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Estado de Minas

Defensores do desarmamento cobram investimento em seguran�a p�blica

Defensores apontam 'ilus�o de prote��o' na posse de arsenal. Decreto � alvo at� de armamentistas, por limitar 'estoque'


postado em 20/01/2019 06:00 / atualizado em 20/01/2019 07:48

Adeptos da ideia de que ter armas garante a segurança da família e da propriedade já buscam clubes de tiro para treino e testes para obter a posse legal(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Adeptos da ideia de que ter armas garante a seguran�a da fam�lia e da propriedade j� buscam clubes de tiro para treino e testes para obter a posse legal (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Ter a mulher e a filha de 12 anos sob a mira de rev�lveres manuseados por dois adolescentes visivelmente dopados foi a sensa��o de maior fragilidade j� experimentada pelo empres�rio Ricardo Ara�jo Caetano, de 46 anos. “Naquele momento, s� podia rezar e torcer para que os ladr�es fossem embora da minha casa, na zona rural de Ita�na. Amea�aram atirar, disseram que iam nos matar e ficaram nos aterrorizando. N�o quero passar por isso nunca mais. Ter uma arma legalmente faz parte das medidas que estou tomando para que isso n�o volte a ocorrer jamais”, disse o empres�rio. A resid�ncia de Ricardo foi invadida pela dupla de menores no ano passado e ele quase vendeu a propriedade, devido ao desgosto. Com a flexibiliza��o da posse de armamento, na ter�a-feira, ap�s a assinatura do Decreto 9.685 pelo presidente Jair Bolsonaro, ele se sentiu mais confort�vel para passar pelos tr�mites necess�rios  para a aquisi��o de armas. “Passei pelas exig�ncias para ter um armamento legalizado. O pr�ximo passo � fazer um treinamento e levar minha esposa e minha filha para fazer o mesmo curso. � importante que saibam utilizar uma arma de fogo para a leg�tima defesa, caso um dia isso seja necess�rio”, afirma.

O decreto tornou mais f�cil o acesso a rev�lveres, pistolas e armas longas �s pessoas que acreditam que isso poder� representar mais seguran�a. Contudo, h� setores que discordam dessa tese, e at� mesmo armamentistas n�o est�o totalmente satisfeitos com o decreto presidencial. O Instituto Sou da Paz, que militou pelo desarmamento e faz campanha contra a viol�ncia, lamentou a facilita��o de acesso �s armas de fogo legais pela popula��o. “Majorit�rio na popula��o � o desejo pelo investimento s�rio e estrat�gico em seguran�a p�blica, responsabilidade da qual o governo se desvia ao fomentar a ilus�o de que cidad�os armados estariam protegidos, sendo que o uso da arma para defesa pessoal presume que ela esteja ao alcance imediato e que o cidad�o tenha um grau de treinamento irreal no cotidiano”, declarou o instituto.

A amplia��o da dura��o do registro de 5 para 10 anos, para o instituto, trar� menos controle do Estado sobre os armamentos legais. “Ou seja, (o Decreto) requer que psic�logos garantam que as pessoas continuar�o em suas plenas faculdades mentais pelos pr�ximos 10 anos. Do mesmo modo, ningu�m consegue garantir que permanecer� com capacidade motora para usar uma arma de maneira respons�vel sem atingir ningu�m no mesmo per�odo”. “Por fim, e mais importante, alertamos que um dos prov�veis efeitos do decreto ser� o aumento das mortes violentas por motivos banais, como o caso do atirador da catedral de Campinas que, ainda que n�o tenha usado armas registrados, teve acesso a armamentos e causou uma trag�dia que poderia ser evitada n�o fosse o alto n�mero de artefatos desse tipo em circula��o”.

J� Ben� Barbosa, presidente do Movimento Viva Brasil – criado em 2004 para garantir o direito de posse de armas e cr�tico do Estatuto do Desarmamento –, defende que a quantidade de armas de fogo que o decreto poder� injetar na sociedade brasileira n�o trar� um aumento da viol�ncia ou dos crimes por motivos banais, como brigas dom�sticas e de tr�nsito. “Esse decreto foi uma resposta a um referendo (leia texto nesta p�gina) que teve um resultado inequ�voco e n�o foi respeitado. Foi esquecido como se n�o tivesse acontecido. O governo Bolsonaro reviveu esse assunto. Vamos ver, na pr�tica, se o decreto vai ser suficiente. N�o acredito que v� ser suficiente, mas a gente tem que esperar”, disse. Nos canais e redes sociais armamentistas, o tom � de cr�tica, sobretudo pela redu��o de seis para quatro do n�mero de armas que podem ser adquiridas sem licen�as extras. Tais setores tamb�m reagiram negativamente ao fato de o presidente n�o ter alterado as regras que restringem o porte nem ampliado a possibilidade de compra de muni��o, limitada a 50 unidades por ano.

O mec�nico Rinaldo Henrique do Nascimento, de 38, encarou como positiva a flexibiliza��o. “Estou fazendo o curso de tiro e legalizando o registro de uma arma que herdei do meu tio. � necess�rio para a gente que trabalha ter essa seguran�a, que acaba sendo ampliada para a nossa casa. N�o acho que o porte tenha de ser facilitado. N�o acho certo que pessoas andem armadas nas ruas”, disse. J� para o advogado Ant�nio C�sar Marques Filho, de 40 anos, ter uma arma passou a ser necess�rio depois que ele come�ou a ser amea�ado. “Atuo muito em reintegra��es de posse e geralmente os invasores descobrem meu nome nos processos e fazem amea�as. J� tive de chamar a pol�cia por ter sido recebido com tiros para o alto em uma invas�o”, afirma. Mesmo com essas amea�as, o advogado n�o conseguiu convencer a Pol�cia Federal de que necessitaria portar uma arma. “Vou tentar de novo, mas s� de poder ter uma arma em casa j� traz um pouco mais de seguran�a”, disse.

A seguran�a da fam�lia tamb�m � o argumento do empres�rio Clayton Rubiano Mois�s Teixeira, de 36, para passar pelos tr�mites para a aquisi��o de uma arma de fogo. “Tenho minha fam�lia agora. Ccasei-me e tenho uma filha de 7 anos. Achei importante ter uma arma na minha resid�ncia permanente. N�o para andar com ela, mas para a minha defesa pessoal, da minha fam�lia e do meu patrim�nio”. O atirador esportivo Glaison Ribeiro, de 43, participa de competi��es h� 10 anos e afirma que a forma como o brasileiro encara uma arma pode mudar com o decreto. “Na minha fam�lia todos s�o atiradores. Estamos acostumados a ver e a manusear. Por isso tratamos as armas com seriedade. Treinar tamb�m � importante. Chego a realizar mais de 800 disparos por m�s quando treino para uma competi��o”, afirma.


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