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Estado de Minas

Mercado Central comemora 89 anos com m�ltiplos sotaques

Mercado Central completa 89 anos em plena forma e ainda cativando belo-horizontinos e turistas. Nas prateleiras, produtos t�picos de Minas, alguns exclusivos, e de todo o pa�s


postado em 07/09/2018 06:00 / atualizado em 13/09/2018 10:00

Corredor do mercado, onde a mistura de cheiros e sabores convida visitantes às compras e à diversão(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Corredor do mercado, onde a mistura de cheiros e sabores convida visitantes �s compras e � divers�o (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)

Uma mistura de cheiros, sabores, sotaques, muita alegria e receptividade. Esse � o Mercado Central de Belo Horizonte, que completa 89 anos hoje, Dia da Independ�ncia do Brasil. Al�m de receber um peda�o do bolo da comemora��o, quem passar pelos corredores a partir das 10h poder� apreciar a apresenta��o de uma banda que vai percorrer o mercado. O local re�ne de lojas que est�o l� desde a funda��o, em 1929 – como a Frutas Proc�pio, Rei do Alho e Rei do Berrante, citadas pela administra��o –, a estabelecimentos que abriram h� menos de cinco anos. Al�m de toda a tradi��o e hist�ria, um dos mais famosos pontos tur�sticos de Belo Horizonte ainda tem no seu acervo produtos que s� s�o encontrados l�, o que atrai tanto pessoas da capital quanto turistas.

Quando trabalhava como assessor no Tribunal de Contas do Estado de Alagoas, Ailton Lima dos Santos, hoje com 47 anos, n�o imaginava que os caminhos o levariam da cidade de Marechal Deodoro, onde fica a famosa Praia do Franc�s, ao n�mero 744 da Avenida Augusto de Lima, no Centro de Belo Horizonte. Ailton conta que veio a convite de um amigo, que j� trabalhava no mercado com pe�as do Nordeste e se encantou pelo trabalho e pela capital mineira. Hoje, ele � propriet�rio da Bel� Nordeste, que conta com tr�s lojas no mercado atualmente (j� foram seis). Ele comercializa pe�as de bordado de seis estados da regi�o. “Trabalho com a renda de bilro, que � toda feita a m�o, a renascen�a, mais trabalhada, o fil�, richelieu, tem toalha, colcha, len��is, caminhos de mesa, roupas para baianas, tolhas para igrejas, ponto cruz, que � muito procurado, e crivo”, lista o comerciante.

A Belô Nordeste conecta o espaço da capital mineira a seis estados, representados por suas rendas(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
A Bel� Nordeste conecta o espa�o da capital mineira a seis estados, representados por suas rendas (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)

H� produtos de pre�os variados. Todo ano ele viaja para Alagoas, Pernambuco, Cear�, Rio Grande do Norte, Para�ba e Sergipe. Ele tem cerca de 50 fornecedores que o recebem nos estados para vender as pe�as artesanais feitas por eles, que v�o de roupas at� cadeiras, tudo com renda. “� uma hist�ria muito bonita. Eu me perguntava antes por que Deus tinha me levado para l�. Depois, vi que era pra dar emprego para as pessoas, e � tudo coisa de primeira qualidade”, comenta, orgulhoso. “Meu encantamento foi ajudar meus conterr�neos nordestinos, e comecei a dar emprego aos mineiros. Terminei me encantando muito, consegui um apartamento, meus bens. O trabalho � lindo, d� emprego ao pr�ximo e ajudar � muito bom”, diz. Sobre a exclusividade, ele relembra um caso curioso. “Uma turista aqui de Minas chegou do Nordeste e quando veio � loja come�ou a chorar! Ficou t�o apaixonada, que disse assim: ‘C� n�o vende seu sotaque n�o?’. Comprou na loja dizendo que no Nordeste n�o viu isso tudo”.

Ana Gabriela, da Tupiguá, mostra queijo vendido pelo estabelecimento. Algumas das iguarias só podem ser encontradas na loja do mercado(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Ana Gabriela, da Tupigu�, mostra queijo vendido pelo estabelecimento. Algumas das iguarias s� podem ser encontradas na loja do mercado (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

A fachada atrativa da Tupigu� � um convite aos amantes das iguarias mineiras. O interior tamb�m n�o decepciona, com decora��o r�stica e ilustra��es que remetem ao Barroco. A loja, fundada em 1972, vende queijos, cacha�a, cerveja, doces, caf�, entre outros produtos que fazem sucesso em todo o pa�s. A marca foi adquirida pela fam�lia da gerente Ana Gabriela de Souza C�colo de Moraes, em 2008. Engenheira de alimentos e integrante do j�ri do Concurso Estadual de Queijo Minas Artesanal, ela explica que a loja trabalha com queijos das sete regi�es produtoras do estado (Canastra, Cerrado, Salitre, Tri�ngulo Mineiro, Arax�, Serro e Vertentes), desde os de pequenos produtores aos premiados na Fran�a.

Mas h� produtos que s� est�o dispon�veis no mercado de BH. “Aqui tamb�m voc� pode encontrar os queijos nossos que s�o iguarias, meus lan�amentos, que s�o os queijos temperados. O xod� da casa � o queijinho de pimenta. A gente lan�ou tamb�m o mostarda com mel, o tempero �rabe e o capim com mel. S�o queijos com ervas que servem para tira-gosto e acompanham muito bem uma boa cacha�a, uma boa cerveja artesanal ou um bom vinho”, detalha Ana Gabriela. Ela diz que a loja � a mais antiga em e-commerce de queijos artesanais e cacha�as dentro da capital, mas faz quest�o de ressaltar, bem-humorada: “Se quiser provar, tem que dar uma passadinha no Mercado Central”.

