
A 600 metros da �rea n�o atingida pelos rejeitos do rompimento da Barragem de C�rrego do Feij�o, no povoado de mesmo nome, em Brumadinho, na Grande BH, a descoberta de um �nibus de funcion�rios da mina obrigou os bombeiros a trabalhar em condi��es extremas. Uma situa��o que resume bem as dificuldades, obst�culos e exig�ncias mentais �s quais esses socorristas se exp�em, para regatar corpos e procurar sobreviventes desse que � um dos piores desastres socioambientais do Brasil. Cerca de 100 militares chegaram a ser empenhados em v�rias frentes de trabalho nesse cen�rio de devasta��o, sendo que 85 deles nas chamadas “zonas quentes”, os locais mais perigosos e com maior n�mero de v�timas.
O �nibus foi encontrado no domingo, mas s� p�de ser acessado ontem, devido � falta de luz no anoitecer. Logo �s 6h, 20 bombeiros militares de Minas Gerais e do Rio de Janeiro se deslocaram pela �rea arrasada pela lama e rejeitos. Um terreno inst�vel, apresentando partes de concentra��o l�quida que lembra um c�rrego ou lago, com at� 2 metros de profundidade, e outras de lama movedi�a, que aparenta estar mais firme, mas engole com facilidade quem n�o se desloca com cuidado e t�cnica.
Uma das formas encontradas pelos bombeiros para chegar ao ve�culo � recobrindo o solo lamacento com t�buas e pranchas de madeira. Para determinar o local exato da a��o e a localiza��o de corpos, o trabalho dos c�es farejadores � fundamental. No caso do �nibus encontrado no domingo, o resgate ontem teve de ser manual, sob forte calor de 34°C. A todo momento os bombeiros precisavam procurar um terreno firme para poder trabalhar. Metade utilizava p�s e enxadas para tentar desenterrar o �nibus. A outra metade usou de fac�es, cordas e motosserras para remover madeira da mata e construir uma rota de fuga, caso a barragem B6, que vinha apresentando perigo, rompesse.

“O �nibus aparentemente � de funcion�rios, devido � grande quantidade de equipamentos de prote��o individual que foram encontrados no seu interior. Mesmo trabalhando o dia todo pode n�o ser poss�vel resgatar todos os corpos, uma vez que o �nibus pode ter vindo (sendo arrastado) e espalhado mais v�timas pelo local. � uma �rea bem extensa. Estamos trazendo mais c�es, melhorando os acessos e a rota de fuga”, disse o capit�o Farah.
Quando parte da lataria do ve�culo foi exposta, os socorristas puderam constatar o poder da devasta��o. O �nibus de cerca de 45 lugares estava achatado, com menos de um metro de altura. Entre o metal retorcido e a lama que preenchia tudo, foram identificados dois corpos. Os trabalhos foram intensificados. Mais ferramentas foram trazidas em duas viagens por helic�pteros. A pr�pria aproxima��o das aeronaves gera ainda mais perigo, uma vez que os helic�pteros ficam pairando a menos de um metro do ch�o. Quando se aproximam, as equipes removem todos os tipos de detritos e objetos que podem ser atirados pelo deslocamento de ar provocado pelas h�lices. Todos tamb�m precisam se proteger das p�s girat�rias e por isso deitam na lama e at� se escondem para ficar abaixo delas.
O soterramento � t�o extenso que os bombeiros chegaram a levar uma motobomba e mangueiras para tentar desagregar o rejeito com jatos de �gua. “A motobomba � para fazer um desmanche hidr�ulico da lama que soterrou o �nibus, utilizando a pr�pria �gua de um c�rrego que passa aqui”, disse o capit�o Farah. Para captar a �gua do c�rrego, mais trabalho duro. Os tapumes que cobriam o solo foram usados para fazer um barramento e um dos bombeiros precisou entrar na �gua acumulada para posicionar a mangueira, ficando com �gua at� a altura do seu queixo.
O cheiro forte dos corpos em decomposi��o tornam aquele ambiente ainda mais hostil, Uma dezena de urubus orbitava os locais onde as v�timas eram descobertas. Muitas moscas tamb�m se concentram nessas �reas, atrapalhando a concentra��o dos bombeiros. No final de tanto esfor�o, dois corpos foram removidos, depois de terem sido usadas serras circulares e desencarceradores. Peda�os de lataria, de bancos e blocos de lama seca precisaram tamb�m ser retirados do interior do ve�culo para que, enfim, os corpos pudessem ser retirados.
Parcelado Bombeiros realizam um trabalho �rduo, meticuloso, que requer muito treinamento, com a lama at� o nariz, para n�o afundar. Nesse esfor�o, eles realizam a sua miss�o sem a contrapartida m�nima do estado. Pagamento dos sal�rios s�o parcelados, assim como ser� o 13º sal�rio de 2018. Uma situa��o vivida por outros servidores do estado, como � o caso dos funcion�rios que participam do resgate e do amparo �s v�timas, entre eles os policiais civis e profissionais da sa�de da Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
A Secretaria de Estado da Fazenda confirmou ontem que a terceira e �ltima parcela dos sal�rios, para em torno de 600 mil servidores, foram depositadas ontem nas contas banc�rias. Neste m�s, os sal�rios foram parcelados em tr�s vezes: dias 14, 21 e 28. Por enquanto, o 13º � uma inc�gnita. Ontem, o governador Romeu Zema (Novo) prometeu anunciar a forma de pagamento do abono natalino de 2018.
“O c�o nos ajuda a sinalizar os locais onde podemos ter corpos. Estou aqui desde o primeiro dia. � um terreno muito desgastante e, al�m de me preocupar com a minha seguran�a, tamb�m � preciso pensar no c�o. Ele � um parceiro e a confian�a nossa � m�tua”
Sargento Leonardo Costa Pereira
“Hoje (ontem) � meu anivers�rio. Estava com a minha fam�lia, mas quando soube da trag�dia, s� pensei em ajudar. Pensava em que poderia fazer para ajudar a popula��o. Dar um conforto aos familiares ao resgatar um corpo. Infelizmente � o que resta muitas vezes para fazer por essas pessoas que est�o desaparecidas”
Subtenente Selmo Andrade
“Esses eventos s�o de uma magnitude muito grande, com um s�rio dano ambiental. Qualquer perda de vida que a gente tenha conta muito. Seja
uma ou centenas. A gente sente muito. Por isso estamos fazendo o nosso melhor. Para dar um al�vio para as fam�lias. N�s trabalhamos sempre
com a esperan�a de encontrar pessoas vivas”
Capit�o Leonard Farah