
Em compasso de espera e tens�o nas alturas. Onze dias ap�s o rompimento da barragem da mina do C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, n�o h� decis�o federal ou estadual sobre o uso da usina hidrel�trica do Retiro Baixo, no Rio Paraopeba, entre Pomp�u e Curvelo, para conter a lama de rejeito de min�rio vazada do empreendimento da Vale. Enquanto n�o h� determina��o oficial, a preocupa��o toma conta dos pescadores artesanais e piscicultores do entorno do lago de Tr�s Marias, na Regi�o Central, ponto de encontro entre o afluente Paraopeba e o S�o Francisco.
Reunido, ontem, em Felixl�ndia com autoridades, t�cnicos, moradores, produtores e ambientalistas, o presidente do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio S�o Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, alagoano, disse haver um temor sobre as condi��es em que o Paraopeba chegar� ao reservat�rio de Tr�s Marias, ap�s o rompimento da barragem da mina do C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte.
“As pessoas podem ficar prejudicadas, principalmente quem vive da pesca. S� no munic�pio de Morada Nova tem 1 mil fam�lias, ent�o, o problema pode ser muito grande. Este aqui � o primeiro cen�rio do Paraopeba chegando ao S�o Francisco”, disse Miranda. Se continuar chovendo na regi�o do Alto Paraopeba, onde fica Brumadinho, � poss�vel que o material carreado chegue a Tr�s Marias por volta do dia 15. “N�o h� um c�lculo muito exato sobre, mas a preocupa��o das pessoas com a sa�de e a vida � alta”, disse Miranda. Uma das possibilidades de barrar a contamina��o pode estar na usina hidrel�trica de Retiro Baixo, administrada pela Retiro Baixo Energ�tica, administrada pelo cons�rcio Furnas, Cemig, e Orteng, localizada entre os munic�pios de Pomp�u e Curvelo.
Para o presidente do comit�, � fundamental que o governo tome todas as provid�ncias, inclusive com adapta��o de barreiras filtrantes ao longo do Paraopeba, para evitar que os rejeitos vazados da barragem da mina do C�rrego do Feij�o atinjam o Velho Chico e, na sequ�ncia, o Oceano Atl�ntico. “Toda a Bacia do S�o Francisco, de Minas ao Nordeste, entrou em estado alerta, afinal, ningu�m sabe em que condi��es a �gua chegar� �s cidades ribeirinhas”, afirmou Miranda, que j� visitou a �rea afetada em companhia de integrantes dos f�runs nacional e estadual de comit� de bacias hidrogr�ficas.
Reiterando a import�ncia de barreiras flutuantes ao longo do curso d’�gua, Miranda conclamou o governo federal e estadual no sentido de fazer o poss�vel para impedir a contamina��o dos recursos naturais com metais pesados (merc�rio, chumbo, c�dmio e outros), pois isso n�o s� mata os peixes como exp�e a vida humana ao perigo onde h� capta��o no rio. “� importante pedir ajuda � Petrobras e �s transportadoras de combust�vel para que coloquem � disposi��o equipamentos espec�ficos para conter os res�duos”, disse Miranda, acrescentando que �rg�os como a Vigil�ncia Sanit�ria devem estar a postos tendo em vista o risco de contamina��o no consumo de peixes.
MOBILIZA��O Sempre muito preocupado com o quadro resultante da trag�dia em Brumadinho, provocada pelo rompimento da barragem da Vale, Anivaldo Miranda, refor�a que � importante a mobiliza��o em todos os setores. “As informa��es devem ser repassadas diariamente aos moradores do entorno do Lago de Tr�s Marias, e outras regi�es, para garantir o clima de tranquilidade. As autoridades, por sua vez, devem tomar as medidas necess�rias � seguran�a da popula��o. “Pode ser que n�o haja contamina��o da �gua, mas ela tamb�m pode chegar a Tr�s Marias fora dos padr�es toler�veis. Houve este grande golpe no meio ambiente e, agora, � preciso estar preparado para tudo”, destacou.
“Estamos recebendo todas as opini�es dos moradores e acompanhando de perto toda a situa��o. O rompimento da barragem em Brumadinho � a “gota que derramou no copo, n�o podemos suportar mais”, conclui Miranda, que pede �s autoridades federais que n�o deixem ocorrer � Bacia do S�o Francisco o mesmo visto na Bacia do Rio Doce, devastado ap�s o rompimento da Barragem do Fund�o, em 5 de novembro de 2015.
RESPOSTA Em nota, a dire��o da Retiro Baixo Energ�tica informa que a Usina de Retiro Baixo segue com sua opera��o normal, de acordo com a regra operativa e em alinhamento com os demais �rg�os reguladores. Caso haja necessidade de paralisa��o da gera��o, os n�veis ser�o controlados pelo vertedouro, conforme condi��es de seguran�a do empreendimento. A nota diz ainda que “os t�cnicos da empresa est�o monitorando o deslocamento e a densidade dos res�duos e calculando os diversos cen�rios poss�veis da chegada desse material � barragem da usina, a fim de garantir a seguran�a das pessoas, do meio ambiente e dos equipamentos. N�o h� risco estrutural para a barragem”.
Um rio morto
“Um rio completamente morto”. Essa � a constata��o sobre a condi��o do Rio Paraopeba (foto) por integrantes de uma expedi��o da Funda��o SOS Mata Atl�ntica, que percorre o manancial, ap�s a trag�dia da barragem de rejeitos de min�rio b1 da Mina C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, na Grande BH, ocorrida em 25 de janeiro. A contamina��o do rio por metais pesados tamb�m foi confirmada por an�lises feitas pelo Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam). “A �gua (do Paraopeba) tem variado entre p�ssimo – ou seja, o rio completamente morto – e ruim, tamb�m completamente morto do trecho pr�ximo de onde ocorreu o desastre at� Par� de Minas, onde foi feito uma barreira de conten��o, tentando conter os rejeitos, mas que ainda n�o deu resultado”, afirmou a especialista em recursos h�dricos da entidade, Malu Ribeiro, que coordena a Expedi��o Paraopeba.
