
Tomado pela lama de min�rio de ferro, restos de constru��o e de natureza morta, o trecho o Rio Paraopeba que recebe as �guas do C�rrego do Feij�o era reduto de praticantes da canoagem. A combina��o das pedras com curvas sinuosas ofereciam condi��es favor�veis para iniciantes, que se aventuravam com caiaques nas corredeiras sepultadas pelos rejeitos da barragem da Vale em Brumadinho, na regi�o metropolitana de Belo Horizonte.
Quem frequentou o local e se divertiu naquelas �guas se revolta com o impacto provocado pela mineradora. “L� era o final do trecho de cerca de dois quil�metros de boas corredeiras para a canoagem, onde nos divert�amos pra caramba. Agora, � o in�cio do trecho morto do rio, o Rio da Tristeza”, diz o caiaqueiro Rodrigo Rezende de Angelis, de 40, profissional de comunica��o em meio ambiente.
Ele aprendeu a navegar no Paraopeba, nos anos 2000, e a paix�o pela canoagem acabou direcionando sua carreira para a causa ambiental, o que aumenta sua indigna��o ao ver o curso d'�gua contaminado pelo rejeito. “A gente sabe que o rio acabou. O min�rio pavimentou o curso do rio. Aquelas pedras, por onde a gente da canoagem passava e tamb�m onde os peixes reproduziam, n�o existem mais”, lamenta.
Praticantes da canoagem procuravam trechos pr�ximos � foz do C�rrego do Feij�o at� a altura da estrada Alberto Flores, que continua interditada para a retirada da lama, dividindo o munic�pio de Brumadinho.
Agora avermelhadas, as �guas amarronzadas do Paraopeba exigiam cuidado, mas ofereciam condi��es para a pr�tica de esportes aqu�ticos. “A gente sempre tomava um verm�fugo para se precaver. O Paraopeba era vi�vel, agora, deixou de ser completamente”, afirma.
Em sua �ltima navega��o pelo Paraopeba, o ambientalista Rafael Bernardes, de 59, adepto da canoagem, fez um mutir�o para recolher lixo e plantar �rvores.
“Toda vida teve min�rio no Paraopeba e o rio sempre foi muito maltratado. Jogavam gado morto na nascente. Agora, infelizmente, � que n�o vai prestar mesmo. E acabou com a capta��o de �gua no Paraopeba. � um absurdo mesmo”, diz Bernardes.
Qualidade da �gua
O monitoramento da Qualidade das �guas Superficiais de Minas Gerais, do Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam), do terceiro trimestre de 2018, apontou que foi encontrado no Rio Paraopeba o �ndice de Qualidade da �gua (IQA) “muito ruim”. “Essa condi��o � favorecida principalmente pelo lan�amento de grandes quantidades de esgotos dom�sticos e efluentes industriais lan�ados nos corpos de �gua”, explica o relat�rio.