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Estado de Minas

Profissionais liberais entre 25 e 40 anos lideram procura por armas em Minas

Levantamento aponta que homens com fam�lia formada e que nunca sofreram viol�ncia, mas n�o creem na pol�cia, lideram busca pela posse legal de armas


postado em 20/01/2019 06:00 / atualizado em 20/01/2019 07:25

"Busco mais prote��o. Minha inten��o � nunca precisar de usar a arma de fogo, mas ter esse poder de decis�o. Para proteger a mim mesmo, a minha fam�lia e nossos bens". Hudson dos Reis, de 26 anos, empres�rio (foto: Jair Amaral/EM/D.A.Press)

Os mineiros que procuram por licenciamento na Pol�cia Federal com o intuito de adquirir uma arma de fogo legal s�o, em sua maioria homens, de 25 a 40 anos, profissionais liberais e que t�m fam�lia constitu�da. Apesar de n�o ter sofrido viol�ncia diretamente, sentem que podem ser v�timas e n�o acreditam que o Estado possa defend�-los. Esse � o perfil que a reportagem do Estado de Minas encontrou consultando clubes de tiro e despachantes de armamentos que atuam em Belo Horizonte, mas prestam servi�o para pessoas de todo o estado, uma vez que s� h� sete unidades da Pol�cia Federal em Minas Gerais para esse atendimento. Todos os servi�os experimentam uma procura incrementada desde a assinatura do decreto de flexibiliza��o da posse de armas de fogo, assinado na ter�a-feira pelo presidente Jair Bolsonaro. A principal altera��o do decreto foi sobre a declara��o de efetiva necessidade de uma arma de fogo. Esse crit�rio passou a ser condicionado pela viol�ncia do local onde se vive (mais de 10 homic�dios para cada 100 mil habitantes) e considera ainda quem vive nas �reas rurais, o que na pr�tica abrange todos os brasileiros.

De acordo com a empres�ria Graziele Laine, de uma das maiores firmas de desembara�o de armamentos em Minas Gerais, a Laine Despachante de Armas, o volume de atendimentos aumentou 80% depois da assinatura do decreto. Segundo ela, 90% de quem procura o servi�o s�o homens, sendo metade deles de Belo Horizonte, um quarto da Grande BH e um quarto do interior. “As justificativas s�o muito parecidas. S�o pessoas que n�o chegaram a sofrer a viol�ncia na pr�pria pele, mas que t�m medo de n�o poder exercer a leg�tima defesa ou proteger a fam�lia. Essas pessoas consideram que ocorreu uma fal�ncia da seguran�a p�blica e que o policiamento pode n�o conseguir prevenir um assalto � sua resid�ncia, por exemplo”, afirma a despachante. “Muitas dessas pessoas t�m um hist�rico de pais que tinham armas no passado”.

(foto: Arte)
(foto: Arte)


No Clube de Tiro e Treinamentos T�ticos (Cettas), um dos maiores e mais antigos da Grande BH, em S�o Jos� da Lapa, na Grande BH, boa parte da clientela � formada por empres�rios que buscam fazer as provas de tiro e utilizam tamb�m os servi�os do estabelecimento para facilitar o processo burocr�tico na aquisi��o de armamento para sua casa ou para o trabalho. “Algo que influencia muito � a quest�o de poder aquisitivo. Porque comprar armas e muni��es no Brasil � muito caro. Uma arma de marca europeia comprada nos Estados Unidos custa por US$ 300 ou US$ 400. Aqui, custa 500% ou at� 600% mais”, afirma o s�cio-propriet�rio e instrutor do Cettas, Thomas Schr�der. “Uma coisa tem de ser entendida. Quem vem at� aqui quer ficar dentro da lei, quer uma arma legalizada. Outro dia veio um senhor de 92 anos que queria atirar. Outras pessoas tinham armas guardadas na fazenda e querem ficar dentro da lei. Ter os registros”, afirma Schr�der. Os motivos mais frequentes da procura pelos cursos mais uma vez remetem � viol�ncia. “As pessoas falam que sentem inseguran�a. Que o Estado � incapaz de garanti-la. No interior isso � muito n�tido. A sensa��o � de que a pol�cia s� chega depois de as coisas terem acontecido e nem sempre as resolve. N�o h� preven��o e presen�a em todos os lugares”, avaliou o instrutor de tiro.

O empres�rio belo-horizontino Hudson dos Reis, de 26 anos, quer uma arma de fogo para a prote��o da fam�lia e de seus neg�cios. “Busco mais prote��o. Minha inten��o � nunca precisar de usar a arma de fogo, mas ter esse poder de decis�o. Para proteger a mim mesmo, minha fam�lia e nossos bens”, afirma. O empres�rio gostou das instru��es que teve no clube e as considera uma forma de ampliar a seguran�a de quem tem material b�lico em seu poder. “Aqui (no clube de tiro), tive refor�ada a necessidade de treinar sempre, manter a pr�tica e estar sempre mais preparado. Nunca estive envolvido numa quest�o de viol�ncia ou de briga, mas a realidade que vemos nas ruas e as hist�rias que ouvimos nos levam a agir preventivamente”, disse Hudson, que aproveitou a oportunidade dos exames de tiro para aquisi��o da posse de armamento para se filiar ao clube.

A facilidade para a aquisi��o de uma arma de fogo igualou as condi��es de seguran�a para a popula��o, opina o gerente Everton Luis Miguel, de 28. “Antes, apenas os criminosos tinham acesso aos armamentos e a certeza de que suas v�timas estariam desarmadas. Essa certeza n�o existir� mais e as condi��es ficaram mais iguais”, afirma o gerente. Everton se interessou tanto pelas armas de fogo que se filiou ao clube de tiro e, ao adquirir a posse, pretende competir como atirador esportivo. No seu teste de tiro utilizou uma carabina calibre 22 e apresentou um �timo desempenho no alvo, que fica a 20 metros de dist�ncia. “Um vizinho que j� pratica tiro esportivo me incentivou e me mostrou esse esporte. Gostei muito e depois de ele ter feito v�rios convites, decidi come�ar a praticar, montar uma rotina de pr�tica todo s�bado, por exemplo”, conta.


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