Um dos clientes da loja � o gerente de expans�o Alexandre Costa, morador do Bairro Belvedere, na Regi�o Centro-Sul da capital. Paulista, ele veio para BH h� cinco anos e frequenta a Tupigu� h� tr�s. “A loja � muito bacana, tem diversidade de produtos, a linha de queijos, as goiabadas, que s�o muito gostosas. Minha esposa e minha filha adoram”, disse enquanto degustava o queijo de pimenta produzido pelo estabelecimento. Entre os atrativos do Mercado Central, Costa cita a variedade de frutas, carnes, peixes e outros alimentos. “Sempre que tenho um tempinho venho aqui prestigiar o local, que � muito bacana. � muito bom estar aqui, muito gostoso, bem aconchegante. Acho que � um peda�o do mineiro que a gente pode desfrutar”, afirma.

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Tradi��o e modernidade se misturam na �nica loja f�sica da Cacha�a Dama da Noite no Mercado Central. A produ��o come�ou h� 168 anos, com o tatarav� de Thiago de Souza Lara Barroso, nascido em Belo Horizonte. “A gente produz a cacha�a no Vale do Jequitinhonha, em Leme do Prado. � a melhor regi�o para fabricar uma cacha�a por causa do ‘terroir’. O clima � prop�cio, a terra da regi�o � excelente para produzir a cana-de-a��car para a cacha�a. Ali da regi�o saem excelentes produtos”, afirma o comerciante.

 

Barroso conta que a tradi��o � um importante diferencial na produ��o da bebida e apresenta uma nova linha que, em Minas, s� pode ser degustada no Mercado Central: as mistas de cacha�a, com sabores inusitados. “O legal da nossa cacha�a � essa tradi��o que a gente carrega j� h� 168 anos fabricando, a mesma fam�lia, o mesmo lugar, usando o fermento feito l� na fazenda. E a gente vem aperfei�oando o produto ao longo desses anos. Temos uma linha grande de cacha�a, s�o sete envelhecimentos, e agora estamos com uma linha saborizada para um p�blico mais jovem”, diz o comerciante. “A gente n�o pode considerar que seja uma cacha�a mesmo. Ela � uma bebida mista, feita � base de cacha�a com um doce, uma calda que a gente faz na fazenda, que � um segredo nosso. Temos a bananinha, cravo e canela, caipirinha e coco. S� aqui que tem, � exclusivo no Mercado”, diz.

 

Thiago Barroso, da Cachaça Dama da Noite: ''É uma honra trabalhar aqui. A gente aprende muito com visitantes do Brasil e do mundo inteiro'', diz(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Thiago Barroso, da Cacha�a Dama da Noite: ''� uma honra trabalhar aqui. A gente aprende muito com visitantes do Brasil e do mundo inteiro'', diz (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Segundo ele, outras cacha�arias do Mercado viram a qualidade da Dama da Noite e passaram a vender garrafas desse produtor, em parceria. � poss�vel comprar pela internet e h� representantes em outros estados, mas, em Minas, s� no Mercado Central. “� um local que re�ne toda a cultura do estado num lugar s�, principalmente na parte gastron�mica. Alimentos e bebidas, a gente consegue encontrar tudo aqui no Mercado”, afirma Thiago Barroso. Segundo ele, a loja f�sica foi aberta l� ap�s um convite do estabelecimento. “� uma honra trabalhar aqui. A gente aprende muito com o Mercado, com esses visitantes do Brasil e do mundo inteiro que passam por aqui”, destaca.

 

A qu�mica Marina Souza e o namorado dela, o engenheiro civil Rafael Carvalho, vieram de Raposos, na regi�o metropolitana, fazer compras no Mercado Central. Tudo come�ou por causa do gato de estima��o de Marina. Ela vai ao estabelecimento para comprar produtos para o bichinho e tamb�m alimentos para casa. “Tem variedade de produtos, tem muita coisa que a gente est� precisando e s�o sempre mercadorias novas, tudo muito fresco”, diz. “Aqui tem as iguarias mais famosas, como o f�gado com jil�. Vinha aqui muito por causa do ‘golo’, n�o do gato. Agora � por causa do gato tamb�m”, brinca o engenheiro. “At� porque, h� coisas que, al�m de ter qualidade, s�o vendidas em v�rias lojas no mesmo espa�o e essa competi��o ajuda muito o cliente na hora de negociar, de fazer uma barganha”, analisa. Al�m disso, ambos concordam que � um �timo lugar para passear e se distrair.

 

“Maravilhoso, maravilhoso”, define a dona de casa Maria do Ros�rio Pinheiro Gomes, do Bairro Cai�ara, na Regi�o Noroeste da capital, fazendo compras entre os corredores do Mercado Central. “Os farelos de fibra para controle de diverticulite s� encontro aqui. Polvilho, queijo, s� compro aqui”, lista, falando de suas compras costumeiras. “Al�m de achar tudo aqui, o pre�o � mais em conta”, destaca. Maria do Ros�rio conta ainda que a fam�lia adora o local, inclusive a filha, que faz mestrado na Europa. “O namorado dela � espanhol. Quando ela vem, o traz aqui. E ele ama”, lembrou. Sobre o anivers�rio do Mercado, ela comenta: “Pode continuar assim, mas se melhorar um pouquinho, �timo. Se n�o der para melhorar, assim t� bom demais”. (CS)

 

 


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