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Estado de Minas

Fam�lias de desaparecidos de Brumadinho temem n�o encontrar parentes

Al�m de todo o sofrimento provocado pela trag�dia provocada pela Vale, fam�lias de 111 pessoas vivem ang�stia de n�o poder se despedir dos entes sumidos sob a onda de lama. Medo � que situa��o se transforme em luto intermin�vel e tom � de cobran�a por agilidade em identifica��es no IML


postado em 10/03/2019 06:00 / atualizado em 10/03/2019 08:05

'Desde 7 anos já trabalhava com ele na roça. A gente saía para caçar, pescar. Sentimos a falta dele, de pescar, de brincar. O que mais dói é não saber onde ele está' - Adilson Lopes Silva, mostra a última colheita do feijão que plantou com o pai, Levi Gonçalves da Silva (foto: Fotos: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
'Desde 7 anos j� trabalhava com ele na ro�a. A gente sa�a para ca�ar, pescar. Sentimos a falta dele, de pescar, de brincar. O que mais d�i � n�o saber onde ele est�' - Adilson Lopes Silva, mostra a �ltima colheita do feij�o que plantou com o pai, Levi Gon�alves da Silva (foto: Fotos: Ed�sio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Levi Gonçalves era terceirizado da Vale, funcionário de uma empresa que fazia limpeza dos vagões que transportavam minério(foto: Álbum de família/Divulgação)
Levi Gon�alves era terceirizado da Vale, funcion�rio de uma empresa que fazia limpeza dos vag�es que transportavam min�rio (foto: �lbum de fam�lia/Divulga��o)

Em 24 de janeiro, o almoxarife Adilson Lopes Silva, de 35 anos, saiu de casa no C�rrego do Feij�o para fazer uma das coisas de que mais gosta: pescar na lagoa, que hoje j� n�o existe mais, soterrada pela onda de lama da Vale um dia depois, com o rompimento da barragem da mineradora no distrito de Brumadinho, na Grande BH, que comprovadamente matou 197 pessoas. As imagens do peixe de dois quilos, resultado da pescaria naquela quinta-feira, foram enviadas com orgulho em v�deo para o pai, o maior companheiro de beira de lagoa. “Eu brincava com ele, mostrando o peixe, porque a gente gostava de pescar juntos”, diz Adilson, enquanto pensa em como retomar a vida sem not�cias do seu Levi Gon�alves da Silva, de 59.


Quase 50 dias depois da trag�dia, ainda n�o h� not�cias dele,  funcion�rio de uma empresa terceirizada, que trabalhava na limpeza dos vag�es de transporte de min�rio quando a barragem se rompeu. A dor de Adilson se estende at� o momento a fam�lias de outras 111 pessoas, que n�o t�m not�cias dos desaparecidos e vivem um luto sem fim, sem saber se poder�o sepultar seus parentes e assim tentar fechar o ciclo de dor iniciado com o desastre. O maior medo � de que se repita o que ocorreu com uma das 19 v�timas da trag�dia de Mariana, tr�s anos atr�s, que nunca foi encontrada.


“Lembro-me de que desde menino eu andava com ele. Desde 7 anos j� trabalhava com ele na ro�a. A gente sa�a para ca�ar, pescar. Sentimos a falta dele, de pescar, de brincar. O que mais d�i � n�o saber onde ele est�”, revela Adilson. A presen�a do seu Levi na casa onde o almoxarife vive com a esposa, a agricultora Juliana Cardoso Gomes Silva, de 37, � percebida em detalhes, como na fruteira que ele fez para o casal com as pr�prias m�os ou na garrafa PET cheia de feij�o, colhido na horta de casa e plantado com a ajuda do pai e sogro. “Tem hora em que eu me pego ligando para ele. Eu sei que a possibilidade de ele estar vivo � muito remota, mas enquanto n�o souber que est� sepultado a gente ainda acha que pode estar vivo”, acrescenta Juliana.


O maior temor dos parentes dos desaparecidos � que o trabalho de buscas seja encerrado antes da localiza��o de todos os corpos, relembrando o que aconteceu no rompimento da Barragem de Fund�o, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, na Regi�o Central de Minas. Depois do desastre, em 5 de novembro de 2015, nunca foi localizado o corpo de Edmirson Jos� Pessoa, que tinha 48 anos e trabalhava havia 19 para a Samarco, mineradora respons�vel pela cat�strofe, controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton.


