Unidades de conserva��o do Quadril�tero Ferr�fero devem ser integradas

Conhecido pela press�o miner�ria, devido � grande riqueza, representada sobretudo por jazidas de min�rio de ferro, o Quadril�tero Ferr�fero dever� formar um mosaico de unidades de conserva��o que pode garantir a integridade de sua vida selvagem, dos biomas e da �gua que abastece a regi�o mais populosa de Minas Gerais. O lan�amento desse plano ocorre amanh�, na sede do Ibama, em Belo Horizonte, com a presen�a de representantes do �rg�o federal, do Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), de prefeituras e de administra��es de unidades de conserva��o. Ser�o mais de 30 unidades de conserva��o envolvidas nesse mosaico, entre parques, matas e reservas federais, estaduais, municipais e tamb�m particulares. Uma a��o que permitir� a��es integradas e uma grande cobertura para essa �rea, que sofre muitos impactos e depende de seus recursos naturais e humanos.

Um mosaico � um conjunto de �reas protegidas, justapostas ou sobrepostas, onde h� a��es conjuntas que devem ser fortalecidas e complementadas. O que se pretende estabelecer no Quadril�tero Ferr�fero � o �ltimo a integrar a primeira fase de forma��o dessas jun��es de unidades de conserva��o, para abranger a �rea de 3,7 milh�es de hectares, compreendida entre Ouro Branco (Regi�o Central) e Diamantina (Vale do Rio Jequitinhonha), reconhecida em 2005 pela Unesco como Reserva da Biosfera da Serra do Espinha�o. Os mosaicos do Alto Jequitinhonha � Serra do Cabral (Norte de Minas ao Jequitinhonha) e da Serra do Cip� (Regi�o Central) j� haviam sido formados anteriormente, restando, agora, o reconhecimento do Quadril�tero Ferr�fero para recobrir completamente a �rea de Reserva da Biosfera.

De acordo com o professor do departamento de biologia da PUC-Minas Miguel �ngelo Andrade, coordenador do Comit� Estadual da Reserva da Biosfera da Serra do Espinha�o, pela grande abrang�ncia da �rea e identidade regional das unidades, a forma��o dos mosaicos permite processos de mobiliza��o, dando sentido � coopera��o para o desenvolvimento de bases conservacionais. “Cada regi�o tem a sua identidade e seus atributos, como as bacias hidrogr�ficas, os aspectos biogeogr�ficos e de governan�a. Regionalizar essa diversidade � muito importante”, considera o professor.

Como benef�cios diretos, Miguel �ngelo aponta a possibilidade de a regi�o assumir sua voca��o para a conserva��o, uma forma mais estreita e coordenada de coopera��o entre as unidades e a institucionaliza��o de um instrumento de governan�a comum. “Essa gest�o conjunta, em um conselho, permite o apoio e o planejamento da preven��o e combate a inc�ndios florestais. Permite, tamb�m a identifica��o e a implementa��o de corredores ecol�gicos que possibilita a liga��o de uma �rea natural a outra, dentro do mosaico de �reas protegidas, permitindo mobilidade entre as esp�cies. Por exemplo: Uma on�a que sai da �rea natural que habita e encontra uma zona urbana n�o consegue mais sair. Pelo corredor natural, ela pode encontrar outras popula��es e aumentar a viabilidade gen�tica da esp�cie. Um dos fatores que atualmente mais levam � extin��o � a fragmenta��o dos h�bitats”, observa o coordenador do comit� estadual.

OURO L�QUIDO Outra vantagem dessas �reas naturais preservadas, especialmente not�vel na regi�o do Quadril�tero Ferr�fero, � a capacidade de armazenar �gua e amenizar o clima dos centros populacionais do entorno. “H� ganhos de provis�o de recursos h�dricos essenciais ao abastecimento e ao fornecimento de �gua de qualidade, bem como impactos que amenizam o clima. Sem esquecer que s�o espa�os de educa��o ambiental e para a contempla��o do meio ambiente para as popula��es”, observa o professor Miguel Andrade.

A pr�xima fase de reconhecimento do Quadril�tero Ferr�fero como Reserva da Biosfera ainda est� sob an�lise t�cnica da Unesco. Segundo Andrade, o pr�ximo trecho contemplado seguiria pelo Norte de Minas e vale do Jequitinhonha, a partir de Diamantina, at� a por��o baiana da forma��o rochosa. “O geossistema do Quadril�tero Ferr�fero se destaca por contar com muitas esp�cies end�micas e amea�adas de extin��o, uma �rea priorit�ria para a conserva��o da biodiversidade de Minas Gerais”, disse.

 

Algumas �reas que ser�o integradas

 

» Serra da Piedade

Forma��o rochosa natural, que se ergue a 1.746 metros de altitude nas proximidades de Caet�, na Regi�o Central de Minas Gerais. No alto da serra fica o Santu�rio Bas�lica de Nossa Senhora da Piedade, um dos destinos religiosos mais procurados por fi�is no Brasil

 

» Serra do Curral

Tombada pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), a forma��o montanhosa � um dos s�mbolos de Belo Horizonte, mas sua travessia est� interrompida por motivos de seguran�a e por deter uma esp�cie de cacto end�mico e amea�ado de extin��o

 

» Serra do Rola-Mo�a

Fica entre os munic�pios de Belo Horizonte, Brumadinho, Nova Lima e Ibirit� e apresenta in�meras nascentes da Bacia Hidrogr�fica do Rio das Velhas, abastecendo parte da Grande BH. � um ref�gio natural e conta com muitas esp�cies amea�adas, como a on�a-parda, jaguatirica, lobo-guar�, gato-do-mato, macuco e veado-campeiro

 

» Parque Nacional da Serra do Gandarela

Um dos mais cont�nuos fragmentos de mata atl�ntica de Minas Gerais, a serra tamb�m � tida como uma importante reserva h�drica e de recarga de �guas subterr�neas do estado. Muito procurada por suas cachoeiras e atividades ao ar livre como a observa��o de aves

 

» Pico do Itacolomi

Uma das forma��es de destaque da regi�o de Ouro Preto e de Mariana, essa serra reserva a hist�ria dos bandeirantes que desbravaram Minas Gerais e a hist�ria das planta��es de ch� no estado. O pico, de 1.772 metros de altitude, � muito procurado por turistas, mas h� hist�ricos de invas�es e depreda��es