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Estado de Minas

Natureza luta para ressurgir da lama tr�s anos ap�s trag�dia de Mariana

Meio ambiente reage, projetos institucionais ajudam e a vegeta��o come�a a aparecer no solo devastado pela lama em 2015. Produtor rural resiste no cen�rio do desastre


postado em 05/11/2018 06:00 / atualizado em 05/11/2018 06:46

Mato brota nas ruínas de Bento Rodrigues, comunidade devastada pelo rompimento da Barragem de Fundão(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Mato brota nas ru�nas de Bento Rodrigues, comunidade devastada pelo rompimento da Barragem de Fund�o (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
O tsunami de rejeitos de min�rio de ferro que varreu o vilarejo de Bento Rodrigues, no munic�pio de Mariana, na Regi�o Central de Minas, tamb�m engoliu cerca de 80% da vila de Paracatu de Baixo, que ficava rio abaixo. Hoje, exatamente tr�s anos depois da maior trag�dia socioambiental brasileira, o cen�rio nas �reas atingidas desses dois subdistritos � semelhante. O rejeito que cobriu ruas, quintais e resid�ncias, atualmente est� sob um tapete de mato e capim. Um verde que extravasa pelas portas, janelas e telhados, servindo de abrigo para animais pe�onhentos como escorpi�es e aranhas.

No meio desse terreno desolado, onde at� nascentes de �gua foram soterradas, apenas um morador ainda insiste e com seu suor consegue retirar o sustento da fam�lia de sua pequena rocinha em Paracatu de Baixo. Obstinado, o produtor rural Corjesus Mol Peixoto, de 56 anos, � tamb�m o �nico que ainda produz dentro do marco zero dessa devasta��o. “A lama destruiu a parte de baixo do terreno, onde tinha capim. Eu tinha 12 vacas. Hoje, n�o tenho nenhuma, s� sete bezerros que crio na parte de cima. Mas preciso de vir tratar deles todos os dias (a Renova fornece silagem e ra��o), porque n�o tem mais pastos”, conta.


Devasta��o

Os animais s� sobreviveram porque a not�cia de que a lama estava vindo chegou antes, permitindo salvar o gado de leite. Mas os impactos na vida do produtor foram devastadores. “N�o tiro mais leite, porque n�o tenho mais onde guardar (estocar) nem transportar. Minha mulher � professora na escola. Como a escola foi para Mariana, ela n�o vem mais aqui comigo. Meus filhos tamb�m conseguiram trabalho na cidade. Por isso, h� dias que quem fica aqui sou s� eu e meus bezerros”, disse. Apesar de sua tenacidade, o produtor rural j� admite abandonar Paracatu de Baixo. “Aqui, n�o tem mais jeito n�o, teremos de viver em outro lugar mesmo. Come�ar de novo, ter as vacas de novo. A vida era tranquila, muito pacata. Em volta da minha casa viviam umas cinco fam�lias de parentes, todos meus vizinhos”, lembra. Os habitantes de Paracatu de Baixo escolheram uma �rea rural a seis quil�metros de l�, chamada Lucila e que vai receber cerca de 120 fam�lias.

Corjesus Peixoto é único produtor rural que ainda trabalha no marco zero da devastação de Paracatu de Baixo(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Corjesus Peixoto � �nico produtor rural que ainda trabalha no marco zero da devasta��o de Paracatu de Baixo (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Apesar de haver locais onde as atividades tradicionais e a natureza parecem ter sido completamente devastadas, aos poucos o meio ambiente e algumas a��es da Funda��o Renova e outras institui��es conseguem restaurar parte dos ecossistemas. Para a recomposi��o da bacia atingida dos rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce, a Funda��o dividiu a �rea total em 17 trechos, desde a barragem rompida at� o mar. Em cada �rea uma solu��o diferente vai ser implementada (veja mapa). “H� locais nos quais a retirada dos rejeitos poder� trazer um impacto ainda maior para a natureza. Temos de levar em conta a movimenta��o de caminh�es, a gera��o de poeira e a destina��o do rejeito removido para um local adequado. Uma parte desse rejeito j� est� estabilizada, com uma camada de sedimentos e at� mesmo de vegeta��o que naturalmente recobriu tudo”, afirma a l�der do programa socioambiental da funda��o, Juliana Bedoya.

(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)

Ao mesmo tempo, tamb�m foram indicados locais onde a remo��o dos rejeitos da natureza deve ocorrer para impedir que esse material seja reintroduzido nos recursos h�dricos com as chuvas. “Um exemplo disso � a cachoeira de Camargos (pequeno povoado perto de Bento Rodrigues). Eles perderam um ponto tradicional deles. Vamos remover o rejeito e recuperar a cachoeira. Pediram �rea de camping e uma praia artificial. Vamos moldando isso e promovendo a retirada de rejeito”, disse.

Um dos “laborat�rios” onde a Funda��o Renova testa essas medidas de recupera��o ambiental � o chamado Trecho 8, um segmento de nove quil�metros entre os vilarejos de Bento Rodrigues e Bicas que foi soterrado por uma carga impressionante de 500 mil metros c�bicos de rejeitos (cerca de 2,5% do total despejado entre a barragem e a Represa de Candonga). � nesse local que os impactos e experi�ncias s�o observados, bem como a regenera��o natural e a necessidade de replantio. Ao todo, a barragem rompida deixou escapar 40 milh�es de metros c�bicos, sendo que 6,5 milh�es ainda est�o em Fund�o.

Fundação Renova busca recuperar áreas próximas ao Rio Gualaxo(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Funda��o Renova busca recuperar �reas pr�ximas ao Rio Gualaxo (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)


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