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Estado de Minas

Desconfian�a quanto a contamina��o da �gua e solo afeta produtores rurais de Brumadinho

Em bairros como Aranha, Melo Franco e C�rrego do Ferreira, hortas saud�veis est�o sendo 'entregues' para as galinhas comerem. Criadora de til�pia est� descartando sua produ��o


postado em 23/02/2019 06:00 / atualizado em 23/02/2019 07:56

Sem compradores para a tilápia, com tanques e congeladores lotados, Maria Betânia é obrigada a se desfazer dos peixes(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
Sem compradores para a til�pia, com tanques e congeladores lotados, Maria Bet�nia � obrigada a se desfazer dos peixes (foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)

Brumadinho – Os impactos do rompimento da barragem da Vale na Mina do C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, ainda levar�o tempo para ser determinados. Mas o abalo nos bairros rurais de Aranha, Melo Franco e C�rrego do Ferreira j� s�o vis�veis. Eles n�o foram atingidas diretamente pela lama, mas se tornaram vilarejos fantasmas. Al�m dos moradores estarem “ilhados” em decorr�ncia dos rejeitos que tomaram conta da principal estrada de acesso, agricultores agroecol�gicos s�o obrigados a parar suas produ��es. O motivo: as pessoas n�o querem consumir produtos de l� devido � imagem generalizada de contamina��o da �gua e do solo do local. Alguns pequenos produtores est�o abrindo o galinheiro para as aves darem um fim �s hortas saud�veis que n�o s�o mais consumidas. S� ontem, 25 quilos de til�pia foram descartados por uma produtora porque os consumidores temem que o peixe esteja contaminado. As pousadas e com�rcios da regi�o v�m sofrendo o impacto devido ao medo da contamina��o dos alimentos. Moradores se organizam para pedir provid�ncias.


“N�o consigo vender minha til�pia porque est� circulando a informa��o de que ningu�m deve comer nada. Mas isso n�o � verdade e eu estou jogando peixe fora”, contou a piscicultora, moradora do Bairro Melo Franco, Maria Bet�nia da Silva, 47 anos. A �ltima venda foi deita em 25 de janeiro. Ela tinha entregas para serem feitas no fim de fevereiro, por�m, todas canceladas. A grande maioria de seus consumidores � do Centro de Brumadinho ou dos bares tradicionais de Belo Horizonte. Ela explica que a situa��o � cr�tica.

Os peixes s�o mantidos em tr�s grandes tanques, por�m, devido � superlota��o, falta oxig�nio e os eles precisam ser retirados e congelados. “S� costumo vender peixes frescos. Agora, estou com o congelador lotado. Nem tenho mais onde colocar”, acrescentou. A piscicultora, que ainda tem 1.500 animais no aqu�rio, sendo que desses 900 precisam ser vendidos em at� 30 dias para n�o que n�o se percam, est� desesperada. Angustiada, ela conta que j� teve preju�zo de R$ 8 mil e afirma que n�o conseguir� fechar a conta que �, mensalmente, de R$ 14 mil para manter a cria��o. Al�m do mais, ela trabalha no sistema de aquaponia – produ��o de alimentos que combina a aquicultura com a produ��o de hortali�as – e o ciclo fica totalmente prejudicado.

� triste de se ver a pequena horta org�nica de alface, r�cula, couve, cebolinha, salsinha, espinafre sendo totalmente jogada para as galinhas comerem. O mesmo que ocorre com Maria Bet�nia, se repete com a produtora Cleuza Maia, de 59. “Nasci e fui criada aqui. Sempre vendi minha horta na feirinha da cidade. E caiu muito o movimento. As pessoas n�o chegam, pela dificuldade de acesso � estrada, ou temeram comprar hortali�as que acreditam estarem contaminadas pela lama”, contou. Ela mora em C�rrego do Ferreira, a cerca de 28 quil�metros do centro da cidade. O local era praticamente sustentando pelos turistas que iam at� o Instituto Inhotim e recebia, em m�dia, 35 mil visitantes por m�s. “Voc� fala que � de Brumadinho, o pessoal fica horrorizado”, contou. Vale lembrar que a regi�o do munic�pio � um importante centro de fornecimento de hortifrutigranjeiros para a Ceasa. Em 2018, a cidade forneceu 13,4 mil toneladas, equivalentes a 0,9% da oferta total do entreposto.

Fernanda Perdig�o de Oliveira, de 35, representante do Comit� Popular da Zona Rural, e coordenadora da Comunidade que Sustenta Agricultura (CSA), explica que a regi�o tem seu fornecimento de �gua pela nascente M�e D’�gua, que vem da Serra da Moeda, sem liga��o com os c�rregos afetados. “Depois do crime da Vale, a comercializa��o ficou parada. Muitos foram atingidos diretamente pela lama e a outra parte ficou prejudicada pela ideia de que Brumadinho tem apenas somente uma fonte de �gua e est� em um �nico espa�o”, contou. Muitos fornecedores pedem um atestado de qualidade da �gua, por�m, ela explica que � um processo que pode ser caro ou ademorar muito tempo. Com isso, dos 34 que fazem parte da CSA, apenas 15 ainda produzem, s� para consumo pr�prio. Segundo ela, al�m da n�o haver previs�o para a libera��o do acesso direto � regi�o – o desvio pode levar at� 3 horas e meia –, as outras vias est�o sem manuten��o, pois as m�quinas n�o chegam ao local para aparar o mato alto do caminho. Por isso, foi criado o Comit� Popular da Regi�o Rural, que representa os distritos de Palhano, C�rrego Ferreira, Quintiliano, Aranha, Suzana, Melo Franco e adjac�ncias: “Precisamos ter voz”, acrescentou.


DOA��O Na quarta-feira, a Vale voltou a realizar registros para a doa��o de R$ 15 mil destinados �queles que desenvolviam atividades produtivas ou comerciais localizadas na Zona de Autossalvamento (ZAS) do Plano de A��o de Emerg�ncia de Barragens de Minera��o (PAEBM). Mas nenhum dos casos mencionados acima devem ser contemplados. O Estado de Minas cobrou um posicionamento, mas a assessoria da Vale informou que n�o conseguiria contar o respons�vel pela �rea ainda ontem. Oper�rios trabalham na reconstru��o do acesso �s �reas rurais.

 

Minera��o � liberada na Serra da Piedade

A minera��o na Serra da Piedade poder� ser retomada, decidiu ontem o Conselho Estadual de Pol�tica Ambiental (Copam). A decis�o foi tomada por sete votos a favor do retorno, tr�s contra e duas absten��es, entre elas a do �rg�o regulador da atividade no pa�s, a Ag�ncia Nacional da Minera��o (ANM). Votaram a favor representantes do governo do estado e de empres�rios, al�m do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea).
O licenciamento se refere a projeto de explora��o da AVG Minera��o em  �rea adquirida da Brumafer e � fruto de um Acordo Judicial Federal, que prev� lavra e recupera��o da �rea, onde h� problemas de instabilidade. 

 

 

 


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