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Estado de Minas

BNDES libera verbas para restaura��o de patrim�nio e cria��o de museu em Mariana

Recursos de R$ 14,2 milh�es ser�o direcionados para obras na Igreja S�o Francisco, fechada h� mais de seis anos, e na Casa do Conde de Assumar, al�m da implanta��o de museu que contar� a hist�ria da cidade


postado em 12/09/2018 06:00 / atualizado em 12/09/2018 07:51

Interditada, a Igreja São Francisco de Assis está fechada aos fiéis e visitantes há mais de seis anos. Mato já cresce em seu telhado (detalhe) (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Interditada, a Igreja S�o Francisco de Assis est� fechada aos fi�is e visitantes h� mais de seis anos. Mato j� cresce em seu telhado (detalhe) (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


Em um cen�rio de desalento quanto � preserva��o do patrim�nio hist�rico ap�s o inc�ndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, a cidade de Mariana, na Regi�o Central do estado, ganhou incentivo para valoriza��o da mem�ria mineira. Por meio da Lei Rouanet, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) vai repassar R$ 14,2 milh�es para a execu��o das obras de restaura��o e reforma da Igreja S�o Francisco de Assis, fechada desde 2012, e da Casa do Conde de Assumar, anexa ao templo. O dinheiro tamb�m se destina � cria��o do Museu da Cidade, localizado no complexo religioso, com o intuito de resgatar a hist�ria do munic�pio. As negocia��es pela verba duraram dois anos e os recursos v�o quitar 94% do investimento total.

As obras devem sair do papel ainda neste ano ou no in�cio de 2019, segundo Efraim Rocha, secret�rio de Cultura, Patrim�nio Hist�rico, Turismo, Esporte e Lazer de Mariana. As interven��es programadas v�o real�ar os tra�os do Barroco mineiro da Igreja S�o Francisco de Assis. Segundo Rocha, o espa�o vai passar por melhorias em sua estrutura, aprimoramentos para evitar infiltra��es e trabalhos de alvenaria, pintura, ilumina��o e som, al�m da restaura��o da parte art�stica (pinturas e forros).

Servi�os semelhantes aos da igreja ser�o executados na Casa do Conde de Assumar, localizada atr�s do templo religioso e tombada pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) desde 1938. A verba do BNDES ainda ser� empregada na constru��o de um museu, anexo � igreja, que pretende contar a hist�ria de Mariana. A proposta do Museu da Cidade de Mariana consiste em oferecer um percurso que vai se iniciar na Casa do Conde de Assumar, passar por vest�gios arqueol�gicos que se encontram no jardim entre as duas constru��es hist�ricas, adentrar a Igreja S�o Francisco de Assis e terminar na Pra�a Minas Gerais, um dos principais cart�es-postais do estado.

Segundo o secret�rio Efraim Rocha, os projetos j� est�o prontos e devem demorar cerca de dois anos para ser conclu�dos. Para o representante do Executivo municipal, as obras representam um avan�o significativo para a economia da cidade, abalada desde o rompimento da Barragem do Fund�o, que despejou rejeitos de minera��o e destruiu o distrito de Bento Rodrigues. “S�o obras muito esperadas pela comunidade, pois a igreja est� fechada h� muito tempo. Estamos contando com esse dinheiro. Nossa cidade perdeu muita receita e renda e � hora de restabelecer nossa voca��o para a arte e para a cultura”, ressalta.

Al�m do restauro das duas constru��es e da cria��o do museu, o projeto prev� tamb�m a realiza��o de a��es educativas. A ideia � que elas contribuam para estreitar la�os entre a popula��o e o patrim�nio hist�rico da cidade, por meio de visitas monitoradas ao canteiro de obras. Outra iniciativa no cronograma � a Escola de Of�cios, um programa de forma��o nos modos de fazer tradicionais da constru��o civil – considerados patrim�nio imaterial de Minas Gerais. As obras do conjunto arquitet�nico do Museu de Mariana poder�o servir de canteiro de aprendizagem para os alunos e integrantes do programa.

Ap�s o t�rmino das obras, a gest�o das edifica��es ser� compartilhada: a casa do Conde de Assumar e a sede do museu ser�o de responsabilidade da Prefeitura de Mariana, enquanto a Igreja de S�o Francisco de Assis ficar� a cargo da Arquidiocese da cidade. Ambas tamb�m dever�o destinar recursos para manuten��o das respectivas constru��es pelo per�odo de 20 anos, a partir da assinatura do conv�nio.

