
A arte urbana do grafite ocupa mais um espa�o inusitado de Belo Horizonte, os muros do quartel do 1º Batalh�o do Corpo de Bombeiros Militares de Minas Gerais, no bairro Funcion�rios. O coletivo Minas de Minas recebeu o convite dos Tenentes Pedro Aihara e F�bio Gomes para homenagear as primeiras mulheres que h� 25 anos ingressavam na carreira de salvadores de vidas e est�o mudando a frieza das paredes com cores e desenhos que retratam a trajet�ria dessas hero�nas.
S�o ao todo 40 metros de extens�o por quatro de altura no muro externo da rua Maranh�o. Ser�o tr�s dias de trabalho, onde a figura central � a logo FEM, que identifica a presen�a feminina nos quart�is. Ser�o gastos 50 litros de l�tex e 30 frascos de spray. O coletivo Minas de Minas existe h� onze anos e tornou-se mais vis�vel com as interven��es art�sticas em homenagem a mulheres que de alguma forma se destacaram efetiva e afetivamente, segundo Louise L�bero, 31 anos. A capital conta com trabalhos expressivos do grupo como, entre outros, a figura da “imortal” Elza Soares, na Pra�a da Esta��o, da atriz do grupo Galp�o, Teuda Barra, na rua dos Guaicurus, Tha�s Ara�jo, na Rua Esp�rito Santo.
As garotas Louise L�bero, Krol Jaued, Niva Viber e Musa tamb�m j� deixaram suas impress�es em muros de cidades em Sergipe, Bahia, Paran� e S�o Paulo. Krol Jaued disse que o grupo recebeu com “alegria” o convite “inusitado, j� que pela primeira vez a �rea militar abre as portas para a arte do grafite, e ainda mais importante para homenagear essas personagens t�o recentes na centen�ria hist�ria dos bombeiros militares”.
A ideia dos tenentes Pedro Aihara e F�bio Gomes, de grafitar os muros do batalh�o, foi sugerida � assessoria de comunica��o que a abra�ou. “Nosso prop�sito foi materializar uma homenagem que valorizasse e eternizasse a presen�a da figura feminina na corpora��o”, contou o tenente F�vio. Ele disse que a escolha de um coletivo feminino de grafite foi proposital. “Nada como o olhar feminino para expressar os avan�os das mulheres no mercado de trabalho e em todas as frentes”.
O ingresso de mulheres nas fileiras da Corpora��o se efetivou com a lei nº 11.099, em 18 de maio de 1993, que previa a possibilidade de emprego de mulheres nas atividades do Corpo de Bombeiros, fato in�dito em Minas. Oitenta mulheres ingressaram no Curso de Forma��o de Soldados. Para acompanhar o aprendizado das rec�m-chegadas foram destacadas uma Tenente e uma Capit� da Pol�cia Militar. Os dois pelot�es femininos tiveram seu curso nas depend�ncias do 1º Batalh�o de Bombeiros Militar (1ºBBM).
Elas foram submetidas a mesma grade curricular dos homens: nata��o, salvamento aqu�tico, mergulho, salvamento terrestre, salvamento em altura, ordem unida, educa��o f�sica, combate a inc�ndio, entre outros. Fizeram tamb�m as atividades de campo nos moldes realizados por seus colegas com acampamentos e jornadas militares. “Passaram pelas mais exigentes provas, testes de for�a, resist�ncia, de t�cnica, levando-as constantemente a exaust�o”, segundo o tenente.
Assim, ap�s nove meses de prepara��o, 67 bombeiras somavam-se aos quadros de soldados da Corpora��o. Integrante da primeira turma em Minas a sargento Rosilene Jaques conta que foi um desafio estar num mundo at� ent�o somente masculino. “N�o havia preparo para nos receber e nem sab�amos o que ir�amos encontrar. N�o havia instala��es adequadas”.

O primeiro passo das mulheres bombeiras foi demonstrar que estavam ali para somar, e n�o competir com os homens. “Houve muita discrimina��o e para provar que �ramos capazes t�nhamos que ser sempre melhores que todos. Aos poucos fomos vencendo as barreiras”. Rosilene garante que quem chega hoje encontra outro ambiente. “N�o tenho d�vida de que fiz a melhor escolha. Quem ingressar hoje ver� que � uma profiss�o linda, a abnega��o se torna um projeto de vida da gente que vale muito a pena, viver em fun��o da institui��o me deixa honrada”
O Corpo de Bombeiros conta com 551 mulheres atuando em todo o estado, 82 oficiais e 69 pra�as, em todas as frentes como operacional, sa�de, administrativo, m�sica. O efetivo da corpora��o � de 5.975 militares. Anualmente, os militares do Corpo de Bombeiros s�o submetidos a uma semana de intensos treinos que os capacitam a atuar nos diversos tipos de ocorr�ncias di�rias. � o Treino Profissional B�sico (TPB) que visa a atualiza��o e aperfei�oamento do bombeiro militar, tendo em vista o cumprimento de suas miss�es constitucionais.
� composto pelo Teste de Avalia��o F�sica (TAF), Avalia��o T�cnico-Profissional (ATP) e o Tiro Pr�tico. Todo este aparato � importante para que os militares se mantenham em condi��es de atuar em qualquer situa��o, ainda que estejam empenhados em fun��es administrativas em suas rotinas di�rias. Al�m disso, o treinamento assegura o vigor f�sico, a destreza da tropa e a correta execu��o das t�cnicas e emprego dos equipamentos, bem como atualiza e padroniza procedimentos.
Contra a vulnerabilidade
“Se essa rua fosse minha, eu mandava grafitar...” Mais um novo projeto com o intuito de cobrir o horizonte urbano com cores e transformar a paisagem da capital mineira em uma galeria de arte a c�u aberto. Mas, desta vez, na periferia e principalmente, em locais de maior vulnerabilidade social. A primeira edi��o ocorreu no domingo, envolveu cerca de 80 artistas e contou com uma oficina aberta ao p�blico, na Vila S�o Rafael, tamb�m conhecida como Gog� da Ema, na Regi�o Leste de Belo Horizonte. A proposta � levar a arte do grafite como ferramenta para levantar quest�es a respeito da pr�pria comunidade. “� importante discutir o seu pertencimento, o uso do espa�o p�blico e, tamb�m, a est�tica do aglomerado”, explicou o coordenador art�stico do projeto e grafiteiro, Rafael Silveira. O mutir�o deu cor a uma �rea de cerca de 1.200m². Os grafiteiros foram selecionados pela internet e ganharam almo�o, lanche da tarde e �gua, al�m de um kit com sprays, tinta l�tex, pigmentos e acess�rios de pintura. “� uma forma de fortalecer o artista local”, acrescentou.