��o da natureza, como evidencia resultado de estudo da Funda��o SOS Mata Atl�ntica que monitorou durante dois anos mananciais em 17 estados, incluindo em Minas a Bacia Hidrogr�fica do Rio das Velhas, respons�vel por quase 50% do abastecimento da Grande BH, 78% da �gua consumida na capital e a segunda maior tribut�ria do Rio S�o Francisco – atr�s apenas do Rio Paracatu.

A vigil�ncia sobre a qualidade dos cursos h�dricos � parte das a��es do programa Observando os Rios, desenvolvido pela organiza��o n�o-governamental (ONG) que s� em Minas Gerais monitora oito trechos de mananciais da Bacia do Velhas. Em nenhuma dessas amostragens os cursos apresentaram qualidade considerada boa ou �tima, a maioria no limite de toler�ncia com conceito regular. Na seca, esse limite extrapola e a qualidade chega a p�ssima em locais como o C�rrego do Cercadinho, que passa pelos bairros Buritis e Estoril, na Regi�o Oeste de BH, o C�rrego do Diogo, que corta Sete lagoas, e o pr�prio Velhas no munic�pio de Jequitib�, na Regi�o Central.

No Dia Mundial da �gua, comemorado hoje, a situa��o do Velhas mostra que li��es como a de Mariana n�o foram aprendidas. “A l�gica � ainda a da produ��o e a do lucro a qualquer pre�o, pouco importando a sociedade, os trabalhadores e o meio ambiente. Sinal disso s�o os incidentes com barragens em Mariana, no Par� e as preocupa��es grav�ssimas no Rio das Velhas e Paraopeba com as barragens de mineradoras como a CSN”, afirma o presidente do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio das Velhas, Marcus Vin�cius Polignano. 


Uma rede de monitoramento que dispensa avaliadores t�cnicos foi estabelecida pelo programa Observando Rios, dando instrumentos simples a 3.500 volunt�rios em todo Brasil. Cada grupo recebe um kit de avalia��o da qualidade da �gua coletada que permite dizer, por meio de rea��es qu�micas ilustradas em gabaritos impressos em cartilhas, se o l�quido coletado apresenta polui��o por par�metros como pH (acidez), coliformes fecais, nitrog�nio, nitrato, f�sforo, turbidez, entre outros. “O projeto � fundamental para levar essa metodologia para junto do p�blico volunt�rio, que � engajado e passa a observar o rio de forma mais aprofundada. Com esse acompanhamento, pudemos identificar que 70% das �guas do pa�s t�m qualidade regular, o que � extremamente preocupante, pois mostra que h� n�veis de comprometimento desses mananciais”, considera Tiago F�lix, educador ambiental da Funda��o SOS Mata Atl�ntica.

Projeto do Centro Universitário Newton Paiva monitora a qualidade da água no Córrego do Cercadinho (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Projeto do Centro Universit�rio Newton Paiva monitora a qualidade da �gua no C�rrego do Cercadinho (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)


ECOSSISTEMAS De acordo com ele, o Rio das Velhas entrou no monitoramento devido � sua import�ncia para a Grande BH, os ecossistemas locais e do Rio S�o Francisco. E esse retrato do Velhas foi levado pela ONG ao F�rum Mundial da �gua, que ocorre at� amanh�, em Bras�lia. “Ser� uma oportunidade de mostrar essa situa��o preocupante e de cobrar a��es principalmente pol�ticas p�blicas e a��es”, disse F�lix. O presidente do Comit� da Bacia do Velhas afirma que o monitoramento feito no Velhas j� tem 20 anos e que toda aten��o ajuda a denunciar os lan�amentos de poluentes sobre o manancial. “O que est� faltando agora s�o pol�ticas p�blicas. Den�ncias s�o importantes, mas j� passou da hora de o poder p�blico e as empresas de saneamento, a sociedade civil tratar o esgoto que � lan�ado no Velhas. Na grande BH, que � a maior fonte de polui��o, esse tratamento n�o passa de 60%”, estima Polignano.

Essa polui��o � vis�vel no encontro do Rio das Velhas com o Ribeir�o do On�a, em Belo Horizonte. A �gua escura do ribeir�o que traz consigo toda a polui��o despejada ao longo de sua passagem pela capital mineira forma l�nguas concentradas que levam centenas de metros para, aos poucos, se misturarem com a correnteza barrenta do Velhas. Poucos metros antes de atingir o Velhas, o On�a desce por um canal onde as quedas d’�gua produzem densos flocos de espuma. “Normalmente, isso � ocasionado pelo descarte de esgoto dom�stico dentro do ribeir�o, com muitos res�duos de sab�o ou de detergentes. Isso j� indica por exemplo a necessidade um saneamento b�sico”, observa o professor de qu�mica do Centro Universit�rio Newton Paiva, Luciano Faria. O professor � um dos volunt�rios do SOS Mata Atl�ntica e utiliza o laborat�rio da institui��o para realizar o monitoramento da qualidade da �gua da bacia.

Nas margens do On�a, o esgoto n�o � o �nico poluente que fica evidente. A grande quantidade de lixo dom�stico chega que flutuando deixa nas �rvores e vegeta��o da mata ciliar um rastro emaranhado de detritos. Nessas �guas n�o h� qualquer condi��o de procria��o de peixes. Entre as rochas do leito de �guas podres ficam encalhados pneus, peda�os de m�veis, vasilhames, garrafas PET, sacos de lixo, animais mortos e outros detritos que fatalmente alcan�am o Rio das Velhas.