Essa situa��o acaba se transformando em uma esp�cie de luto intermin�vel, segundo o professor de psican�lise do Departamento de Psicologia da UFMG F�bio Belo. “Parte do processo de luto � saber que aquilo que foi perdido se encontra em um determinado lugar de perdas. O luto fica muito prejudicado quando a gente n�o sabe onde est� o ente perdido. Essa situa��o gera um luto intermin�vel, que Freud designa como melancolia. Isso significa viver sempre esperando o encontro com esse ente”, diz o especialista.


Das 111 pessoas que sumiram ap�s a passagem da onda de lama causada pela Vale, tr�s eram moradoras do C�rrego do Feij�o. Al�m do pai de Adilson, outra que ainda n�o foi localizada sob as toneladas de rejeitos � a auxiliar de cozinha Amarina de Lourdes Ferreira, de 53 anos, que trabalhava para uma empresa terceirizada no refeit�rio da Vale quando houve o rompimento. O filho de Amarina, Lenon Faustino Ferreira Barbosa, de 26, busca for�as para tentar prosseguir sem a m�e. “Quero encontr�-la para fazer o sepultamento. Ficar ali � muito complicado”, diz ele, entre l�grimas, ao se lembrar de sua grande refer�ncia. “Ela era simplesmente tudo para mim”, conta. O terceiro morador do Feij�o ainda n�o encontrado � Gilmar Jos� da Silva.

'O luto fica muito prejudicado quando a gente n�o sabe onde est� o ente perdido'

F�bio Belo, professor de Psican�lise do Departamento de Psicologia da UFMG



LUTO A DIST�NCIA Como a maioria dos desaparecidos � de empresas terceirizadas da Vale, que n�o necessariamente prestavam servi�os fixos na �rea da Mina C�rrego do Feij�o, muitas pessoas moravam em outros lugares. � o caso da fam�lia de Francis Eric Soares Silva, de 31, de Nova Lima, na Grande BH. Francis, que ainda est� desaparecido, � primo de Luiz Paulo Caetano, um dos mortos j� identificados ap�s a trag�dia. O pai de Luiz Paulo, Wilson Francelino Caetano, percorreu 78 quil�metros entre Nova Lima e o C�rrego do Feij�o diariamente, durante 34 dias, em busca de not�cias do filho. No �ltimo dia 28, quando voltava para casa, foi informado de que Luiz havia sido identificado.


Agora, o foco da fam�lia se volta para Francis, que trabalhava na mesma empresa terceirizada que d� manuten��es em m�quinas pesadas da Vale. “Enquanto seu Wilson estava vindo, ele repassava as not�cias para a gente. Agora, n�s vamos continuar vindo at� o Francis ser encontrado”, conta J�ssica Evelyn Soares Silva, de 28, irm� de Francis.


Com a cunhada, Solange Luiza da Cunha Silva, de 36, e a sobrinha Melissa, de 6, ela espera um ponto final nas buscas pelo irm�o. “A dor n�o vai passar nunca, mas a gente tenta fechar um ciclo, dar um enterro digno. S� assim a gente vai saber que eles v�o descansar em paz e n�o v�o ficar nessa lama que j� causou tanto sofrimento”, resume J�ssica. “O que deixa a gente revoltado � a pessoa sair para trabalhar e n�o voltar. N�o teve jeito nem de a gente se despedir”, acrescenta Solange, esposa de Francis.

'A gente tenta dar um enterro digno. Só assim a gente vai saber que eles vão descansar em paz e não vão ficar nessa lama que já causou tanto sofrimento' - Jéssica Evelyn Soares Silva, irmã de Francis Eric Soares Silva, com a cunhada, Solange Luíza da Cunha Silva (foto: Fotos: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
'A gente tenta dar um enterro digno. S� assim a gente vai saber que eles v�o descansar em paz e n�o v�o ficar nessa lama que j� causou tanto sofrimento' - J�ssica Evelyn Soares Silva, irm� de Francis Eric Soares Silva, com a cunhada, Solange Lu�za da Cunha Silva (foto: Fotos: Ed�sio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Francis Eric trabalhava em uma terceirizada da Vale que dava manutenção em máquinas pesadas quando a barragem se rompeu(foto: Álbum de família/Divulgação)
Francis Eric trabalhava em uma terceirizada da Vale que dava manuten��o em m�quinas pesadas quando a barragem se rompeu (foto: �lbum de fam�lia/Divulga��o)


O trauma foi t�o grande que a fam�lia parou de se reunir, revela J�ssica. “Como ele e o Luiz tinham muito contato com todos, a gente n�o consegue mais reunir os parentes. Isso devastou a fam�lia toda, muita gente est� precisando de atendimento psicol�gico, n�o consegue nem dormir”, conclui J�ssica.

