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Estado de Minas

Proposta de reajuste do metr� afeta popula��o de menor renda

Dados da pesquisa Origem e Destino de 2012 indicam que 74% das pessoas que usam o metr� recebem at� dois sal�rios-m�nimos. A principal afetada pelo poss�vel reajuste seria a popula��o mais pobre


postado em 12/05/2018 06:00 / atualizado em 12/05/2018 07:52

Aumento da tarifa está suspensa por liminar(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Aumento da tarifa est� suspensa por liminar (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
"Vou ter que analisar se vale a pena mudar para o �nibus ou alguma possibilidade que n�o aumente tanto o gasto para trabalhar. Foi um reajuste muito alto e para dar conta de pagar vou ter de pedir para aumentar meu sal�rio.”A rea��o da empregada dom�stica Gilda Aparecida de Almeida, de 55 anos, ao saber que pagaria mais 88,9% na tarifa do metr� de Belo Horizonte, que havia saltado de R$ 1,80 para R$ 3,40, representa a preocupa��o de quem usa o transporte e est� inserido na faixa da popula��o considerada de baixa renda. Como muitos passageiros trabalham como aut�nomos e n�o recebem de empregadores o valor que gastam com o transporte, o receio � de que, se confirmados, os novos custos estrangulem as contas pessoais e aumentem a dificuldade que as pessoas j� enfrentam.

Dados da pesquisa Origem e Destino de 2012, principal ferramenta para medir a mobilidade urbana na Grande BH, compilados pelo economista Andr� Veloso, integrante do movimento Tarifa Zero, indicam que 74% das pessoas que usam o metr� recebem at� dois sal�rios-m�nimos, o que indica que a principal afetada pelo poss�vel reajuste, que seria o maior da hist�ria do transporte coletivo de BH, seria a popula��o mais pobre.

Mas o gasto pode pesar tamb�m nos bolsos de empregadores. Gilda Aparecida mora em General Carneiro, em Sabar�, na Grande BH, e vai todos os dias para o Bairro Calafate, Oeste da capital mineira. Ela recebe um sal�rio-m�nimo e diz que, se tiver de pagar R$ 3,40 no metr�, precisar� achar uma solu��o com o patr�o. “Paguei R$ 3,40 hoje (ontem) com dor no cora��o. O que me incomoda mais � que o metr� n�o tem qualidade para valer esse pre�o de passagem. Espero ter um aumento para conseguir pagar esse valor”, diz Gilda, que gastava R$ 13,10 por dia e, com os novos valores, passaria a desembolsar R$ 16,30, um impacto de cerca de R$ 70 por m�s.

A cuidadora de idosos Marineide Silva Lopes, de 47, que trabalha como aut�noma fazendo plant�es em locais que a contratam frequentemente, conta que arca com 100% do valor gasto com transporte. Moradora do Bairro Calafate, Oeste de BH, ela usa o metr� com frequ�ncia e j� admite cortar alguma despesa para dar conta do aumento de 88,9% na passagem, caso ele se confirme. “Eu me mudei de Betim para o Calafate justamente para gastar menos, com a op��o de ficar perto do metr�. O jeito vai ser diminuir algum gasto para compensar”, diz ela, que ganha pouco mais do que dois sal�rios-m�nimos, em m�dia, por m�s.

O economista Andr� Veloso, que integra o movimento Tarifa Zero, fez um levantamento com base no banco de dados da Pesquisa Origem e Destino de 2012, conduzida pela Ag�ncia de Desenvolvimento da Regi�o Metropolitana de BH, e obteve n�meros que mostram que 74% das pessoas que usam o metr� recebem at� R$ 1.908, valor de dois sal�rios-m�nimos (veja quadro). A pesquisa � feita de 10 em 10 anos e � o principal retrato da mobilidade na regi�o metropolitana.

Para chegar aos n�meros, Andr� agrupou todas as respostas � pesquisa que apontaram deslocamentos pelo modo “metr�/trem metropolitano” e, em seguida, o dado foi agregado pelas faixas de rendas estabelecidas e pelo somat�rio do campo “fator de expans�o”. Esse campo d� a dimens�o de representatividade no conjunto pesquisado para cada uma das respostas da pesquisa, feita por amostra. Al�m disso, as faixas de renda da pesquisa de 2012 foram agrupadas para possibilitar a compara��o com o levantamento de 2002. Naquele ano, o percentual de pessoas que ganhavam at� dois sal�rios-m�nimos e usavam no metr� era de 41,19%.

Para o economista, isso mostra que � importante investir em pol�ticas de subs�dio ao transporte p�blico, com um modelo de financiamento que n�o seja composto apenas pela tarifa paga pelos que usam o servi�o. Apesar de n�o ter feito o mesmo levantamento, o coordenador t�cnico da Pesquisa Origem e Destino de 2012, Paulo Rog�rio Monteiro, informou que os dados compilados por Andr� s�o refor�ados pelas caracter�sticas do metr�. “Por n�o ser um transporte f�cil, o metr� se torna diferencial para quem de fato precisa pagar uma passagem mais barata, que s�o as pessoas de renda mais baixa”, afirma. (Com S�lvia Pires e Simon Nascimento, estagi�rios sob supervis�o do editor Roney Garcia)


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