A professora Luciana Silveira, de 47 anos, ficou feliz com a not�cia. “Acho importante preservar, n�o s� pela arte, mas tamb�m para o povo ter acesso. Apesar de termos muitas igrejas, todas t�m a sua import�ncia, as congrega��es sentem falta, a gente fica sentido por estar fechada esses anos todos. Frequentei esse templo desde crian�a e fico preocupada com o risco de os danos irem piorando e um dia n�o ter mais como voltar a ser como era”, disse.

Para a servidora p�blica federal F�bia Alves, de 34, que estava a passeio em Mariana com duas amigas, a restaura��o � essencial. “Para visitar Minas Gerais temos de ver a parte hist�rica. Por isso, ela precisa ser preservada. Viemos do Nordeste, onde h� tamb�m igrejas antigas e patrim�nio, justamente para ver as de Minas, t�o belas”. Tamb�m funcion�rias p�blicas, Thereza Xavier, de 36, e Evoncleide Ramos, de 40, concordam. “O conjunto daqui � um tesouro, um patrim�nio que precisa mesmo ser preservado. N�o podemos deixar acabar para depois agir”, diz Thereza. “Se como est�o hoje j� s�o t�o bonitas, imagine quando as igrejas forem restauradas”, admira-se Evoncleite.

Casa do Conde de Assumar, tombada pelo Iphan desde 1938, também passará por restauroeficará sob os cuidados da Prefeitura de Mariana (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Casa do Conde de Assumar, tombada pelo Iphan desde 1938, tamb�m passar� por restauroeficar� sob os cuidados da Prefeitura de Mariana (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


Tesouro do s�culo 18 interditado


Interditada h� mais de seis anos, a igreja ostentava a vice-lideran�a no ranking de visita��o a templos religiosos de Mariana quando foi fechada. Em maio de 2012, laudo do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�sco Nacional (Iphan), assinado pelo engenheiro Luiz Mauro Rezende, apontou problemas na cobertura e estrutura do pr�dio, o que motivou o veto � visita��o e �s celebra��es religiosas.

Tr�s anos antes, em abril de 2009, uma decis�o judicial tamb�m lacrou as entradas da igreja. � �poca, a ju�za L�cia de F�tima Magalh�es Albuquerque Silva acatou pedido do Minist�rio P�blico Estadual (MPE), que denunciou as fragilidades do pr�dio por causa da umidade causada pelas infiltra��es e pela a��o dos cupins.

A Igreja S�o Francisco de Assis foi constru�da no s�culo 18, entre 1761 e 1794, por meio de um projeto proposto pelo arquiteto Jos� Pereira Arouca. A primeira missa foi celebrada em dezembro de 1777, quando come�ou uma s�rie de interven��es. Em 1794, a igreja foi entregue, depois de ser conclu�da pelo irm�o Miguel Teixeira Guimar�es, administrador da obra. A fachada e os elementos ornamentais (como p�lpito, ret�bulo-mor, lavabo e teto da capela-mor) s�o de autoria de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

O ponto tur�stico conta tamb�m com influ�ncia de outro expoente do Barroco mineiro. No per�odo de 1791 a 1825, Mestre Ata�de ficou respons�vel pelo douramento do ret�bulo do altar-mor, do trono, do tabern�culo e do altar de Santa Isabel. Os pain�is do forro da sacristia e do teto do corpo da igreja s�o de autoria desconhecida, embora haja dados a respeito de um pagamento efetuado entre 1816 e 1817 pelas pinturas da sacristia. Diferentes pintores contribu�ram na execu��o dos trabalhos, como Francisco Xavier Carneiro, professor que examinou as obras de Ata�de, Jo�o Lopes Maciel, Jos� Lu�s de Brito, Jos� Joaquim do Couto, Francisco Moreira de Oliveira e Jo�o Nepomuceno Correa e Castro.

As amigas Fábia, TherezaeEvoncleide vieram do Nordeste para apreciar o patrimônio mineiro:
As amigas F�bia, TherezaeEvoncleide vieram do Nordeste para apreciar o patrim�nio mineiro: "O conjunto daqui � um tesouro", diz a segunda (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


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