No altar colorido, Nossa Senhora do Ros�rio e S�o Benedito. Diante dele, m�sica, tambores, dan�a e a f� inabal�vel. Antes, o cortejo desfilou pela Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, arrastou quem passeava por l�, entrou na Alameda da Educa��o para chegar at� os santos de devo��o e prestar homenagem. O ritual foi seguido pelos grupos de congado de diversas regi�es de Minas Gerais participantes do Festival Canjer�, que movimenta um dos locais mais nobres da capital at� o fim da tarde deste domingo. Em sua 3ª edi��o, o evento, que re�ne comunidades quilombolas mineiras, tem como tema os 130 anos da aboli��o escravatura.
Um grande cortejo arrastou seguidores nesta manh� por avenidas do Bairro de Lourdes para estampar a religiosidade e a tradi��o de uma das express�es mais marcantes da cultura popular afrobrasileira. Reunidos, os grupos partiram pela Avenida Jo�o Pinheiro, em dire��o � Igreja de Lourdes. Na volta, pararam em frente ao Pal�cio da Liberdade, onde levantaram o mastro com Nossa Senhora do Ros�rio e S�o Benedito. “Levantar o mastro � levantar o santo e afirmar o territ�rio, al�m de aben�oar o evento”, explica um dos coordenadores do Canjer�, J�sus Ros�rio Ara�jo, morador do quilombo do Indai�, em Ant�nio Dias, no Vale do Rio Doce.
Oito grupos eram esperados na programa��o do festival: Ribanceira, de S�o Rom�o, e Vila Nova dos Po��es, de Jana�ba (Norte de Minas); Pinh�es, de Santa Luzia, na regi�o metropolitana e Quilombo Nossa Senhora do Ros�rio, de Ribeir�o das Neves (na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte); Cruzeiro, Brejo, Vila Santo Isidoro, Miseric�rdia, Moco dos Pretos, Alto Caititu e Caititu do Meio, de Berilo e Chapada do Norte (Vales do Jequitinhonha e Mucuri); Dr. Campolina, de Jequitib�, e Chacrinha dos Pretos, de Belo Vale (na Regi�o Central); e Comunidade Carrapatos da Tabatinga, de Bom Despacho (Centro-Oeste do estado).
A programa��o, gratuita, tem feira de artesanato, cortejos de congado, reinado e batuque, apresenta��es culturais, oficinas e rodas de conversas. Al�m das 60 barracas com artesanatos, culin�ria e produtos quilombolas, o Canjer� tem exibi��es de filmes quilombolas, apresenta��es culturais, oficinas, rodas de conversas, entre outras atra��es nos espa�os do Circuito Liberdade.A expositora Gra�a Matilde, tamb�m do quilombo de Indai�, vendeu almofadas, tapetes, jogos americanos e v�rios outros artigos de artesanato e da culin�ria. “� muito bom participar e conhecer outros produtos e comunidades, dar visibilidade ao nosso trabalho”, disse.
Entre o p�blico, o interesse e a admira��o foram grandes. A administradora Mari�ngela Vilckas, de 40 anos, nasceu em Goi�s e mora h� oito anos em BH. “L� tamb�m tinha muito congado. Esse som me lembra a inf�ncia, quando eu escutava os grupos se preparando”, lembra. Nesta manh�, ela e professoras do col�gio dos filhos, a Escola Waldorf Miguel Arcanjo, na Pampulha, fizeram uma verdadeira imers�o no congado, repetindo a experi�ncia deste s�bado, quando tamb�m acompanharam a festa do Preto-Velho, na Pra�a 13 de maio, no Bairro da Gra�a, na Regi�o Nordeste da capital.
Isso porque o congado ser� levado para a festa de S�o Jo�o da institui��o, este ano. “� importante manter e mostrar a cultura �s novas gera��es, al�m da import�ncia religiosa, de Nossa Senhora, e todo o contexto da adora��o”, afirmou Mari�ngela. O festival � promovido pela Federa��o das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais -N’Golo com a parceria do governo do estado, por meio do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha-MG). Come�ou na sexta-feira e vai at� este domingo, �s 18h. A entrada � gratuita.