 

 

Nada de �guas l�mpidas


Amostras de volunt�rios mostram Rio das Velhas polu�do

Manancial    N�veis de polui��o
» Ribeir�o do On�a    No limite
» C�rrego Bonsucesso    No limite
» C�rrego Cercadinho    No limite
» C�rrego Ponte Queimada  No limite
» Ribeir�o Isidoro    No limite
» Rio das Velhas (em Jequitib�)    Ruim
» Rio das Velhas (em Rio Acima)    No limite
» C�rrego do Diogo    Ruim

Fonte: SOS Mata Atl�ntica

Em BH, situa��o � cr�tica


Os mananciais que cruzam a �rea urbana de Belo Horizonte est�o entre os mais polu�dos da Bacia Hidrogr�fica do Rio das Velhas. Mas nem sempre foi assim, o que mostra que apesar dos alertas a degrada��o dos cursos d’�gua continua a ocorrer. “Nadavam peixes nessas �guas. Quando era crian�a, me lembro que minha m�e lavava nossas roupas na beira do c�rrego. Hoje, � esgoto puro. Voc� pega at� doen�as se encostar na �gua quando temos enchentes, por exemplo”, afirma, sobre o C�rrego do Cercadinho, o aut�nomo Rafael dos Santos Pereira, morador do Bairro Estoril, na regi�o Oeste de BH. O professor de qu�mica do Centro Universit�rio Newton Paiva e volunt�rio do SOS Mata Atl�ntica, Luciano Faria, � um dos respons�veis pelo monitoramento do Cercadinho. “A qualidade da �gua costuma ser regular, mas quando entramos nos meses de seca, isso piora muito atingindo n�veis de conceito ‘p�ssimo’”, afirma.

Com aux�lio dos kits de verifica��o da qualidade da �gua, o professor e seu grupo de volunt�rios abastecem a ONG com um retrato cont�nuo da sa�de do manancial. Os volunt�rios coletam amostras de �gua mergulhando vasilhames no leito do c�rrego. Depois, essa �gua � misturada a reagentes qu�micos em tubos pl�sticos, adquirindo uma colora��o espec�fica dependendo de sua concentra��o de poluentes. “O bom � que os resultados s�o quase instant�neos. Podemos verificar, por exemplo, que o C�rrego Cercadinho tem um pH muito �cido, inaceit�vel para os organismos vivos”, observa o estudante de engenharia civil, Victor Bertone Alves.

A estudante de engenharia ambiental Marcelle Cordeiro Pimentel � volunt�ria no trecho de an�lise do Rio das Velhas em Rio Acima, na Grande BH. “Em Rio Acima n�o h� tratamento de esgoto. Tudo acaba sendo jogado no rio ou em fossas. Por isso conseguimos ver em alguns pontos o esgoto sendo joga diretamente de forma clandestina no rio”, observa. Apesar disso, aquele ponto ainda conserva uma qualidade considerada “regular” segundo os �ndices do SOS Mata Atl�ntica. “O volume de �gua ainda � muito grande naquele ponto para o esgoto que acaba sendo jogado. A mata ciliar tamb�m est� melhor conservada e ajuda a depurar os poluentes. Isso tudo mudo quando o Rio das velhas desce mais e passa pelas �reas mais urbanizadas da Grande BH”, observa o bi�logo e volunt�rio da ONG, Rafael Freitas de Abreu. (MP)

 

Acordo para preserva��o

Na segunda-feira, em Bras�lia (DF), a Copasa e a Funda��o Banco do Brasil (FBB) firmaram um acordo de coopera��o para preserva��o de nascentes e mananciais em Minas. Conforme a Copasa, o recurso no valor de R$ 8,5 milh�es – R$ 7 milh�es da empresa mineira e R$ 1,5 milh�o da FBB – ser� investido na continuidade das a��es do programa Pr�-Mananciais e usado na implementa��o de tecnologias sociais – como fossas s�pticas biodigestoras e cisternas para capta��o de �gua da chuva – e mobiliza��o social nas comunidades, realiza��o de oficinas e adequa��o de estradas. Assinaram o documento a diretora-presidente da Copasa, Sinara In�cio Meireles Chena, e o presidente da FBB, Ascl�pius Soares.

(foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)
(foto: Corpo de Bombeiros/Divulga��o)

A�udes amea�am romper


Obras emergenciais foram iniciadas na manh� de ontem em um a�ude de Bela Vista de Minas, na Regi�o Central de Minas Gerais, que amea�a romper. Logo a frente dele, h� outros dois reservat�rios que tamb�m podem ceder com o volume de �gua (foto) caso uma chuva forte atinja o munic�pio. Segundo o Corpo de Bombeiros, h� um alerta da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) para temporais at� amanh�. Os a�udes ficam em uma propriedade particular onde existia um pesque-pague. Devido aos temporais que atingiram a regi�o nos �ltimos dias, eles acabaram transbordando. “Com a �ltima chuva forte, esses a�udes receberam um volume muito grande de �gua e transbordaram. A �gua atingiu cerca de 18 resid�ncias”, explicou o tenente Leonard Farah da corpora��o.

 


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