Demora aumenta sofrimento de fam�lias


A ang�stia de parentes e amigos de 111 pessoas que seguem desaparecidas ap�s a passagem da onda de lama da Vale, em Brumadinho, na Grande BH, passa pela falta de informa��es concretas sobre o trabalho que � feito para identifica��o dos corpos resgatados em meio ao mar de rejeitos. Familiares reclamam que n�o recebem detalhes do andamento das identifica��es e que sempre que v�o atr�s do Instituto M�dico-Legal (IML) a �nica resposta que recebem � que ser�o procurados quando o respectivo parente for identificado. Uma d�vida frequente diz respeito ao fato de algumas identifica��es demorarem muito mais que outras.

O principal temor � de que os corpos n�o apare�am para ser sepultados, fazendo com que o luto se estenda para sempre. Uma informa��o que pode aliviar um pouco a ang�stia � que cerca de 160 corpos ou segmentos est�o no IML, al�m dos 197 que j� foram identificados, o que pode significar avan�o das identifica��es nos pr�ximos dias.

Familiares de vítimas atingidas pela tragédia se aglomeram na porta do IML, em busca de detalhes do andamento da identificação dos corpos resgatados(foto: Fotos: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS - 27/01/2019)
Familiares de v�timas atingidas pela trag�dia se aglomeram na porta do IML, em busca de detalhes do andamento da identifica��o dos corpos resgatados (foto: Fotos: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS - 27/01/2019)


Segundo os bombeiros, as buscas s� ser�o encerradas diante de duas situa��es: ou com o resgate de todos os corpos ou quando o estado de decomposi��o estiver t�o avan�ado a ponto de impedir novas localiza��es. O avan�o do tempo pode significar uma intera��o entre os materiais, fazendo restos mortais se misturarem aos rejeitos, impedindo a separa��o.

O que mais incomoda a fisioterapeuta J�ssica Evelyn Soares Silva, de 28 anos, irm� do funcion�rio terceirizado Francis Eric Soares Silva, de 31, que prestava servi�os � Vale e ainda est� desaparecido, � a demora para a realiza��o dos exames de DNA. O corpo do primo de Francis, Luiz Paulo Caetano, foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros em 29 de janeiro, segundo ela. Mas a identifica��o s� veio um m�s depois, em 28 de fevereiro. Enquanto isso, o pai de Luiz, Wilson Francelino Caetano, foi todos os dias ao C�rrego do Feij�o atr�s de not�cias do filho. “Por que o IML est� demorando tanto para identificar os corpos? Ser� que n�o tem como apressar os exames de DNA?”, questiona J�ssica.

Quem j� passou pelo drama de aguardar not�cias de um parente sabe o tamanho da dor e reconhece a necessidade de poder enterrar o familiar, para ter ao menos o conforto de saber onde a pessoa foi sepultada. � o caso da t�cnica em seguran�a Ana Paula dos Santos Assis, de 32. Ela perdeu na trag�dia o marido, Marco Aur�lio Santos Barcelos, mas recebeu a not�cia de que ele foi identificado e teve condi��es para providenciar o sepultamento. “A gente precisa de informa��es concretas. Toda hora chega a informa��o de que est� cheio de corpos no IML, mas e a�? Ningu�m fala mais nada. Tranquilo a gente n�o fica, mas d� um al�vio ao saber que a pessoa foi enterrada com dignidade. � muito sofrimento voc� procurar um filho, procurar seu marido, procurar seu irm�o e n�o encontrar e n�o ter ningu�m para dar resposta sobre o que est� acontecendo”, diz ela.

VAZIO Para o professor de psican�lise F�bio Belo, do Departamento de Psicologia da UFMG, um fator que pode contribuir diretamente para aumentar o luto intermin�vel dos familiares dos desaparecidos � a falta de responsabiliza��o ou de perspectiva de responsabiliza��o pelo crime, que causou a morte de 197 pessoas e ainda deixa 111 desaparecidos. No caso de Mariana, por exemplo, at� hoje ningu�m foi punido criminalmente pelos 19 homic�dios causados pelo rompimento da Barragem do Fund�o, h� mais de tr�s anos. O corpo do trabalhador Edmirson Jos� Pessoa, de 48, nunca foi encontrado. “O fato de n�o haver puni��o para aquelas pessoas que cometeram esse crime aumenta ainda mais a sensa��o de que o morto pode estar vivo. N�o tem como controlar as fantasias, consciente e inconsciente, que v�o se produzir diante do desparecimento de quem se ama”, diz o especialista.

Em nota, a Pol�cia Civil informou que est�o sendo feitas quatro formas de identifica��o no IML: papiloscopia (por digitais), odontologia legal, gen�tica forense (DNA) e antropologia, que pode ser feita por meio de raio-X das partes do corpo ou de cicatrizes e tatuagens. Ainda segundo a Pol�cia Civil, os n�meros de casos pendentes que j� est�o no IML n�o refletem o n�mero de �bitos, pois um ou mais segmentos podem pertencer a uma �nica pessoa.

