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Estado de Minas

Desmonte de barragens dar� �s empresas lucro com material extra�do de rejeitos

Desativa��o de reservat�rios de rejeitos de min�rio permite retirar material rico em teor de ferro e que pode ser transformado em produto valorizado no exterior


postado em 05/02/2019 06:00 / atualizado em 05/02/2019 08:12

Sobrevoo em área afetada pelo rompimento da barragem 1 da mina Córrego do Feijão, da Vale: troca de estruturas por processamento de minérios sem água também dá ganho às mineradoras(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Sobrevoo em �rea afetada pelo rompimento da barragem 1 da mina C�rrego do Feij�o, da Vale: troca de estruturas por processamento de min�rios sem �gua tamb�m d� ganho �s mineradoras (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Al�m da despesa que a mineradora Vale anunciou, na forma de investimentos de R$ 5 bilh�es, para desativar e recompor as �reas de 10 barragens de rejeitos de min�rio de ferro em Minas Gerais dentro de tr�s anos, a empresa ter� lucro, e lucro que promete ser farto com o reaproveitamento de toneladas de ferro acumulado  nos reservat�rios que t�m sido usados em minas antigas do estado. A tecnologia de processamento de rejeitos ainda ricos em ferro n�o � nova e j� vem sendo usada pelas mineradoras no Brasil. Se por um lado o processo demanda gastos, de outro, uma vez recuperado o ferro contido em material que havia sido descartado no passado vira dinheiro futuro num mercado internacional de concorr�ncia acirrada pelo min�rio que alimenta sider�rgicas na �sia, Europa e nos Estados Unidos.

Diferentemente da cren�a de que min�rio n�o d� duas safras, a explora��o das reservas minerais do estado passou por v�rias ondas. Minas forneceu a chamada hematita por d�cadas, material mais rico em ferro e que hoje praticamente n�o � mais encontrado. Depois vieram os chamados itabiritos, com teores menores ao ser retirados na forma natural, mas que numa fase intensificada pelo setor ganham valor mediante a eleva��o desses teores durante o processo de tratamento nas ind�strias.

� com esses min�rios que ganham qualidade nos processos industriais nas minas e o ferro de altos teores de Caraj�s, no Par�, que as exporta��es mineiras e brasileiras, respectivamente, enfrentam a competi��o com os produtores australianos. O professor do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Hernani Mota de Lima, destaca que embora o custo de recupera��o desse material nas barragens seja pesado, tende a cair quanto maior for a quantidade de ferro ainda contida nos rejeitos e que pode ser negociada pelas empresas.

“Temos barragens de rejeitos com teor de ferro superior ao do min�rio de algumas minas hoje em opera��o no estado”, afirma Hernani Mota. O engenheiro de minas e professor da Ufop lembra que em projetos de desativa��o de barragens (chamados de descomissionamento pelas empresas), o mais comum � que depois de retirados os rejeitos, esse material passe por etapa de tratamento em m�quinas e equipamentos para que seja extra�do o ferro ainda contido nele. Ao fim do processo, o rejeito virou produto.

Para Minas, o benef�cio ser� ficar livre dos barramentos e de devastadores rompimentos, como os que ocorreram na mina da Samarco em Mariana e na reserva da Vale em Brumadinho, na medida em que as empresas passarem, tamb�m, a usar o sistema de tratamento a seco de min�rios, ou seja, sem o uso de  �gua para lav�-los de impurezas. Nesses casos, os rejeitos saem secos do processo industrial, que usa britadores e grandes peneiras, e s�o empilhados sob controle, evitando rompimentos e vazamentos.

"Temos barragens de rejeitos com teor de ferro superior ao min�rio de algumas minas hoje em opera��o no estado"

Hernani Mota de Lima, professor do Departamento de Engenharia de Minas da Ufop



Necessidade
O custo de recupera��o do ferro nos res�duos das barragens que ser�o desativadas � alto, como destaca Hernani Mota, devido ao fato de se tratar de material muito fino. “Se antes a Vale faria o processo de desativa��o das barragens de forma mais lenta e integrada ao sistema produtivo nas minas, agora se trata de uma necessidade (para evitar o risco de rompimento) e ser� tamb�m uma forma de capitaliza��o para a companhia”, afirma o professor da Ufop.

Consultor da ind�stria da minera��o e ex-executivo de grandes empresas do setor ouvido pelo Estado de Minas, que prefere o anonimato, afirmou � reportagem que o retorno do plano de desativa��o das barragens anunciado pelo Vale depender� do resultado econ�mico-financeiro do processo. “� retirar os res�duos e reprocess�-los. Nada pode ser feito de maneira abrupta.”

A fonte observa que os pre�os do min�rio de ferro ca�ram do c�u ao inferno. Em bons tempos de crescimento mundial, j� chegaram a US$ 150 por tonelada e em per�odos de crise despencaram, movimentando-se na casa de US$ 70 a US$ 80 a tonelada. Neste ano, a expectativa, inclusive nas proje��es da Vale, � de cota��es na casa dos US$ 90. Para adequar custos e ganhos, as sider�rgicas come�aram a buscar os chamados blends (misturas) de min�rio de alta qualidade com material de teores mais baixos de ferro.

Reduzir o volume de rejeitos que passam por processos que demandam �gua � a outra quest�o imperativa para a ind�stria. “Cada vez mais o setor ter� de falar da minera��o a seco”, afirma o especialista. Reportagem do EM mostrou na semana passada que grandes mineradoras que exploram ricas reservas de ferro h� d�cadas na Regi�o Central de Minas Gerais com barragens convencionais classificadas pelos �rg�os fiscalizadores na mesma categoria dos reservat�rios da Vale que romperam em Mariana e Brumadinho est�o investindo para desativ�-las.

T�m projetos em desenvolvimento ou j� desenvolveram empresas como a Minera��o Usiminas, o grupo Gerdau e a Companhia Sider�rgica Nacional (CSN). Para se livrar do risco das barragens, elas implantaram,na explora��o das minas, o sistema de tratamento do material a seco, que consiste no empilhamento dos rejeitos, quase na forma de p�. A pr�pria Vale informou, em meados de 2016, que j� tinha a inten��o de reduzir o uso das barragens e adotar o processamento a seco.


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