
A minera��o disparou o alarme de riscos h�dricos com a devasta��o do Rio Paraopeba ap�s o rompimento da Barragem 1 da Mina C�rrego do Feij�o, da Vale, em 25 de janeiro, e chegou a interromper essa capta��o para a Grande BH e outros munic�pios – 15 cidades receberam �gua da mineradora. A ruptura matou 203 pessoas e deixou 105 desaparecidas, mas outros empreendimentos sem garantias de seguran�a provocaram evacua��es em Bar�o de Cocais, Itabirito, Itatiaiu�u, Nova Lima e Rio Preto. Associadas a essa atividade, expans�es imobili�rias, f�bricas e invas�es, que retalham uma das mais importantes caixas-d’�gua do Rio das Velhas, p�em em risco o abastecimento de 60% da Grande BH, que depende da capta��o da Copasa em Bela Fama, distrito de Nova Lima.
O Sinclinal de Moeda fica entre Belo Vale, Brumadinho, Congonhas, Itabirito, Moeda, Nova Lima, Ouro Preto e Rio Acima, munic�pios com intensas atividades miner�rias, empreendimentos de grande porte e expans�es de condom�nios, todos reconhecidamente com grande potencial de utiliza��o da �gua subterr�nea e contamina��o de mananciais superficiais. “Precisamos de chamar a aten��o, pois o n�mero crescente de empreendimentos em curso e outros programados dentro da �rea do Sinclinal de Moeda podem afetar o futuro da seguran�a h�drica da Grande BH. S�o grandes consumidores, que podem rebaixar os len��is de �gua subterr�nea, reduzindo e at� secando c�rregos que abastecem os principais tribut�rios do Rio das Velhas, no Alto Velhas. Sem falar no potencial poluidor e destrutivo”, alerta o presidente do CBH-Rio das Velhas, professor Marcus Vin�cius Polignano.
Entre os empreendimentos ativos, o CBH-Rio das Velhas demonstrou preocupa��o com a instala��o da f�brica da Coca-Cola FEMSA Brasil em Itabirito, �s margens da BR-040, em junho de 2015. “N�o temos certeza de qual � o consumo de �gua de po�os que essa grande ind�stria faz, nem sequer estudos que demonstrem quais os impactos dessa utiliza��o de recursos h�dricos subterr�neos para os aqu�feros da regi�o, consequentemente, prejudicando nascentes que abastecem a bacia do Rio das Velhas”, afirma Polignano. A ind�stria ocupa uma �rea de mais de 200 mil metros quadrados, a cinco quil�metros da nascente principal do Rio do Peixe. O manancial � formado pela conflu�ncia do Ribeir�o Congonhas dos Marinhos com o Ribeir�o Capit�o da Mata, situados entre as lagoas do Miguel�o, das Codornas e dos Ingleses.
A apenas um quil�metro da f�brica, surgiu uma invas�o no Bairro Balne�rio da �gua Limpa, entre Itabirito e Nova Lima. Essa concentra��o se iniciou em meados de 2014 e j� re�ne cerca de 3 mil pessoas. Boa parte utiliza recursos h�dricos para consumo, mas tamb�m para o despejo de res�duos. H�, tamb�m, quem consuma �gua do subsolo. A disputa pelos terrenos tramita na Justi�a.
"O n�mero crescente de empreendimentos em curso e outros programados dentro da �rea do Sinclinal de Moeda podem afetar o futuro da seguran�a h�drica da Grande BH"
Professor Marcus Vin�cius Polignano, presidente do CBH-Rio das Velhas
PROJETO PERIGOSO Mas, se essa concentra��o habitacional pode representar uma press�o a mais sobre o sistema de �guas que abastece o Rio das Velhas, a implanta��o da Centralidade Sul (C-Sul), em Nova Lima, ao longo do entroncamento das BRs 040 e 356, bem aos p�s da Serra da Moeda, ganha contornos de trag�dia para o presidente do CBH-Rio das Velhas. “A implanta��o desse empreendimento vai gerar um impacto sem precedentes na regi�o. N�o h� sequer um estudo que mostre que h� seguran�a em se implantar algo dessa magnitude sem afetar de forma grave o Rio das Velhas e a seguran�a h�drica de toda a Grande BH”, afirma Marcus Vin�cius Polignano.
O projeto da C-Sul � considerado o maior empreendimento de urbaniza��o do Brasil, prevendo tr�s centros habitacionais numa �rea de 2.015,30 hectares (do tamanho do Inhotim) e podendo chegar a concentrar 150 mil habitantes nos pr�ximos 60 anos. Enquadra-se no projeto de desenvolvimento da Grande BH, que prev� a cria��o de centralidades regionais para uma melhor distribui��o de servi�os, tr�fego e recursos.
Cada um dos tr�s centros planejados para o C-Sul, de acordo com o seu Estudo de Impacto Ambiental (EIA), ser� �rea indutora de “progresso e autossufici�ncia, interligada �s al�as vi�rias. Os centros priorizar�o maior densidade de ocupa��o e usos diversificados, com com�rcio no t�rreo”. Prev�, tamb�m, a instala��o de um sistema de transporte de maior capacidade, ainda n�o especificado, que poder� circular em vias largas, algumas com 40 metros, sendo que cada sentido de tr�fego contar� com nove metros de vias para ve�culos, 2,5 metros para bicicletas e 2,5 metros para pedestres. Nas �reas de maior adensamento, a inten��o � desenvolver declividades que propiciem a circula��o a p� ou de bicicleta.
Sinclinal de Moeda
Um sinclinal � uma estrutura geol�gica do terreno de dobra com concavidade voltada para o c�u, de acordo com defini��o de publica��es do Instituto de Geoci�ncias da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O Sinclinal de Moeda corresponde � face oeste do Quadril�tero Ferr�fero e encontra-se localizado na por��o sul da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Essa forma��o consiste em um alinhamento montanhoso que se estende por aproximadamente 50 quil�metros no sentido norte-sul, delimitado a oeste pela Serra da Moeda e a leste pela Serra das Serrinhas, que s�o as �reas de maior eleva��o e correspondem �s bordas do Sinclinal.
Essa forma��o abriga ecossistemas com importante diversidade e endemismo, destacando-se, ainda, por sua import�ncia hidrol�gica regional, uma vez que abriga reservas subterr�neas e �reas significativas para recarga de mananciais, onde est�o localizadas in�meras nascentes contribuintes do Rio das Velhas, a Leste, e do Rio Paraopeba, a Oeste, ambos afluentes do Rio S�o Francisco.
De acordo com o Atlas de �reas Priorit�rias para Conserva��o da Biodiversidade em Minas Gerais, a regi�o do Sinclinal Moeda apresenta grau extremo de import�ncia biol�gica para flora, aves e invertebrados, especialmente para r�pteis e anf�bios e alta para mam�feros.