“Os casos em que necessitam exame de DNA s�o mais complexos e t�m suas especificidades. Cada caso � analisado individualmente, e alguns demandam maior trabalho e tempo para identifica��o do que outros. Corpos em estado avan�ado de decomposi��o demoram mais para ser identificados, al�m do fato de que em cada corpo esse processo avan�a de forma diferente”, informou a corpora��o. Ainda conforme a Pol�cia Civil, quando o segmento ou corpo � identificado, o �bito � confirmado e a fam�lia avisada para os procedimentos de sepultamento.

'O fato de n�o haver puni��o para aquelas pessoas que cometeram esse crime aumenta ainda mais a sensa��o de que o morto pode estar vivo'

F�bio Belo, professor de Psican�lise do Departamento de Psicologia da UFMG



Resgate enfrenta uma montanha de desafios

O Corpo de Bombeiros informa que s� vai parar as buscas quando n�o houver mais corpos ou quando as condi��es biol�gicas para recupera��o de restos mortais n�o forem mais favor�veis. Os n�meros que j� foram colhidos at� o momento apontam a complexidade do trabalho. Segundo a corpora��o, aproximadamente 10,5 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio sa�ram da Barragem 1 da Mina C�rrego do Feij�o, o que equivale a cerca de 4,2 mil piscinas ol�mpicas, cada qual com 2,5 mil metros c�bicos.

Máquinas continuam escavações enquanto houver possibilidades de encontrar mais vítimas sob a lama(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
M�quinas continuam escava��es enquanto houver possibilidades de encontrar mais v�timas sob a lama (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A PRESS)


Como a quantidade de rejeitos � muito grande, os bombeiros acreditam que o trabalho de intelig�ncia durante as buscas ajudou a otimizar a recupera��o de corpos. Nesse servi�o se destacam aplica��o de modelos matem�ticos para entendimento do comportamento dos fluxos de lama, o cruzamento entre dados georreferenciados da localiza��o dos corpos e a localiza��o anterior das v�timas, o uso de tecnologias como dados de sinais celulares, a compara��o de material recolhido com mobili�rios pertencentes aos locais destru�dos, entre v�rias outras t�cnicas. Drones com tecnologia de leitura t�rmica, imagens de sat�lite monitoramento por instrumentos de alta precis�o tamb�m s�o recursos importantes empregados nas buscas.

Para retirar todo o rejeito extravasado, seriam necess�rios 12,5 milh�es de conchas de retroescavadeiras, cada uma com volume-padr�o de 0,8 metro c�bico. Se forem considerados 308 corpos, contando os 197 identificados e os 111 desaparecidos, seriam necess�rios 40.584 conchas de rejeito revolvido para cada v�tima localizada. A �rea atingida representa 10 quil�metros lineares ou 4 milh�es de metros quadrados, o que equivale a 1,6 vez a �rea da Lagoa da Pampulha, por exemplo, de acordo com estat�sticas do Corpo de Bombeiros.

Quando os militares esgotaram as possibilidades de encontro de corpos na superf�cie do rejeito e a lama se solidificou, o perfil da opera��o foi modificado. Come�ou um movimento de sa�da das aeronaves e entrada das m�quinas pesadas, chegando a mais de 70 retroescavadeiras e outros equipamentos. Os helic�pteros somaram 31 aeronaves, apoiando na retirada dos corpos no momento em que a lama ainda estava �mida e tamb�m no envio das tropas para os pontos quentes, j� que n�o havia acesso por terra.

Segundo os bombeiros, no primeiro m�s da opera��o foram feitos, em m�dia, 299 pousos e decolagens por dia, o que resultou na maior movimenta��o a�rea de Minas Gerais. Como compara��o, o aeroporto internacional de Confins, na Grande BH, tem m�dia de 260 pousos e decolagens por dia. Em Brumadinho Foram mais de 1.500 horas de voo at� ontem, o que permite quase oito voltas completas ao mundo, mantidas as condi��es de voo e velocidade.

Os bombeiros destacam ainda o trabalho dos c�es farejadores para a opera��o. Cheiro caracter�stico ou manchas de sangue geram o acionamento de uma equipe de interven��o r�pida com os cachorros. O animal confirma ou n�o a exist�ncia de corpo no local. “Esse tipo de recurso evita o trabalho desnecess�rio e incrementa a capacidade de busca das equipes”, segundo a assessoria de imprensa dos bombeiros.


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